(JLco - Julia Amaral/Getty Images)
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Publicado em 31 de outubro de 2024 às 13h00.
Por Vanda Lohn*
Em um mundo marcado por mudanças constantes, a felicidade no ambiente de trabalho deixou de ser um ideal distante para se tornar um fator estratégico nos resultados dos negócios.
Neste contexto, o conceito de FIB - Felicidade Interna Bruta - começa a ganhar espaço em discussões, especialmente para empresas que têm sua atenção voltada às questões de ESG (Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança, na tradução).
A saúde emocional dos líderes e suas equipes não se restringe a uma questão de bem-estar pessoal, mas um pilar para o sucesso organizacional, fazendo parte do DNA da empresa.
No contexto atual, onde o burnout e o esgotamento profissional se tornaram epidemias globais, a liderança deve adotar um novo paradigma, voltado para o desenvolvimento integral do ser humano e para a criação de ambientes que promovam felicidade e realização do propósito do colaborador e dos próprios gestores da empresa.
Um estudo realizado pela Saïd Business School, em parceria com o BT Group, aponta que funcionários felizes são 12% mais produtivos. Essa estatística revela apenas a ponta de um iceberg: a felicidade está intrinsecamente ligada à motivação, ao engajamento e à criatividade, qualidades indispensáveis em um mercado competitivo.
Empresas que negligenciam essa realidade correm o risco de enfrentar altos índices de turnover, perda de talentos e queda de desempenho, fatores que afetam o posicionamento de mercado e resultados. Desta forma, conseguimos compreender de forma mais clara os impactos do FIB - Felicidade Interna Bruta nas corporações.
O conceito de Felicidade Interna Bruta (FIB) surgiu em 1972, criado pelo rei butanês Jigme Singya Wangchuck.
No Butão, país conhecido por valorizar o bem-estar de sua população, o FIB é definido com base em 72 indicadores, divididos em nove dimensões: padrão de vida, educação, saúde, diversidade cultural, vitalidade comunitária, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, bem-estar emocional, diversidade ecológica e boa governança.
Esta visão prioriza o desenvolvimento humano em múltiplas esferas, desde o emocional e social até o cultural e ambiental, refletindo uma abordagem de longo prazo para o desenvolvimento sustentável.
Países como Dinamarca e Finlândia, classificados entre os mais felizes do mundo, demonstram como sociedades que valorizam o bem-estar são mais colaborativas e inovadoras. No corporativo, esses valores se traduzem em maior satisfação e retenção de funcionários, ou seja, um futuro sustentável.
Vale dizer que a felicidade pode ser cultivada no trabalho com práticas simples e consistentes. Executivos que desejam inovar e transformar seu estilo de liderança podem adotar as seguintes estratégias:
Liderar com felicidade exige autorresponsabilidade pelo crescimento pessoal. Líderes que se conhecem melhor são mais eficazes e conseguem inspirar suas equipes. Isso implica compromisso contínuo com o aprendizado e autodesenvolvimento.
Não delegue a responsabilidade de seu sucesso a fatores externos. A felicidade nasce de escolhas pessoais e assumir a autorresponsabilidade promove um ambiente de confiança e transparência, onde os colaboradores se sentem valorizados.
A psicologia positiva oferece uma abordagem poderosa, baseada na identificação de forças de caráter. Ao reconhecer e valorizar suas virtudes, como resiliência, empatia, perdão ou amor, os executivos podem alinhar suas ações com essas forças, o que gera maior satisfação e sentido no trabalho. Além disso, esse autoconhecimento facilita o desenvolvimento de relações interpessoais mais saudáveis e produtivas.
Todos têm padrões mentais que afetam seu desempenho, como o perfeccionismo ou medo do fracasso. Identificar e neutralizar esses sabotadores permite que os líderes ajam com autenticidade, criando um ambiente de trabalho mais empático.
O “Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto” da Universidade de Harvard, um dos mais longos da história (começou em 1938 e ainda está em andamento, totalizando mais de 85 anos de duração), revelou que a qualidade dos relacionamentos é o maior preditor de felicidade e longevidade.
No corporativo, isso se traduz em relações de confiança e comunicação aberta.
Um propósito maior inspira a equipe e traz sentido ao trabalho. Empresas com um forte propósito social ou ético mantêm os colaboradores mais engajados e satisfeitos, pois encontram valor além das metas financeiras.
Iniciativas, como horários flexíveis, mindfulness e incentivo à atividade física, reduzem o estresse e aumentam o bem-estar. São práticas eficazes para criar um ambiente saudável e sustentável.
Para o futuro da liderança, felicidade e propósito devem caminhar juntos, transformando as empresas em espaços de realização pessoal e profissional. Essa abordagem reflete o que os executivos precisam entender: a felicidade é um recurso estratégico, capaz de criar organizações ágeis e inovadoras, onde o bem-estar e o sucesso são prioridades indissociáveis.
*Vanda Lohn é mentora e consultora de Negócios e Posicionamento de Liderança e Carreira, com especialização em Inteligência Sistêmica e cofundadora do Instituto Vanda Lohn.
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