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Nasci no século passado, mas esta também é a minha época, a sua, a nossa

Ao longo das décadas, história e tecnologia não param, mas o conteúdo sempre será um diferencial

As épocas mudam, mas aprendemos a substituir o que existia pelo novo que chega (Getty Images/Getty Images)

As épocas mudam, mas aprendemos a substituir o que existia pelo novo que chega (Getty Images/Getty Images)

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Publicado em 5 de julho de 2021 às 10h11.

Por Mauro Wainstock*

Não nasci ontem. Nasci no século passado. Mais precisamente no ano que não terminou: 1968.

Posso te garantir: na “minha época” não havia computador pessoal. O Apple I foi criado em 1976.

E vou te contar mais: na “minha época” existia um aparelho chamado telefone. Que virou “telefone fixo” e depois... simplesmente sumiu com o surgimento do primeiro celular. Isto ocorreu em 1983, quando o Motorola DynaTAC 8000X passou a ser comercializado. Ele foi criado por Martin Cooper, um engenheiro eletrotécnico norte-americano.

Na “minha época” também não havia a internet como a conhecemos hoje: o primeiro site do mundo foi lançado em 1991 por Tim Berners-Lee, físico do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, responsável por inventar a World Wide Web (www).

o Google, também não é da “minha época”. Ele foi ao ar pela primeira vez em 1996. Inicialmente, apenas nos servidores da Universidade de Stanford.

Sim, houve um tempo em que eu vivia sem tudo isto.

Em compensação, vivenciei a queda do Muro de Berlim, o término da Guerra Fria, o fim do apartheid na África do Sul e acompanhei os atentados terroristas de 11 de setembro.

Na “minha época”, a inflação (IPCA/IBGE) do Brasil atingiu 2.477%/ano (1993).

É inacreditável, mas foram sete tentativas de estabilização econômica apenas entre 1986 e 1993: Cruzado I e II (1986), Bresser (1987), Verão (1988), Collor 1 (1990) e 2 (1991) e Plano Real (1993).

Enfrentei o congelamento de salários e de preços. E o meu dinheiro foi confiscado de um dia para o outro da minha conta corrente.

Conheci várias moedas: Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro, Cruzeiro Real e Real.

Era uma época em que empresas globais deixavam seu nome na história.

Lembra-se da Kodak, do Blockbuster e da Polaroid? Pois é, faliram.

No Brasil, tínhamos a Rede Manchete (eu trabalhei lá!), a Varig, a Vasp, os bancos Nacional e Bamerindus, as lojas Mappin, Arapuã, Sears e Mesbla e os refrescantes sorvetes da Yopa. Todos derreteram...

Naquela época, não falávamos de adaptabilidade.

Mas quem não inovou quebrou.

Não havia o termo “aprendizado contínuo”.

Mas quem não se reinventou desapareceu.

Como dizia Aldous Huxley, autor de “O Admirável Mundo Novo”, “Experiência não é o que acontece com o homem; é o que o homem faz com o que lhe acontece”.

Nós, os 50+:

Erramos e aprendemos.

Vivemos e sobrevivemos.

Tivemos filhos. O meu casal de gêmeos chegou no dia 22/11/00.

Vimos o conhecimento amadurecer e a experiência chegar. “Não se pode criar experiência. É preciso passar por ela”, já afirmava Albert Camus, “Prêmio Nobel de Literatura”.

E agora?

Percebi que a “minha época” também é agora: quero continuar produzindo, criando, contribuindo e fazendo acontecer.

Não nasci ontem, mas aprendi a substituir…

  • A máquina de escrever pelo laptop.
  • O telefone fixo pelo Whatsapp.
  • O rádio pelo podcast.
  • A fita cassete pelo Spotify.
  • A fita de vídeo pelo streaming.
  • A TV pelo YouTube.
  • O livro pelo e-book.
  • Os anúncios impressos pelo e-commerce.
  • Os classificados pelo Linkedin (ops, me tornei “Top Voice”!).
  • As cartas e o fac-símile pelas mensagens virtuais.
  • Os congressos presenciais pelas lives.
  • A enciclopédia pelo Google Acadêmico.
  • O texto pelo post.
  • O conteúdo pelo... ah, este sempre será um diferencial!

Fui apresentado a terminologias como: algoritmo, startup, call, hackathon, webinar, spam, big data, emoji, backup, pixel, upload, hashtag, inbox e... cringe!

Descobri que “estar na nuvem” não significa apenas sonhar. E que “viral” é mais do que um termo da medicina, ele também se aplica ao marketing.

Passei a ouvir frases como: “Você está me ouvindo?”, “Você está me vendo?”

“Na minha época”, essas questões eram restritas aos relacionamentos conjugais ou a consultórios psicológicos...

Hoje, estas são perguntas frequentes no mundo corporativo. Dentro e fora da telinha, independentemente de onde cada um está.

Mas, enquanto alguns se restringem ao enquadramento padronizado, e ficam à mercê da imprevisível oscilação, outros buscam atualizar o hard e o soft, tornar a comunicação mais segura e implementar uma forte rede de conexões.

Lewis Carroll nos ensina: “Se você não sabe onde quer ir, qualquer caminho serve”.

O mapa impresso e estático, “da minha época”, cedeu lugar ao palpiteiro GPS; mas sou eu quem continuo tendo a responsabilidade de traçar o caminho que quero seguir. Posso (e devo) alterar a rota sempre que julgar conveniente.

Não nasci ontem.

  • Quero continuar me reinventando o tempo todo.
  • Quero continuar aprendendo e me adaptando.
  • Quero continuar sendo visto e ouvido.
  • Quero produzir erros novos e evitar os já cometidos.
  • Quero ter uma vida saudável, equilibrada e com propósito.
  • Quero comemorar minhas “Bodas de ouro” e curtir os meus gêmeos, que vão completar 21 anos no dia 22/11/2021.

Ontem, presenciei fatos marcantes da história.

Hoje, troco conhecimentos e experiências com as minhas eternas “crianças”.

Amanhã, espero que se orgulhem do legado que estamos construindo juntos.

Nasci no século passado, mas agora também é a “minha época”. Vivo intensamente cada ano que também não terminou.

*Mauro Wainstock tem 30 anos de experiência em comunicação. Foi nomeado Linkedin Top Voice e atua como mentor de executivos sobre marca profissional. É sócio-fundador do HUB 40+, consultoria empresarial focada no público acima dos 40 anos.

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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