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Mercado SaaS deve crescer 20% ao ano com a digitalização das PMEs

Soluções tecnológicas de software como serviço ainda não são usadas nem por 5% das pequenas e médias empresas

Brasil conta com mais de 6 milhões de PMEs (Getty images/Getty Images)

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Publicado em 14 de junho de 2023 às 14h30.

Última atualização em 14 de junho de 2023 às 15h36.

A aposta das empresas na digitalização é algo bastante recorrente nos últimos anos, principalmente depois da pandemia de covid-19, que ajudou a impulsionar esse movimento. Porém, ainda há uma importante fatia do mercado para ser conquistada, principalmente entre as pequenas e médias empresas, que têm mais facilidade em promover transformações e apostar em soluções online.

No Brasil, existem hoje mais de 6 milhões de pequenas e médias empresas, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Destas, nem 5% utilizam o sistema SaaS (Software as a Service), algo que poderia ajudar a otimizar as operações e baratear os custos dos serviços oferecidos. Diante desta realidade, especialistas analisam que o mercado brasileiro de SaaS ainda tem espaço para crescer em torno de 20% ao ano nos próximos cinco anos.

Esta projeção é confirmada por pesquisas. De acordo com levantamento do Google, realizado com 1,5 mil empresas brasileiras, em 2022 a procura por tecnologias SaaS teve um crescimento de 19,1%. Já o estudo Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups, realizado pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups) durante os meses de agosto e setembro de 2021, com uma amostra de 2,5 mil startups, 41% delas adotam o software como serviço como modelo de negócio.

“Tivemos uma primeira geração de SaaS liderada pelas grandes empresas de software, que já cobravam licenças mensais pelos seus serviços. Agora, com a entrada de startups oferecendo softwares específicos, muitos empreendedores pequenos passaram a apostar nessas soluções com os setores de nicho sendo melhor atendidos. Dentro do mercado B2B, hoje a maioria das soluções são SaaS. As empresas não precisam dedicar grande parte de seus orçamentos para investir num software próprio. O SaaS é o maior modelo de negócios em diversos países, pois consegue oferecer um acompanhamento mais próximo e mais escalável”, destaca Pierre Schurmann, CEO e fundador do Grupo Nuvini, que conta com empresas SaaS em seu portfólio e está sempre buscando por mais startups que possam ser incorporadas ao seu ecossistema.

Crescimento em pequenas e médias empresas

Schurmann relata que muitas pequenas e médias empresas ainda não utilizam a tecnologia SaaS por não saberem os benefícios que pode trazer aos seus negócios, como maior controle de custos, automatização de processos burocráticos e ganho maior de escalabilidade. Segundo ele, ainda há muitas oportunidades para novos modelos de negócios, especialmente para companhias de nicho, como o é o caso da Ipe Digital, que fornece um software de gestão voltado a óticas.

“Em 2014, percebi que o modelo SaaS era interessante para este mercado em que atuo por trazer mais flexibilidade e um nível de segurança muito maior. Hoje, os clientes percebem que esse modelo não tem custos de manutenção de software, além de precisar manter um servidor na loja. Diante disso, temos registrado um crescimento médio de 40 a 45% ao ano, com uma base de 5 mil clientes”, diz Rafael Barros, CEO da Ipe Digital, que faz parte do Grupo Nuvini.

O mesmo crescimento tem sido registrado na Effecti, startup especializada em desenvolver automação para fornecedores participantes de licitações. A empresa tem registrado crescimento de 30% a 40% ao ano, apostando em micro e pequenas empresas. “Os softwares mais nichados trazem soluções para o modelo SaaS, criando um mercado que era inexistente. Arrisco dizer que vamos ter, nos próximos cinco anos, um crescimento que irá beirar a casa de 50% a 60% ao ano no volume de contratações de modelos SaaS em todo o mercado brasileiro. Principalmente nos próximos dois anos veremos um crescimento bastante acelerado”, aposta Fernando Salla, CEO da Effecti, também pertencente ao Grupo Nuvini.

Seguindo a tendência de mercados internacionais

Segundo os especialistas, o Brasil tende a seguir mercados internacionais que já estão mais consolidados com o modelo SaaS, principalmente os emergentes, como Indonésia e Malásia, onde a tendência é ter um maior volume de PMEs.

“O Brasil segue muito o que todo mundo faz lá fora. A diferença é que sempre estamos atrasados. Antigamente, o ‘copia e cola’ demorava décadas. Agora, demanda dias. O que funciona fora do país, a gente se inspira e cresce junto. O mercado está sofrendo uma transformação muito grande. A inteligência artificial (IA) está vindo junto com as plataformas SaaS. Antes, as soluções SaaS entregavam o serviço, que dependia de pessoas do outro lado da linha para tomar decisões. Agora, com a IA, essas plataformas podem oferecer, além do serviço, também a tomada de decisão, o que pode ajudar a escalar ainda mais o mercado”, afirma André Leão, CEO da Datahub, plataforma de Big Data & Analytics do Grupo Nuvini.

União em ecossistemas e novas tecnologias

O crescimento do mercado SaaS também demonstra uma tendência: a união de soluções em um único ecossistema para conseguir ajudar as empresas com diversas soluções diferentes, tornando tudo mais automatizado e eficiente.

"As tecnologias estão cada vez mais modernas e ágeis para realizar integração entre elas. Portanto, esse ecossistema de integração está proporcionando entregas cada vez mais completas e robustas para os clientes. Está cada vez mais caro, para nós como fornecedores, desenvolver novas tecnologias, pois existem muitas possibilidades no mercado. E para o consumidor final, o benefício é grande, pois como as tecnologias estão se comunicando muito, os softwares conseguem fazer entregas incríveis com um custo reduzido por conta dessa integração. Por isso, acredito que se unir com empresas diferentes é a solução para conseguirmos, todos juntos, atingir mercados diferentes e expandir o fornecimento de soluções SaaS”, ressalta Guilherme Honório, CEO da SmartNX, primeira plataforma CX as a Service do Brasil, pertencente ao Grupo Nuvini, que desenvolve soluções inteligentes para conectar empresas e consumidores por meio de uma plataforma omnicanal.

Pierre Schurmann também concorda que outro fator que deve ajudar a impulsionar o SaaS no Brasil são as novas tecnologias, incluindo a IA, que hoje está em evidência por conta da repercussão da plataforma ChatGPT.

“Com certeza irá acelerar bastante o mercado, mas ainda é cedo para estimar quanto teremos de impacto diante dessa nova tecnologia. As empresas SaaS estão sempre antenadas com o que surge de novo e passam a estudar formas de incorporar as novidades aos seus serviços. Por isso, teremos que analisar quanto isso irá impactar no setor daqui a um ou dois anos”, diz Schurmann.

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