(Tero Vesalainen/Getty Images)
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Publicado em 18 de outubro de 2024 às 15h00.
Por Túlio Mêne*
O marketing automatizado tem se tornado, cada vez mais, uma ferramenta indispensável para as empresas que buscam eficiência e personalização em suas estratégias.
Com a evolução das tecnologias de inteligência artificial e análise de dados, as marcas conseguem segmentar seu público de maneira mais precisa, o que proporciona experiências imersivas.
No entanto, é esperado que toda essa transformação acabe levantando questões éticas, principalmente em relação à maneira como os dados são coletados, utilizados e compartilhados – ponto central nesse debate.
Estudo da McKinsey&Company sobre a utilização do marketing automatizado mostra que, da mesma maneira que os níveis de eficiência das empresas chegam a aumentar em até 30%, a preocupação dos consumidores também cresce, especialmente sobre questões envolvendo privacidade.
Ainda que a maior personalização dos anúncios permita uma comunicação mais direta e assertiva, ela acaba gerando dúvidas sobre a coleta dessas informações – que pode ser considerada invasiva pelos usuários, em uma linha tênue entre a personalização e a manipulação.
É nessa seara que o marketing automatizado pode se deparar com outro exemplo de implicação ética:
Com o uso de algoritmos avançados, as empresas conseguem direcionar mensagens publicitárias de forma extremamente segmentada, muitas vezes explorando vulnerabilidades emocionais ou psicológicas dos indivíduos.
Essa capacidade de influência nas decisões de compra pode ser especialmente problemática, sobretudo em produtos que afetem a saúde ou bem-estar, como alimentos ou serviços financeiros.
Assim, torna-se necessário que as empresas adotem práticas mais transparentes e responsáveis no uso dos dados dos consumidores, garantindo que a experiência do usuário não se torne um campo de exploração.
Além disso, é fundamental ter mais consciência sobre como as estratégias utilizadas impactam a autonomia do consumidor e levar a uma persuasão enganosa.
Considerar e reconhecer essas dificuldades é um importante passo rumo à uma relação de respeito e confiança com o público. Um compromisso claro com a ética pode não apenas prevenir crises de reputação, mas também ser um diferencial competitivo em um mercado mais consciente.
O futuro do marketing automatizado é promissor, mas repleto de desafios éticos que precisam ser enfrentados. À medida que a tecnologia avança, as empresas têm a responsabilidade de garantir que suas práticas não apenas atendam às necessidades comerciais, mas que principalmente respeitem os direitos e a dignidade dos consumidores. O equilíbrio entre inovação e ética será fundamental para o sucesso a longo prazo nesse novo panorama mercadológico.
*Túlio Mêne é CEO e co-fundador do M&P Group, um dos maiores grupos de comunicação do Brasil, é economista, publicitário e especialista em comunicação governamental.
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