O advogado Rafael Albuquerque (MAP Family Office/Divulgação)
Repórter Bússola
Publicado em 26 de junho de 2024 às 13h00.
O ator Noah Schnapp estrelou na série "Stranger Things" quando tinha apenas 12 anos. Quatro temporadas depois, o jovem famoso por interpretar Will Byers já acumula um patrimônio estimado em US$ 3 milhões e tem certeza do que quer fazer com sua fortuna. Mas tem um problema: ele ainda é menor de idade.
Nos Estados Unidos, a maioridade chega só aos 21 anos, e Noah, que tem 19, precisa estar acompanhado dos pais para fazer transações, investimentos e qualquer outra movimentação em seu patrimônio.
Parece uma situação delicada para o ator, mas ele encontrou a solução ideal na parceria com um family office, um tipo de escritório de advocacia especializado em negócios familiares.
“O que a gente fez com ele foi a criação de uma marca de pasta de avelã, como a Nutella, só que vegana. A marca, TBH, era um legado que ele queria deixar e fizemos de acordo com tudo que ele acredita”, Rafael Albuquerque conta sobre o caso.
O advogado brasileiro é especialista em governança corporativa e planejamento patrimonial internacional. Na sua atuação dentro do family office Umana House of Funds, ele foi chave no planejamento que deu a Noah a liberdade e a segurança que precisava na administração do seu patrimônio.
O family office é um tipo de escritório de advocacia especializado na curadoria, orientação e gestão de patrimônio e ativos familiares. “É basicamente um escritório dedicado a solucionar os problemas da família”, Rafael explica.
O advogado entrou em contato com o modelo pela primeira vez em 2018, em Nova York, quando sua experiência com os sistemas jurídicos americano e brasileiro garantiu a ele uma vantagem considerável em posições de governança.
Esse tipo de escritório trabalha em duas esferas, começando pelas relações familiares e entendendo como elas afetam as relações empresariais.
Atualmente, Rafael está presente em três desses escritórios. Ele é acionista do Umana (Los Angeles), conselheiro legal no Mandel Family Office (Miami), e fundador do MAP Family Office, que é focado na América Latina e em investimentos de famílias brasileiras no exterior.
Quem é assessorado por esses escritórios costuma ter patrimônio público a partir de R$ 10 milhões. O maior cliente tinha patrimônio familiar acima de US$ 1 bilhão.
“São indivíduos com alto patrimônio líquido e que precisam desse serviço para ter a vida mais fluida. O family office ajuda com investimentos, a parte jurídica, contábil, concierge e filantropia”, explica.
Este modelo de escritórios oferece segurança para pessoas como Noah, e pode evitar problemas como os enfrentados por Larissa Manoela ou Britney Spears, que recentemente travaram batalhas legais com os pais.
Mas a capilaridade do negócio é alta, e o valor dele fica mais visível quando o assunto são empresas familiares.
Segundo o IBGE, 9 em cada 10 empresas brasileiras são familiares. Uma pesquisa da PwC revelou que apenas um terço dessas empresas sobrevive à primeira sucessão.
Para Rafael, o problema pode ser evitado com a contratação de um family office, realizando preparativos que diminuem em até 80% a chance de falência após o processo.
“Planejamos a sucessão fazendo a inclusão do patrimônio em empresas que chamamos de ‘holdings patrimoniais’. Nessas empresas, criamos mecanismos para a passagem automática dos ativos para os sucessores”, o advogado explica.
Atualmente existem poucos family offices brasileiros, mas Rafael tem planos para mudar esta realidade.
O próximo passo na trajetória de sucesso do advogado é abrir um novo family office, o Catalysis, que ficará pronto ainda neste ano e será dedicado inteiramente a famílias brasileiras.
Rafael foi o advogado mais jovem a conseguir certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), obtido antes dos 30. A perenidade dos negócios construídos por famílias é uma motivação pessoal dele, e influenciou bastante a sua trajetória.
“Poxa, é o sonho daquela pessoa. Ela construiu aquela empresa com tanto esmero, com tanto esforço e chega na segunda geração com ela terminando por questões simples? Meu interesse pessoal é evitar isso e ajudar pessoas a perpetuar um legado que elas trabalharam muito para construir”, confessa.
Rafael também foi eleito um dos 100 advogados mais influentes dos family offices nas Américas pela revista norte-americana Top 100 Attorneys.
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