Twitter (TWTR34) (Jaap Arriens/NurPhoto/Getty Images)
Mariana Martucci
Publicado em 2 de março de 2021 às 20h55.
A ideia de que conteúdo produzido para a internet deve ser gratuito ficou para trás. Mas a verdade é que a monetização do conteúdo digital ainda está longe de ser um problema resolvido. Por isso, novos modelos, serviços e tecnologias de pagamentos continuam surgindo na tentativa de atender tanto o produtor quanto o consumidor nessa jornada por informação de qualidade.
Uma dessas iniciativas veio do Twitter, no último dia 25 de fevereiro, com o lançamento do Super Follow. Com esse novo recurso, produtores de conteúdo na plataforma podem oferecer um espaço premium a seus seguidores que, ao pagarem US$ 5 por mês, terão acesso a informação exclusiva, newsletter, ofertas e descontos e, claro, uma insígnia de apoiador.
É uma tendência que os fãs apoiem seus criadores de conteúdo preferidos. Existem serviços focados em monetização, como o Patreon e OnlyFans, mais conhecido pelo conteúdo adulto. Mas é importante que as grandes plataformas abram espaço para que seus usuários também sejam remunerados pelo conteúdo que produzem e que, em última instância, são responsáveis por seu sucesso.
Nessa complexa cadeia de valor, em que todos precisam receber a sua parte, muitas vezes o consumidor acaba pagando para receber pacotes de informação que não lhe interessam 100%, como nas assinaturas mensais de conteúdo. Essa obrigação de pagar para não usar acaba desmotivando muita gente.
Um relatório da Juniper Research aponta o risco real de saturar o leitor com esse modelo atual baseado em um grande volume de oferta de conteúdo por assinatura.
Além disso, o comportamento do consumidor indica que uma nova assinatura só é feita descartando outra. Ou seja, é urgente que novos formatos passem a ser oferecidos.
Para responder a esse desafio, começam a surgir modelos baseados em identidades digitais, vinculadas a dados biométricos do leitor, e micropagamentos, que podem mudar a forma como o usuário consome e paga por conteúdo.
Nesse modelo, o leitor apresenta sua ID digital, que seria universal e vinculada a uma carteira virtual, sempre que acessa um conteúdo, pagando apenas pelo que consumir.
Do outro lado da moeda, completa 20 anos agora em 2021 um projeto de construção de conteúdo colaborativo e sem venda de publicidade: a Wikipedia, uma enciclopédia multilíngue de licença livre. Os números impressionam. São cerca de 55 milhões de artigos, verbetes em mais de 300 idiomas, 280 mil voluntários mensais, 350 edições a cada minuto e menos de 5 minutos para resolver vandalismos.
Mas como o projeto se sustenta há duas décadas nesse formato? Por trás, existe a Fundação Wikimedia, uma organização sem fins lucrativos que faz a gestão burocrática do site, administra o banco de imagens sem direitos autorais, o Wikimedia Commons, e o dicionário Wikitionary. A receita vem exclusivamente de doações: em 2020, foram 7 milhões de pessoas doando, em média, 15 dólares cada um, gerando US$ 124 milhões para sua manutenção.
Em meio à pandemia de fake news, a Wikipedia se consagra como referência de informações checadas em função do modelo colaborativo de verificação. Seu fundador, Jimmy Wales, empreendedor norte-americano, reforça que há uma comunidade bastante séria envolvida, que trabalha muito para melhorar a qualidade ao longo do tempo.
Para saber mais:
Twitter e seu modelo de assinatura: o super follow
O futuro da monetização do conteúdo
*Alexandre Loures e Flávio Castro são sócios da FSB Comunicação
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