Caroline Dias, fundadora da Editora Reflexão. (Divulgação/Divulgação)
Bússola
Publicado em 26 de janeiro de 2022 às 18h53.
Última atualização em 27 de janeiro de 2022 às 14h27.
Por Juan Saavedra*
Fundar uma editora, em um país que lê tão pouco, pode parecer um negócio arriscado. Sobretudo para alguém que, em 2006, tinha apenas 20 anos.
Mas Caroline Dias encarou.
“Queria ser designer de joias”, revela a publisher e empresária paulistana em conversa com a coluna. “Trabalhava em uma indústria gráfica, sem muita certeza do que queria e me perguntando o que iria fazer após terminar a faculdade. Decidi, então, que a única coisa que sabia fazer era no mercado editorial”.
O insight de criar a Reflexão veio com uma oportunidade: a chance de editar projetos de livros anteriormente rejeitados por outras editoras — em sua maioria, do segmento de teologia. Alguns deles, inclusive, eram de pastores da igreja que ela mesma frequentava.
No início, uma das molas propulsoras da editora foi a capacidade de atender deadlines exíguos — uma etapa do processo que ela, como profissional de design de produto, dominava.
Com essa rapidez, a Reflexão chegou a entregar projetos em menos de 90 dias. “Havia editoras que levavam mais de um ano. E eu não via sentido naquela demora”.
A fama lhe rendeu indicações. “Com a minha pontualidade, comecei a publicar, em média, 120 livros por ano. É muita coisa para uma editora de médio porte. Peguei muitos projetos inscritos no Capes, que tinham prazo e as demais editoras não conseguiam publicar. Chegamos a atender 11 universidades, fora os professores”.
Nesses pouco mais de 15 anos de atividade, segundo a publisher, a Reflexão já publicou algo próximo de 950 livros, mantendo no catálogo aproximadamente 480 títulos — a imensa maioria ligada à teologia. Um dos principais best sellers é “Se Deus Existe, Por que Há Pobreza”, de Jung Mo Sung, professor de filosofia e religião da Metodista.
Com o sucesso, lançado ainda em 2008, a empreendedora percebeu que poderia catapultar seu negócio com a realização de roadshows, levando autores para diversos estados do Brasil — o maior evento chegou a atrair duas mil pessoas em Fortaleza.
Para ajudá-la com a análise da proposta de conteúdo dos livros, Caroline costumava contratar profissionais especializados. Mas em 2017 decidiu ingressar em um segmento com o qual tinha mais afinidade. Foi assim que surgiu o Reflexão Business.
“É um selo com o qual me identifico muito”, admite a mestre em Artes, Design e Tecnologia pelas Belas Artes de São Paulo. “Antes de publicar, gosto de ler os livros e de bater uma bola com o autor. Se ele não estiver me apresentando um novo ponto de vista, uma visão nova, eu não tenho como publicar”.
O selo acumula cerca de 40 títulos, em um catálogo heterogêneo — há desde livros do coach de corridas Valdir Camargo a coleções de economia criativa em parceria com a Belas Artes.
Em muitos dos casos, observa a publisher, os autores pedem sua opinião antes mesmo de concluir o livro. “Foi o caso do Glauter Jannuzzi, da Microsoft”
O mentor, gerente de operações de negócios e programas comunitários na gigante de tecnologia, é autor de três livros pelo selo — incluindo “Human Soft Skills: Habilidades e Capital Humano para uma Carreira de Sucesso”.
Jannuzzi participa ainda de um dos livros lançados pelo selo “DISRUPTalks”.
Iniciado com um foco de empreendedorismo, inclusive com um livro assinado pela própria Caroline, o projeto cresceu de escopo e passou a atacar um novo nicho — o das celebridades.
A lista inclui nomes como a apresentadora Sonia Abrão, o youtuber Thiago Pugliesi e a atriz Regiane Alves, que está lançando seu primeiro livro infanto-juvenil. Outro famoso é o cantor Rodriguinho, ex-vocalista dos Travessos, hoje com dois milhões de seguidores somente no Instagram. As biografias, garante Caroline, só são publicadas se os autores toparem uma provocação: “você está disposto a me contar o que eu não encontro no Google?”.
“Quando comecei a ir atrás de celebridades, tive 18 contratos fechados no primeiro ano. Elas não estão preocupadas se a Carol é dona de multinacional”, diz ela, referindo-se à concorrência. “Estão interessadas na minha reputação. Estão abrindo a vida para mim. E muita coisa que contam eu nem escrevo”, acrescenta a empresária de 35 anos.
Com o selo, sua ideia é ir além do mercado editorial, atuando em diversas plataformas e retomando com mais vigor uma das atividades que mais a empolgam — os eventos presenciais que conectam autores e leitores. “Não necessariamente essa conversa disruptiva tem que ser em livro”.
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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