Produtividade é uma das questões fundamentais para desenvolver o país. (FG Trade/Getty Images)
Bússola
Publicado em 6 de agosto de 2021 às 10h00.
Por Fábio Rodrigues*
Segundo pesquisa desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, entre 1981 e 2018, a renda per capita do país cresceu 0,9%, enquanto a produtividade avançou apenas 0,4%. E isso é alarmante. Isso porque, em média, a produtividade de um brasileiro vem se mantendo muito baixa há mais de 30 anos.
Se a produtividade da América Latina tivesse acompanhado o crescimento da produtividade dos Estados Unidos, desde 1960, a renda per capita hoje seria 54% maior no continente. É o que aponta um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Para se ter uma ideia, um trabalhador brasileiro leva em média uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano faz em 15 minutos e um alemão ou coreano, em 20 minutos. E isso, além de nos tornar um país com baixa competitividade quando se fala em implementação de indústria, diz respeito a nossa estagnação nas últimas décadas.
Um bom ritmo de crescimento da produtividade é um elemento-chave para que países emergentes consigam alcançar a renda dos países mais desenvolvidos. Lembrando que os ganhos operacionais em qualquer empresa impulsionam diretamente margem, rentabilidade e, por consequência, desenvolvimento econômico, ajudando a salvar empresas e empregos.
Um exemplo do que eu disse acima é que nos últimos meses o Brasil perdeu diversas indústrias como Ford e LG, por exemplo. O que temos que questionar é: por que muitas vezes a escolha na hora de fechar fábricas é no Brasil e não em outros países?
Existem diversos fatores macroeconômicos, tributários e trabalhistas nessa conta já amplamente discutidos, mas um dos fatores decisivos e ainda pouco debatido, frente aos demais, é certamente a baixa produtividade operacional brasileira e latinoamericana, se comparado a outros países, e isso acaba impactando a estrutura de custos das empresas de uma forma visceral.
Então, o que temos que nos perguntar é como as empresas podem ser mais competitivas para além dos custos, já dados, de impostos e de financiamento? E como se tornar mais eficiente em termos operacionais?
Com anos de experiência no mercado, posso afirmar que hoje existe um desequilíbrio muito forte entre máquinas e o trabalho manual. A equipe humana é altamente analógica e de difícil gestão do seu processo e qualidade, o que traz como resultado sua baixa produtividade. Neste sentido, é essencial que empresas tenham maior visibilidade dos processos e gestão das operações humanas, atingindo assim um novo nível de melhoria operacional e de produtividade da mão de obra.
Apesar do problema atual, temos a tecnologia a nosso favor que pode ajudar a mudar essa realidade. Hoje é possível mapear a jornada de uma pessoa ou equipamento móvel dentro de qualquer ambiente físico, gerando insights relevantes para melhorar as decisões de negócio das empresas em otimização dos processos, segurança e saúde dos funcionários e assim aumentar a produtividade e o valor agregado gerado por cada colaborador na empresa.
Vale lembrar que olhar para a produtividade não é benéfico apenas para as empresas. Se o Brasil elevasse a sua produtividade para níveis dos Estados Unidos, a renda per capita da população aumentaria 2,7 vezes, em termos reais, segundo o Banco Mundial. É como se um operário na fábrica recebesse, em valores reais, quase três vezes mais do que ganha hoje. Isso possibilitaria uma maior riqueza para a nação, representando a possibilidade de um grande crescimento na qualidade de vida das pessoas.
Por isso, a produtividade é uma das questões fundamentais para desenvolver o país e possibilitar um incremento no nível de renda da população, especialmente dos trabalhadores operacionais de bom desempenho, que conseguiriam melhores salários.
A hora que uma empresa conseguir fazer gestão e alocação eficiente de mão de obra ela vai chegar a um nível próximo do que ela tem com as máquinas. Isso é muito positivo, pois você não precisa demitir pessoas, você capacita e deixa elas mais eficientes, aumenta seus níveis de produção, torna seu produto mais barato e competitivo e viabiliza o crescimento da empresa. Inclusive o profissional vai se sentir muito mais produtivo e deve ser melhor remunerado, como uma consequência direta do resultado da sua produtividade, como a base da teoria econômica atesta.
*Fábio Rodrigues é CEO da RH Tech Novidá
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