(Brendan McDermid/Reuters)
Mariana Martucci
Publicado em 10 de novembro de 2020 às 22h03.
A gente aprende com gestão de crises de reputação – especialmente porque elas explodem nas redes sociais – que é necessário ter um olhar especial para os pequenos sinais que surgem. É neles que estão, muitas vezes, as soluções e um caminho resolutivo. Nesta semana que passou – and loading... – com a disputa eleitoral nos EUA, o que mais me chamou a atenção não foi apenas a disputa entre Biden e Trump. Para mim, tivemos um fato especial que se desenrolou entre os dois e a população mundial conectada no Twitter.
Arrisco dizer que, nos últimos tempos, o microblog fez um dos movimentos mais importantes na direção de uma solução educativa, clara e, de certa maneira, muito mais humana do que tecnológica para combater fake news.
O cenário para a iniciativa foi perfeito: uma eleição de interesse mundial como nunca. E, a cercar isso tudo, um presidente em disputa que sempre governou esbravejando pelo Twitter. E não só fez uso de fake news como também se posicionou de forma agressiva e desvirtuando fatos.
Ao bloquear mais de 20 posts de Donald Trump nas três ultimas semanas, o Twitter nos deu uma opção inteligente. O mecanismo mostra um alerta que menciona o texto original tem problemas de veracidade do conteúdo (“conteúdo contestável” com “informações incorretas” ) e indica links que, com certeza, eram de credibilidade. E dando a opção para as pessoas lerem o original de Trump.
Outra questão importante: o mundo soube disso. E quando as pessoas passam a entender que um processo como esse funciona, temos uma solução educativa que pode virar estrutural. É engenharia humana, muito mais do que tecnológica, que pode nos ajudar a sair do processo de infoxication fake que temos nas redes.
O gesto repetido do Twitter, com a projeção reputacional de Trump, tem um valor inestimável. Para que seja ampliado, precisa ser repetido mais vezes. Porque a questão fundamental não é, de verdade, ter tantas fake news nas redes. É, sim, o fato de as pessoas não saberem como lidar, investigar e se livrar delas. Esse foi aquele pequeno sinal - que citei lá em cima - que tem valor gigante. Se ampliado. Os cidadãos do mundo ganharam essa parte da eleição. E o Twitter, essa rede tão virulenta por natureza, nos deu um caminho efetivo. Esperemos que ganhe escala.
*Sócia-diretora Digital&Inovação da FSB Comunicação
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