(andresr/Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 3 de janeiro de 2025 às 10h00.
Por Marina Fraga, CEO da Oinc Filmes
No cenário digital atual, as crianças estão expostas a uma infinidade de opções, acessíveis em diversos dispositivos e plataformas. Seja por meio de vídeos, aplicativos ou serviços de streaming, as telas fazem parte do cotidiano infantil, o que traz um desafio diário para professores e responsáveis: a escolha de materiais que sejam educativos e ao mesmo tempo agreguem valor ao desenvolvimento dos pequenos.
Segundo pesquisa realizada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o cenário piorou drasticamente com a pandemia, potencializando um cenário que já vinha sendo bastante criticado. Após 2021, houve um aumento no uso de telas por crianças e adolescentes, ao ponto que, dos 6 mil pais entrevistados, 51% declararam que o tempo diário dos filhos passou de 4 horas, enquanto 24% ficam entre duas e três horas na tela. Para a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), crianças menores de 2 anos não devem ter nenhum com telas; dos 2 aos 5 apenas uma hora por dia; e dos 6 aos 10, no máximo, duas horas de tela diariamente.
Diante dessa realidade, surge uma importante reflexão: como garantir que esses conteúdos sejam uma ferramenta de aprendizado e não um risco?
Produzir materiais infantis na era digital exige mais do que boas ideias e conhecimento técnico. Requer sensibilidade para entender as necessidades das crianças e suas famílias, além de um compromisso ético para oferecer conteúdos seguros e enriquecedores. E aqui, segurança não se refere apenas ao controle de acesso, mas ao impacto positivo das mensagens transmitidas.
Muitas vezes, associamos conteúdos infantis apenas ao entretenimento. No entanto, as telas podem e devem ser usadas como instrumentos de aprendizado e de transmissão de valores. Criar materiais que despertem curiosidade, empatia, cooperação e respeito é fundamental para formar cidadãos mais conscientes e preparados para lidar com as diferenças.
Em cada projeto, é essencial que cada mensagem seja planejada para gerar um impacto positivo. Incluir temas como diversidade e respeito pode ser uma poderosa ferramenta de formação, especialmente quando apresentados de forma lúdica e adaptada ao universo infantil.
O papel dos criadores de conteúdo vai além da produção de vídeos ou materiais educativos. Envolve um ambiente de confiança entre o público e o conteúdo oferecido. Para as famílias, saber que podem contar com materiais que incentivam boas práticas é um fator crucial na escolha do que as crianças consomem. Em um mercado saturado, a confiança se torna um diferencial valioso.
Isso requer também um esforço de adaptação para atender diferentes realidades e culturas, levando valores fundamentais a famílias de contextos distintos, sem impor barreiras ou limitações.
Outra questão relevante é a inovação. O entretenimento infantil está em constante transformação e acompanhar novas tecnologias e tendências é indispensável. Com o avanço das plataformas digitais e o aumento do consumo em dispositivos móveis, a criação de novas formas de engajamento se torna uma necessidade para manter a relevância.
Adaptar materiais para múltiplas plataformas, personalizar experiências e desenvolver novas formas de interação são apenas algumas das estratégias que precisam estar no radar de quem cria para esse público.
Na prática, oferecer conteúdo seguro e educativo é contribuir para a formação de uma sociedade mais empática. As mensagens transmitidas na infância desempenham um papel fundamental na formação do caráter das crianças, moldando suas visões de mundo e suas relações sociais.
Ao desenvolver materiais que incentivem o respeito e o senso de coletividade, contribuímos para um ambiente social mais saudável. Em tempos de alta exposição a telas, essa responsabilidade é compartilhada por pais, educadores e, sobretudo, por quem cria para esse público.
O desafio é grande, mas os resultados são compensadores. Oferecer conteúdo seguro é, acima de tudo, um ato de cuidado com as futuras gerações. Aos responsáveis, o convite é claro: escolher materiais que priorizem a qualidade, os valores e a segurança das crianças. E aos profissionais de conteúdo, fica o compromisso de produzir com sensibilidade, ética e responsabilidade.
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