Será que a IA pode substituir a mão de obra das pequenas empresas? (Getty Images/Getty Images)
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Publicado em 4 de março de 2025 às 13h00.
Por André Macedo*
A inovação tecnológica sempre foi um privilégio das grandes companhias, que possuem recursos para investir nas inovações mais promissoras. Já as micro e pequenas empresas costumam embarcar nesse movimento anos depois, quando a tecnologia já não é novidade. Com a inteligência artificial, essa lógica pode – e precisa – ser diferente. A IA tem o potencial de impulsionar a gestão, as vendas e a competitividade de negócios de todos os tamanhos, mas essa promessa só se concretizará se os microempreendedores tiverem acesso real e efetivo a essas ferramentas.
Embora 74% das MPEs brasileiras já utilizem IA, muitas ainda enfrentam barreiras operacionais para uma adoção plena, de acordo com um levantamento realizado em 2024 pela Microsoft e Edelman. Falta tempo e conhecimento técnico para digitalizar os negócios, há pouca previsibilidade de vendas e dificuldades na gestão financeira. Mas essas não são barreiras intransponíveis.
A inteligência artificial pode ser um verdadeiro "copiloto" para o pequeno empreendedor, pegando-o pela mão em cada etapa do processo de vendas e treinando-o de forma prática, com pequenas ações diárias – uma "formação contínua", aplicada no dia a dia. Em testes na RediRedi, observamos que pequenas tarefas orientadas pela IA podem aumentar em 20% o número de pedidos recebidos pelos negócios. Isso porque, em vez de apenas oferecer tecnologia, a IA atua como um parceiro ativo, garantindo que o usuário saiba o que precisa ser feito para vender mais.
Na América Latina, a democratização da IA ganha "cores regionais". Diferente de mercados como os EUA — onde marketplaces dominam o e-commerce — por aqui as vendas ocorrem, na sua maioria, por canais como WhatsApp e Instagram. Segundo relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Chile, Brasil e Uruguai lideram o uso da inteligência artificial na região, embora ainda distantes do desenvolvimento observado nos Estados Unidos e Europa.
“Nós, latinos, vendemos pelo relacionamento, proximidade e identificação, muitas vezes em tempo real, no ritmo acelerado das redes sociais.” Isso significa que um software de e-commerce tradicional, burocrático e dolarizado, não resolve o problema do microempreendedor. Ele precisa de uma solução que entenda seu dia a dia, sugira ações concretas e o ajude a vender melhor onde ele já vende – e não obrigá-lo a migrar para um canal diferente.
Mas será que a IA pode substituir a mão de obra das pequenas empresas? Definitivamente não. O que ela faz é potencializar a operação, deixando o empreendedor livre para focar no que realmente importa: seus clientes. "Quem não quer mais tempo para estreitar o relacionamento com fornecedores ou pensar em novos produtos?"
A automação de tarefas já permite que microempreendedores criem descrições de produtos, encontrem imagens, definam preços competitivos e gerenciem promoções sem precisar de suporte externo. Mas a IA vai além: "ela se torna um copiloto, um parceiro que não apenas responde perguntas, mas orienta, educa e sugere ações estratégicas diariamente."
Esse é um mercado em ebulição, mas que só funciona se a experiência for 360°. A IA boa de verdade não é só um robô que responde dúvidas, mas um consultor ativo, que gera insights reais sobre tendências de consumo, estratégias de precificação, marketing digital e recomendações personalizadas para clientes.
O futuro será mais inteligente, automatizado e acessível – e com microempreendedores competindo de igual para igual com as grandes empresas no ambiente digital. O papel da IA não é substituir ninguém, mas garantir que ninguém fique para trás.
*André Macedo é CEO da RediRedi, startup que atua como copiloto de vendas para microempresas.
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