Apoio popular (ou a falta dele) foi crucial para que líderes decidissem pelo uso da força militar em graves crises internacionais; como será dessa vez? (bloomberg/Bloomberg)
Bússola
Publicado em 4 de fevereiro de 2022 às 15h20.
Última atualização em 4 de fevereiro de 2022 às 16h31.
Por André Jácomo*
A eventual disputa entre Rússia e Ucrânia é o principal fato da agenda internacional neste começo de 2022. Nesse momento, a Ucrânia enfrenta uma grande ameaça em suas fronteiras e outra invasão Russa em seu território parece bem possível. No momento, estima-se que mais de 100 mil militares russos estão localizados na fronteira com a Ucrânia, com capacidade para uma invasão rápida e imediata no território.
Enquanto isso, líderes de outros países ocidentais, como Estados Unidos, Alemanha, França, e Reino Unido tentam equilibrar firmeza com esforços para evitar a escalada militar russa. A decisão parece envolver um equilíbrio entre apoio diplomático, mas também com apoio militar, no pior cenário possível.
Nos últimos 20 anos, pesquisas de opinião pública conduzidas em diferentes países ocidentais mostraram um declínio do apoio popular ao aumento de gastos militares e o uso de equipamentos de guerra como instrumento de diplomacia. Claro, há exceções, mas essa é uma tendência diferente daquela apontada pelas pesquisas internacionais nas últimas décadas do século 20.
Agora, um estudo divulgado semana passada pela Schoen Cooperman Research (um importante instituto de pesquisas global) com amostras representativas da população de seis países ocidentais (Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha e Polônia) mostrou que a população desses países não apenas endossa fortes medidas diplomáticas e econômicas, mas também apoiam o engajamento militar para impedir a agressão russa e proteger as fronteiras da Ucrânia.
Em termos gerais, a pesquisa realizada mostrou que a maioria da opinião pública desses países é favorável ao compromisso da Otan em defender a Ucrânia da eventual invasão russa, precisamente 66% na Polônia, 61% nos Estados Unidos, 61% no Canadá e 57% na França. A opinião pública do Reino Unido e da Alemanha é a única que não apoia majoritariamente algum tipo de intervenção militar ocidental, com 47% e 49%, respectivamente.
Olhando para a história, em muitos momentos o apoio popular (ou a falta dele) foi crucial para que líderes decidam pelo uso da força militar em graves crises internacionais. Como será dessa vez?
*André Jácomo é diretor do Instituto FSB Pesquisa
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.
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