Identificação de fornecedores já é prática de grandes companhias. (Karin Salomão/Exame)
Bússola
Publicado em 28 de julho de 2022 às 20h00.
Com a mudança de mentalidade dos públicos em geral e o crescimento na adesão por parte dos negócios aos critérios de ESG (sigla em inglês para se referir a políticas de governança ambiental, social e corporativa), a diversidade se tornou interesse recorrente dentro das grandes companhias, impactando diretamente nas empresas da cadeia de fornecimento.
Nesse contexto, gigantes como a Mondelez, conglomerado multinacional de alimentos, passaram a ter em comum a busca por esses fornecedores e o desafio de identificá-los corretamente no Brasil. Para otimizar o processo, a companhia recorreu à tecnologia da Linkana, software de gestão de fornecedores em rede para grandes empresas na América Latina.
"Os consumidores hoje não compram apenas produtos, eles se preocupam com tudo que está envolvido: responsabilidade social, ambiental, como as empresas que os fabricam são gerenciadas. E isso inclui seus fornecedores. Nós apoiamos na padronização e validação automática de várias informações, incluindo dados de autodeclaração e autocertificação. Também ajudamos fornecedores a se conectarem mais rapidamente com nossas entidades de fomento", afirma o CEO da Linkana, Leo Cavalcanti.
A Linkana coleta dados de empresas representadas por integrantes de grupos historicamente e economicamente desfavorecidos no Brasil, como afrodescendentes, indígenas, pessoas com deficiência (PcD) e LGBTQIA+.
A plataforma utiliza critérios internacionais e boas práticas de mercado na identificação de fornecedores diversos.
De acordo com dados da consultoria McKinsey, a cada R$ 1 em receita, em média R$ 0,58 vão para a cadeia de fornecimentos. Por essa razão, é cada vez maior a busca por informações confiáveis. Hoje, espera-se que as empresas da cadeia não só tenham em seus times colaboradores diversos, mas também lideranças, com ao menos 51% do comando do negócio nas mãos de um indivíduo ou de um grupo representativo.
Segundo Gilson Alencar, gerente de Procurement e Líder do Programa de Diversidade e Inclusão de Fornecedores na Mondelez Brasil, a facilidade em identificar fornecedores foi fundamental para impulsionar o programa de diversidade global da companhia. “Antes era muito difícil encontrar as informações que precisávamos, nós tínhamos que conversar com startups, ONGs parceiras e outras empresas. Atualmente, nosso programa de diversidade global já está comprometido em gastar US$ 1 bilhão com fornecedores diversos até 2024”, diz.
Tendência
Outras grandes empresas já vêm apostando na identificação de fornecedores diversos para aperfeiçoar suas políticas de inclusão. É o caso da Baker Hughes, empresa de serviços de campos de petróleo, e a Johnson & Johnson, especializada na produção de farmacêuticos, utensílios médicos e produtos pessoais de higiene.
Apesar desse tipo de levantamento já ser comum em países como os Estados Unidos, no Brasil as empresas ainda estão começando a reconhecer a importância da diversidade e da economia inclusiva na contratação de fornecedores. Entre os principais desafios apontados por companhias que já iniciaram esse processo de mapeamento estão a falta de informações relevantes para a identificação de fornecedores diversos e a dificuldade de convencer diferentes áreas do negócio – do setor de compras à liderança, a realizarem essa mudança, segundo Giovanna Martins, líder de Compras Estratégicas para a América Latina e do Programa de Diversidade de Fornecedores Brasil na Baker Hughes.
“Em 2021, iniciamos um projeto piloto no Brasil para consolidar um programa de diversidade que fosse além dos nossos colaboradores. Hoje fazemos um intenso trabalho de comunicação interna para que todos entendam a importância dessa iniciativa”, afirma.
Para Marcos Domingues, líder de Compras, Marketing e Serviços de Vendas e Líder do Programa de Diversidade e Inclusão de Fornecedores na Johnson & Johnson Brasil, a evolução desse tipo de levantamento no Brasil depende muito da união dos envolvidos.
“As empresas brasileiras estão em estágios muito diferentes em relação a este tema, por isso é importante compartilhar informações sobre melhores práticas. Aqui na Johnson & Johnson, por exemplo, já estamos próximos a um platô e acredito que nosso crescimento já não será tão exponencial, ou seja, na verdade continuaremos crescendo, mas não tão rápido. Por isso, a partir do próximo ano, queremos focar em uma segunda etapa, que é saber quais são os fornecedores diversos que os nossos fornecedores contratam.”
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