Programa do governo federal obriga instalação de pontos de coleta em farmácias (SB/Getty Images)
Bússola
Publicado em 7 de junho de 2022 às 10h05.
O tratamento acabou, não deu certo, o paciente desistiu ou o remédio venceu. Seja qual for o motivo, boa parte daquela "farmacinha" caseira que muitos brasileiros continuam mantendo como hábito acaba tendo que ir para o lixo. E os números, somados, assustam. Anualmente, mais de 28 mil toneladas de medicamentos são literalmente jogados fora, segundo dados da Anvisa.
Em um país onde cada habitante produz cerca de 1 kg de rejeitos por dia, essa é apenas a primeira das questões (e vamos voltar a ela), se considerarmos o impacto que o depósito dessas medicações em local inapropriado pode causar ao meio ambiente. Não é incomum que xaropes sejam despejados na pia e comprimidos, na lata do lixo.
E qual é o risco disso? São muitos.
Mesmo aquele inocente comprimido para dor de cabeça – vendido sem receita médica – é composto por substâncias químicas que, individualmente ou combinadas, têm efeitos curativos, paliativos ou de diagnóstico. Fruto de muita pesquisa, ensaios clínicos e exaustivos testes em laboratórios, são seguros e indispensáveis para curar, tratar e prevenir doenças.
Se descartados na natureza, vão contaminar o solo e os lençóis freáticos, e afetar os peixes e outros organismos vivos. Em cadeia, colocam em risco também pessoas que consomem a água ou se alimentam dos animais contaminados. E, claro, podem prejudicar diretamente aqueles que lidam diretamente com os dejetos, como catadores e garis.
Em 2020, o governo federal criou um programa de logística reversa que obriga a instalação de pontos de coleta em farmácias para destinação correta de medicamentos.
Certamente um avanço, mas com pouco impacto sobre o volume de lixo medicamentoso, para voltarmos à primeira das questões que tratamos neste texto. O problema do descarte passa, sim, pelo desencontro entre a quantidade de medicamento prescrito para o tratamento e a quantidade que vai ser comprada, por força da oferta. Vamos dar um exemplo: se você precisa tomar oito comprimidos, mas só encontra uma caixa com dez, terá dois candidatos a descarte inadequado.
Se formos listar quatro boas práticas para o descarte correto de medicamentos, a primeira da lista seria:
1.Opte por medicamentos manipulados. A manipulação contribui para evitar o desperdício, ao produzir exatamente a quantidade de remédios suficiente para o tratamento. Nem mais, nem menos.
É claro que as mudanças não ocorrem do dia para a noite. Nós do Grupo Artesanal, há 40 anos, nos preocupamos com esse tema, pensando não só como negócio, mas na qualidade de vida de nossos clientes e no avanço das questões ambientais na sociedade como um todo.
Muito antes de ESG se tornar uma sigla tão conhecida e de haver uma legislação regulamentando o tema, já tínhamos em nossa rede pontos de coleta para descarte de medicamentos, instalados em mais de 70 unidades. Para quem ainda não está familiarizado, a sigla ESG vem do inglês: Environmental (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança) e se refere a um conjunto de práticas adotadas pelas empresas para se serem socialmente responsáveis, ambientalmente sustentáveis e administradas de forma correta.
Em 2021, mais de 40 toneladas de medicamentos foram encaminhadas pela Farmácia Artesanal para incineração. Em 2022, já estamos com quase 16 toneladas. Completando a lista iniciada acima, orientamos os nossos clientes sobre o descarte correto.
2.Não jogue os remédios vencidos no lixo comum. Separe uma sacola de descarte só para eles.
3.Leve os medicamentos vencidos até o ponto de descarte mais próximo.
4.Use remédios de forma racional, sem exageros, sem automedicação e não interrompa o tratamento por conta própria. Exija de seu médico uma prescrição completa e coerente, sem desperdícios.
Nesta Semana Mundial do Meio Ambiente, dois anos após uma das maiores crises sanitárias já enfrentadas pela humanidade, temos que reafirmar nosso compromisso e nosso propósito com todas essas questões. E apoiar nossos clientes em todos os momentos do tratamento, para que seu plano terapêutico seja seguido à risca e sem abandono. Uma garantia certeira de redução na quantidade de resíduos.
*Walkiria Tokarski Vêncio é diretora de Compliance e Diretora Técnica da Farmácia Artesanal
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