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Opinião: esfera privada pode ensinar muito à esfera pública, que precisa de liderança inovadora

A administração pública precisa superar a ineficiência e adotar soluções inovadoras para transformar a realidade e atender às reais necessidades da sociedade

É fundamental que gestores e servidores públicos reconheçam que a sociedade espera deles ações concretas para enfrentar os problemas, (Nitat Termmee/Getty Images)

É fundamental que gestores e servidores públicos reconheçam que a sociedade espera deles ações concretas para enfrentar os problemas, (Nitat Termmee/Getty Images)

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Publicado em 1 de maio de 2025 às 10h00.

Por George Santoro*

Nos dias de hoje, gestores públicos enfrentam um grande desafio: romper com as amarras do medo e da mesmice. A administração pública, muitas vezes, se perde em paradigmas como "nunca foi feito assim", "não há norma específica" ou "é preciso mais tempo para analisar". Essas justificativas se tornam barreiras que inibem a inovação e a agilidade necessárias para o avanço do país.

Em um cenário onde a eficiência é crucial, é imprescindível que os gestores adotem uma postura disruptiva, usando soluções inovadoras, inclusive para o gerenciamento de organizações. Focar em resultados, pautados por princípios éticos e de moralidade, deve ser o objetivo central. A ineficiência e os serviços deteriorados são frutos da falta de disposição para enfrentar o status quo e o medo que imobiliza.

A verdadeira liderança, especialmente em tempos desafiadores, exige ação e determinação para transformar a realidade. Não deve ser aceitável que o simples fato de passar em um concurso público ou ser eleito, se traduza em um ponto de chegada. Ao contrário, deve ser o ponto de partida para uma jornada de compromisso com a melhoria contínua e a busca por soluções inovadoras.

Ao contrário do que se consagrou no Brasil na expressão "apagão das canetas", Michael Porter, nos lembra que "a essência da estratégia é escolher o que não fazer". Isso implica na necessidade de se priorizar iniciativas que tragam valor real à sociedade, em vez de se encalhar em práticas tradicionais que não geram resultados efetivos.

As pessoas consomem e valorizam o porquê você está fazendo e não o simples fazer, querem conhecer a história, a motivação. Esta visão é especialmente relevante para a gestão pública, pois uma liderança inspiradora pode mobilizar esforços em direção a um bem comum.

A responsabilidade dos gestores públicos

É fundamental que gestores e servidores públicos reconheçam que a sociedade espera deles ações concretas para enfrentar os problemas, desenvolvendo projetos que realmente impactem a vida das pessoas. Henry Mintzberg, em suas discussões sobre padrões de gestão, ressalta que, sem uma abordagem estratégica que rompa com práticas desgastadas, os serviços públicos tendem a se deteriorar ainda mais.

As empresas para se manterem competitivas em um mercado cada vez mais disruptivo devem desenvolver competências em suas equipes que atendam às necessidades das pessoas. Isso é especialmente pertinente na gestão pública, onde o foco deve estar na identificação e resolução de lacunas que afetam a população. Os gestores têm a responsabilidade de criar valor público, inovando em serviços que melhorem a vida das pessoas e, assim, alcançar um diferencial competitivo verdadeiro.

O momento de mudança é agora

A hora é de agir. O cenário externo e a trajetória fiscal nos apresentam riscos e oportunidades. Entretanto, é preciso que os líderes governamentais se unam em prol de um novo modelo de gestão, onde a coragem de desafiar a tradicionalidade seja o motor para se ter políticas públicas mais eficientes e equitativas. Não é inovar pelo modismo, mas para buscar resultados evidentes. O país não pode esperar: a transformação deve ser feita logo, buscando sempre o bem-estar do cidadão.

A mudança não é apenas uma necessidade, mas uma responsabilidade. A disrupção na gestão pública é o caminho para um estado que atenda as reais necessidades dos que mais precisam, onde a ética e a eficiência caminham lado a lado. A sociedade clama por gestores que não apenas se importem com sua imagem e a burocracia, mas que tenham a coragem de implementar as mudanças necessárias, mesmo as mais difíceis para o avanço coletivo.

*George Santoro é advogado e contador. É secretário-executivo do Ministério dos Transportes. Foi secretário de Fazenda de Alagoas e presidente do Comsefaz (Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal).

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