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No Brasil, mulheres ocupam apenas 20% das posições no setor de energia. Não deveria ser diferente?

Empresas do setor colocam muita energia em planos para sustentabilidade, mas precisam de mais atenção com a diversidade e inclusão. Confira o artigo de Gerusa Côrtes, VP da CCEE

 (Nitat Termmee/Getty Images)

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Publicado em 1 de outubro de 2024 às 07h00.

Por Gerusa Côrtes, conselheira e vice-presidente da CCEE.

Um setor que defende amplamente a transição energética e que prioriza valores como a inovação e um futuro mais sustentável não pode se limitar quando o assunto é diversidade e inclusão

Globalmente, como é a presença feminina no setor de energia?

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), globalmente, as mulheres representam 39,5 % da força de trabalho, enquanto no mercado energético, esse número fica na casa dos 16%, segundo dados do levantamento Energia e Gênero, publicado no portal da agência no ano passado.   

Segundo o relatório Energia Solar, uma Perspectiva de Gênero, publicado em 2022 pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês), a participação feminina na indústria solar fotovoltaica é de 40%, e respectivamente, de 21% do semento eólico, e de 22% no de petróleo e gás, o que reforça necessidade de medidas em prol do maior protagonismo feminino. 

A situação atual das mulheres no setor de energia no Brasil

Já no Brasil, dados obtidos na pesquisa conduzida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) em 2023, Mulheres no Setor Elétrico, indicam que a participação feminina no setor é de aproximadamente 20%.

  • Observa-se, porém, a atuação concentrada em posições administrativas, cerca de 66% A presença da mulher em posições de alta liderança segue em patamar bem inferior, apenas 5,55%.

Estamos distantes da desejada equidade no mercado de trabalho

Mas como podemos mudar este cenário? Identificando oportunidades e adotando ações concretas na direção de um ambiente mais inclusivo.

É preciso abrir espaço para as mulheres não só em áreas de suporte, mas principalmente nas áreas técnicas e nos cargos de liderança, que hoje carecem de representatividade feminina. É necessário investir em programas que auxiliem no impulsionamento da carreira destas profissionais, entendendo suas necessidades e dando oportunidade para o seu desenvolvimento.

Ações que podem fazer a diferença na paridade de gênero no setor de energia

Alinhada com a visão, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) tem adotado iniciativas para provocar cada vez mais a discussão e colocar em prática ações que possam transformar a nossa realidade.

Um exemplo é o programa “Mulheres em Fase”, iniciado em 2022, com o objetivo de ampliar a representatividade feminina em cargos de liderança na organização. Por meio da dinâmica de mentoria entre executivas e colaboradoras, o programa foca em técnicas de administração, autoconfiança e empoderamento na preparação para cargos de técnicos e de gestão. 

Outro projeto, inaugurado em 2024, foi a criação do “Comitê de Diversidade” com a estruturação de cinco frentes para ampliar o escopo do debate sobre gênero, raça, LGBTQIAPN+, PCD, e geracional. Tais iniciativas, além de gerar o sentimento de pertencimento e identificação, estimulam o diálogo no setor. Por isso, continuamos investindo em outras ações para sensibilizar associados e os demais interessados no tema, a exemplo do recente EncontroCCEE sobre Diversidade & Inclusão no Setor Elétrico. Nele, foram apresentados cases de empresas e instituições, com o objetivo de acender discussão e inspirar os agentes a desenvolverem seus próprios projetos na área.

Atualmente, já há dados que indicam que a diversidade traz benefícios tangíveis e mensuráveis para as organizações, contribuindo para o seu sucesso. Segundo quarto relatório da série Diversidade Importa Cada Vez Mais (2023) da consultoria McKinsey, empresas com representatividade étnica são 39% mais propensas a terem desempenho superior do que seus pares, que analisam o tema desde 2015. 

Sabemos que há ainda muitos desafios para a concretização efetiva das políticas de diversidade, mas onde existem desafios também existem oportunidades. Tornar o nosso mercado mais inclusivo e criar oportunidades é tarefa de todos, mas cabe às lideranças das companhias fortalecer e reforçar as práticas, levantar discussões, investir em programas de incentivo e abrir diálogos para que essas ações alcancem todos os níveis das corporações. Que os líderes sejam espelho para suas equipes. 

Criar uma cultura neste sentido não é uma mudança simples e rápida. Estamos todos em uma jornada de evolução, mas precisamos avançar se quisermos um setor verdadeiramente sustentável e plural. 

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