Ser o líder de uma jornada empresarial requer olhar para a autoconsciência (AzmanL/Getty Images)
Isabela Rovaroto
Publicado em 12 de novembro de 2020 às 10h43.
Última atualização em 12 de novembro de 2020 às 11h42.
A jornada nunca é sobre o CEO, mas sempre começa por ele. Durante o caminho, o CEO é quem motiva, direciona, corrige a rota, bota ritmo e muda quando necessário. Esse líder mantém o time alinhado e em sintonia. Ele anda na frente de todos, às vezes, atrás e, de vez em quando, ao lado.
Ao dar uma boa olhada no espelho, logo ao acordar, o CEO pode refletir, avaliar e se comprometer com a melhoria contínua, sempre se perguntando “o que posso fazer – e ser – para mudar o mundo como desejo”.
Ser o líder de uma jornada empresarial requer olhar para a autoconsciência. Vale até repetir: não se trata do CEO mas começa com ele. Quem ele é enquanto pessoa e suas atitudes vão refletir modelos sobre o time.
O CEO deve entender que liderar uma equipe significa começar liderando a si próprio. Ele deve mensurar continuamente, sem exaltar demais suas fortalezes e nem subestimar suas fraquezas. Até porque autoconsciência e honestidade andam de mãos dadas. O time poderá alertar sobre as armadilhas, enquanto o CEO melhora a si próprio e, consequentemente, a companhia.
Uma boa tática é quando o CEO reúne a sua alta liderança e se coloca como o interlocutor para as questões mais sensíveis e os feedbacks mais duros. Um exercício cujo objetivo real é a demonstração de vulnerabilidade do CEO. Algo que une o time de forma inigualável.
O CEO quando demonstra vulnerabilidade e disposição a se olhar no espelho de forma transparente está preparado para liderar as novas companhias do futuro. As atitudes e ações do CEO cascateiam para toda a companhia, criando companheirismo. E a consistência é fundamental.
Um presente muito criativo, provocativo e eficiente para a alta liderança é um espelho pequeno de mesa. Ativa a capacidade dos executivos para aceitar feedbacks de uma forma mais humana.
O CEO sabe muito bem que as pessoas vão pressioná-lo muito e que vai faltar aquela liberdade quando não estava na cadeira. Até porque o CEO é a cara da companhia e os colaboradores vão passar a adivinhar o humor dele como verdadeiros videntes.
O que mais venho observando nessa jornada de mais de 15 anos ao lado de muitos dos CEOs mais emblemáticos do mercado brasileiro é uma característica em comum: a solidão.
O CEO precisa eleger um confidente que o ajude e o aconselhe. Geralmente, alguém que tenha trilhado caminhos semelhantes, que tenha passado por experiências parecidas, na alegria e na tristeza. Um conselheiro 24/7 que saiba o significado e o peso da cadeira que ele tem.
O maior desafio de todos é que o CEO deve assumir e incorporar a função de embaixador da companhia, defender o propósito e liderar o time. E mesmo com toda a abrangência e entrega dessa posição, o lugar não pertence a ele.
Nesse mundo digital, veloz e exponencial, os ciclos têm sido mais curtos. E enxergar o momento de encerrar o ciclo não significa o fim da companhia. A função requer ser a fonte da energia e da mudança para o crescimento dos números.
E para justificar o conceito de “estar CEO e não ser CEO”, a liderança é muito mais ligada a quem você é do que você faz.
* Ricardo Natale é fundador e CEO do Experience Club, plataforma de conhecimento e networking corporativo
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