Para os consumidores, contratar serviços vem se mostrando mais interessante do que adquirir bens (We Are/Getty Images)
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Publicado em 1 de agosto de 2023 às 16h11.
Por Ivo Pitanguy*
Nos últimos anos, temos acompanhado um crescimento exponencial sobre o interesse voltado para a contratação de serviços ao invés da aquisição de bens. Iniciado por conta dos resultados financeiros e pela flexibilidade e eficiência garantido pelo modelo SaaS, esse fenômeno tem se manifestado em diversos setores da economia. Prova disso está na popularização do Uber e Airbnb, por exemplo, que se destacam por permitir que uma pessoa empreenda utilizando seus próprios bens e, assim, dão maior facilidade para a contratação de seus serviços sem a necessidade de altos investimentos por parte do cliente.
Dentre a nova gama de atividades que surgiram para atender essa demanda, está o recém criado Sustainability-as-a-Service (Sustentabilidade como um serviço em inglês). Apoiado ainda no importante amadurecimento do discurso pró sustentabilidade, que vem ditando o ritmo de diversas inovações atuais. O conceito visa incorporar estratégias e práticas sustentáveis nas operações de forma ágil, descomplicada e acessível.
Em outras palavras, o modelo surge para possibilitar que as companhias consigam encontrar uma solução sustentável sem que seja necessário um aporte ou um grande investimento em questões de infraestrutura. Dessa forma as corporações interessadas podem alinhar suas práticas à demanda por sustentabilidade com maior confiança e sem comprometer recursos e orçamentos.
Peguemos como exemplo o Sustainability-as-a-Service dentro do setor energético, onde as chamadas climate techs vem se destacando por conseguir gerenciar o compartilhamento da produção energética feita em usinas solares. Baseadas no uso da tecnologia como fator disruptivo, essas empresas são capazes de tornar esse produto escalável para os consumidores de uma forma eficiente e personalizada de acordo com o consumo exato desses clientes, agregando valor em toda a cadeia produtiva.
Com isso, pensando a nível corporativo, a instituição que procurar esse tipo de serviço terá em suas mãos energia gerada de uma fonte sustentável através de um produto por assinatura, com mensalidade menor do que o custo habitual cobrado pela distribuidora de energia local. Investimentos em placas solares ou construção de uma usina solar, estruturação energética ou de mudança de medidores, não fazem parte da equação, o serviço é 100% digital.
Assim, a companhia consegue atender a pressão direcionada à diminuição na pegada de carbono – imposição que se origina hoje de diversas fontes, como órgãos reguladores, acionistas e os próprios clientes –, além de assegurar a mitigação de riscos e a potencialização da reputação da marca. Tudo isso por meio de um serviço terceirizado escalável e sem investimento por parte do contratante.
Vale ressaltar ainda que o fato da sustentabilidade ser oferecida como serviço altera a lógica comercial do setor. Até porque, para que essa assinatura seja mantida de maneira recorrente, é necessário que o fornecedor busque a fidelização do seu cliente a partir de um atendimento exemplar e de alta geração de valor. Ou seja, o grande beneficiado acaba sendo o cliente, que vê o mercado competindo internamente para disponibilizar o melhor serviço possível.
A verdade é que hoje a sustentabilidade deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar um pilar importante para qualquer empresa ou residência. O conceito de enfatizar ações mais verdes é um percurso que, uma hora ou outra, terá que ser embarcado por todos. O Sustainability-as-a-Service chega para ser uma solução importante para que a transição energética aconteça de forma mais simples, econômica e democrática.
*Ivo Pitanguy é CEO e fundador da Nextron Energia
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