Yubo conecta jovens de uma forma autêntica e fornece uma comunidade positiva e acolhedora (//Getty Images)
Bússola
Publicado em 19 de dezembro de 2021 às 11h00.
Por Sacha Lazimi*
Sete anos atrás, minha empresa Yubo não existia. Era apenas uma ideia na cabeça de três alunos em Paris: eu, Jérémie Aouate e Arthur Patora. Agora, nosso aplicativo de vídeo social tem mais de 50 milhões de usuários em todo o mundo, incluindo 2,2 milhões no Brasil. Sessenta e sete colaboradores trabalham em nossos escritórios na França, no Reino Unido e nos Estados Unidos e, em 2020, concluímos uma rodada de financiamento da Série C de 270 milhões de reais.
Nunca planejei ser empresário (estudei matemática na universidade). Eu simplesmente queria melhorar a maneira como as pessoas socializavam online. Tínhamos a visão de uma plataforma de mídia social que capacitaria os jovens a descobrir e criar amizades no mundo digital da mesma forma que fariam na vida real. O que começou como um aplicativo simples para fazer amigos no Snapchat tornou-se o Yubo de hoje.
Estou extremamente orgulhoso de que nossa visão agora é uma realidade para milhões de jovens em todo o mundo. O Yubo os conecta de uma forma autêntica — sem a pressão de seguidores e gostos — e fornece uma comunidade positiva e acolhedora. Durante a pandemia do novo coronavírus, nosso aplicativo foi uma corda de salvação para muitos jovens que estavam presos em casa devido à quarentena. Houve um aumento de 550% no tempo gasto em transmissões ao vivo no Yubo em 2020, pois nossos usuários buscaram conexão com outras pessoas em tempos incertos.
Sonhos de quarentena
Embora o período da pandemia tenha sido difícil para todos, deu às pessoas tempo para olhar para suas vidas e refletir sobre o que é importante. Para muitos jovens que tiveram seus estudos interrompidos e que enfrentam um mercado de trabalho desafiador, o futuro parece muito diferente. No Brasil, o impacto econômico da pandemia foi devastador, com muitas pessoas perdendo seus empregos ou tendo suas horas de trabalho e salários reduzidos.
Mas o estresse dos últimos 18 meses parece ter dado aos jovens uma fome de sucesso e, para muitos, isso significa abandonar o horário de oito às cinco e abrir seu próprio negócio. Recentemente, perguntamos aos membros da comunidade Yubo no Brasil sobre suas opiniões sobre empreendedorismo — 1.500 usuários com idades entre 13 e 25 anos participaram da enquete.
Metade dos entrevistados em nossa pesquisa disseram que planejam abrir seu próprio negócio em um futuro próximo e 60% deles disseram que foi a pandemia que os motivou a fazer isso. Isso se encaixa com relatos da mídia de que a covid-19 desencadeou um aumento no início de negócios nas principais economias e que a “Geração Labuta” foi criativa durante a pandemia.
De acordo com a nossa pesquisa, os motivos mais populares para abrir um negócio foram: 1) ganhar mais dinheiro; 2) ter independência financeira (68%); 3) mudar de vida (38%); 4) ter um melhor equilíbrio no trabalho; 5) vida pessoal (32%); e 6) ter mais autonomia para tomar decisões (25%).
Os setores mais atraentes para jovens empreendedores no Brasil são: 1) marketing e comunicação (21%); 2) roupas e artesanatos (20%); e 3) tecnologia (16%). Em relação às referências profissionais, os entrevistados mencionaram Anitta (21%), Silvio Santos do SBT (13 %) e Cristina Junqueira, cofundadora da Nubank (8%).
Claro, alguns dos jovens com quem falamos não estavam interessados em abrir o seu próprio negócio porque não sabem por onde começar (55%), não têm uma ideia inovadora (34%) ou sentem que é muito complicado (24%).
Embora mais de 60% dos entrevistados não pensem que a economia brasileira seja favorável ao empreendedorismo, muitos brasileiros já trabalham por conta própria. Segundo Luisa Bonin, cofundadora da empresa social Tamo Junto, existem mais de 50 milhões de empreendedores no Brasil, muitos deles microempreendedores (por exemplo, donos de salões e vendedores ambulantes). Enquanto nos recuperamos da pandemia, startups de todos os tamanhos desempenham um papel vital no incentivo à economia nacional e global.
Empreendedores empáticos
Tendo criado e crescido uma empresa do zero, posso entender por que parece assustador para os jovens. Meu conselho para potenciais empreendedores?
Identifique um problema do mundo real (de preferência, algo que seja importante para você pessoalmente) e encontre uma maneira de resolvê-lo. Foi assim que surgiu o Yubo.
Conheça o seu público (suas necessidades, desejos, esperanças e medos) e consulte-o regularmente. Seu feedback é vital.
Não perca de vista seus próprios valores. Investimos muito para tornar o aplicativo Yubo o mais seguro possível para nossos usuários, por exemplo.
Todos os dias, vejo jovens da comunidade Yubo compartilhando suas habilidades artísticas, discutindo as mudanças climáticas e outras questões globais e construindo conexões autênticas. Não tenho dúvidas de que a próxima geração de empreendedores será apaixonada, empática e dedicada aos seus negócios. Graças à internet e às redes sociais, eles têm potencial para atingir milhões de pessoas em todo o mundo com apenas uma ideia.
Como alunos, Jérémie, Arthur e eu tivemos a sorte de receber o apoio de que precisávamos para seguir nossa visão para Yubo. Apenas alguns anos depois, nossas receitas anuais atingiram 96 milhões de reais e pretendemos aumentar nosso faturamento de 2021 em quase 50% em comparação com 2020. Somos a prova viva de que se você tem uma ideia forte e está empenhado em fazer acontecer, você pode ter sucesso. Depois de 18 meses difíceis para os jovens no Brasil, espero que você se junte a mim para incentivá-los a seguir seus sonhos e criar a próxima grande startup.
*Sacha Lazimi é cofundador e CEO da Yubo
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