Projeto liderado pela startup Bicha da Justiça recebe patrocínio da Nestlé pelo segundo ano seguido (FatCamera/Getty Images)
Bússola
Publicado em 2 de maio de 2022 às 12h40.
Última atualização em 2 de maio de 2022 às 13h51.
“Para todos é só um pedaço de papel, para mim foi o começo da minha vida”. Essa foi a declaração de Lohan Pietro depois de ter nome e gênero alterados em seu registro civil em 2021. E para possibilitar esses recomeços e vidas mais dignas, a Nestlé patrocina pelo segundo ano consecutivo, o projeto Orgulho do meu RG, que nesta edição selecionou 20 pessoas trans e travestis em situação de vulnerabilidade socioeconômica para a retificação de seus documentos.
O projeto Orgulho do meu RG é liderado pela startup Bicha da Justiça e nasceu para ajudar as pessoas a terem cada vez mais orgulho de serem chamadas pelo nome que se identificam. “O Brasil tem cerca de 2,4 milhões de pessoas trans, travestis e não binárias, e 58% delas não retificaram seus documentos por falta de recursos financeiros”, explica Bruna de Andrade, CEO. e co-founder da startup Bicha da Justiça.
A retificação de nome e gênero pode ser feita diretamente no cartório, e o custo pode variar de R$ 600 a R$ 1,5 mil, de acordo com cada estado. “Se a solicitação for feita com serviços advocatícios, o custo pode ultrapassar R$ 3 mil”, afirma Bruna. A Defensoria Pública garante a gratuidade da retificação às pessoas que declaram insuficiência de renda, mas ainda assim existem gastos com cópias de documentos necessários para dar início ao processo no cartório.
“O projeto Orgulho do meu RG foi um sucesso no ano passado e está de volta para transformar vidas. Por isso, o apoio das empresas é tão importante”, diz Bruna.
Além de resgatar orgulho e aumentar a autoestima, ter o nome e o gênero que a pessoa se identifica na identidade possibilita alcançar novas oportunidades.
“No ano passado, eu estava mexendo no Instagram e vi o anúncio da Bicha e eu pensei: eu vou tentar, mesmo eu sendo azarado. Quando eu abri o meu e-mail e vi que havia sido selecionado, comecei a chorar. A partir disso, eu pretendo conseguir um emprego, vou ser respeitado, porque a gente só quer respeito, afirma Lohan Pietro.
Após a retificação do documento, a aparência física e o nome na identidade deixam de ser motivo de preconceito.
“Desde muito nova já tinha me descoberto trans, com 15, 16 anos. E era bem complicada essa contradição que tem da identidade, do gênero com a aparência física. Isso traz muito transtorno para gente. A Bicha da Justiça foi uma coisa maravilhosa que apareceu para ajudar. Trouxe para mim uma coisa que eu venho querendo há mais de 20 anos. Acho que a gente tem de correr atrás dos nossos sonhos e dos nossos direitos. A imagem condizente com o nome traz uma satisfação muito grande e hoje tem uma Nadja muito mais feliz, realizada e centrada no seu foco", diz Nadja, uma das ganhadoras do projeto no ano passado.
Os participantes escolhidos pelo projeto têm nome e/ou gênero retificados nos seguintes documentos: certidão de nascimento, RG e CPF.
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