Bússola

Um conteúdo Bússola

O que são startups verdes e como elas estão encontrando soluções para a crise climática

O Brasil tem potencial para liderar a economia verde, mas falta investimento e incentivos estruturados para as startups que buscam transformar a crise climática em oportunidades

O momento é agora. E o Brasil tem tudo para ser protagonista nesse novo ciclo de desenvolvimento regenerativo (Dilok Klaisataporn/Getty Images)

O momento é agora. E o Brasil tem tudo para ser protagonista nesse novo ciclo de desenvolvimento regenerativo (Dilok Klaisataporn/Getty Images)

Bússola
Bússola

Plataforma de conteúdo

Publicado em 29 de abril de 2025 às 15h00.

Por Marcello Guimarães*

A emergência climática já não é mais um alerta distante — ela faz parte do nosso presente e influencia desde políticas públicas até decisões empresariais. Nesse contexto, as startups verdes ganham protagonismo ao combinar inovação, impacto ambiental positivo e visão estratégica. Enxergam a crise climática não apenas como um desafio, mas como o centro de sua atuação. Suas soluções são diversas: vão do reflorestamento à eficiência hídrica, da descarbonização à transição energética. Mais do que responder a uma urgência, essas startups são sementes de transformação e vetores de um crescimento econômico verdadeiramente sustentável.

O Brasil reúne condições únicas para se tornar protagonista na economia verde. Com sua diversidade de biomas, abundância hídrica e matriz energética relativamente limpa, o país pode — e deve — aproveitar esse capital natural para alavancar soluções tecnológicas sustentáveis. Segundo a plataforma Climate Ventures, há mais de 900 greentechs em operação no país, com foco em áreas como gestão de resíduos, agropecuária sustentável, energia renovável e florestas. No entanto, apenas cerca de 10% dessas iniciativas têm recebido investimentos em projetos de reflorestamento e restauração.

Água, carbono e inovação

O ciclo hídrico também vem sendo redesenhado pelas startups. As chamadas watertechs desenvolvem soluções que vão da irrigação de precisão à reutilização de água em escala urbana e agrícola. Na outra ponta, estão as empresas que atacam diretamente o coração das mudanças climáticas: as emissões de carbono.

Embora o ecossistema de startups verdes esteja florescendo, o volume de financiamento ainda está aquém do necessário. De acordo com estimativas internacionais, publicadas pelo estudo Global Landscape of Climate Finance: A Decade of Data (2011–2020), as necessidades globais de financiamento climático são de US$ 4,35 trilhões por ano, até 2030, valor seis vezes mais alto do que o patamar atual.

Desafios que ainda pedem ação

O montante reforça a necessidade de investidores públicos e privados reconhecerem que cada real alocado em uma greentech é um passo a mais na direção de uma economia regenerativa — aquela que reduz impactos e ainda restaura, compensa e valoriza os serviços ecossistêmicos. Apesar do avanço legislativo em projetos como o PLP 117/2024, que busca incluir startups verdes no escopo do Marco Legal das Startups, ampliando acesso a licitações e benefícios fiscais, o Brasil carece de incentivos estruturados.

A insegurança regulatória, a dificuldade de acesso a crédito e a baixa cultura de consumo sustentável desafiam o desenvolvimento dessas soluções no país. O custo ainda é um impeditivo para que o consumidor médio adote tecnologias sustentáveis em larga escala, o que reforça a importância de políticas públicas integradas e educação ambiental contínua.

Outro desafio importante está na própria cadeia produtiva

Integrar inovações verdes às práticas da agroindústria tradicional, por exemplo, exige tempo, recursos e, sobretudo, mudança de mentalidade. A disrupção promovida por startups verdes só encontrará solo fértil se houver um esforço coletivo entre governos, empresas e consumidores.

As startups verdes não são apenas um nicho de inovação: são uma resposta concreta e escalável à crise climática. Em vez de antagonizar crescimento econômico e preservação ambiental, elas mostram que é possível conciliar ambos, investir em soluções que aumentam a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir o desperdício e o impacto ambiental.

O momento é agora. E o Brasil tem tudo para ser protagonista nesse novo ciclo de desenvolvimento regenerativo.

*Marcello Guimarães é CEO e cofundador da AutoAgroMachines, startup 100% brasileira que desenvolve máquinas autônomas e inteligentes para o agronegócio, trazendo ao mercado tecnologia inovadora para resolver os problemas de reflorestamento e silvicultura. 

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube 

Acompanhe tudo sobre:StartupsMudanças climáticas

Mais de Bússola

Opinião: comunicação corporativa é essencial para o mercado financeiro e de capitais

7 destaques do Agrishow 2025

Os planos da ‘adtech’ que já tem 80% dos clientes na América Latina e quer crescer ainda mais

Opinião: como transformaram a novela Vale Tudo em um fenômeno transmídia