“De forma específica, a crescente inflação global e a centralidade nos temas da segurança energética e alimentar foram alguns dos vários impactos" (Getty Images/Getty Images)
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Publicado em 10 de novembro de 2023 às 06h00.
Última atualização em 10 de novembro de 2023 às 12h52.
O estudo “Economia Global e Brasil – panorama e perspectiva”, da Fundação Dom Cabral (FDC) , descreve a dinâmica econômica sob o efeito da retomada pós-pandemia, da guerra na Ucrânia e do conflito entre Israel e o Hamas. Segundo ele, as previsões para o produto interno bruto (PIB) dessas economias para 2023 se apresentam baixas sob o efeito das altas taxas de juros derivadas das políticas monetárias adotadas pelos bancos centrais com o propósito de conter o efeito inflacionário.
No entanto, para o Brasil, as expectativas para o crescimento do PIB em 2023 são melhores que aquelas anteriormente previstas, graças aos efeitos positivos das medidas adotadas pelo governo federal desde a pandemia. Isso revelou um desempenho econômico favorável do Brasil, mesmo comparado com as maiores economias globais.
“De forma específica, a crescente inflação global e a centralidade nos temas da segurança energética e alimentar foram alguns dos vários impactos. Vimos que a esses temas foram adicionados um processo de desaceleração da globalização, bem como as várias tensões geopolíticas em curso já há algum tempo e agora acrescidas pelo conflito entre Israel e o Hamas”, sinaliza o professor da FDC e responsável pelo estudo, Gilmar de Melo Mendes.
Confira detalhes do estudo realizado pelo professor:
O conflito entre Israel e o Hamas em Gaza abriu uma nova frente de tensão global, que já estava intensificada por conta da guerra na Ucrânia, dos conflitos comerciais entre EUA e China, além das tensões no mar do Sul da China e em torno de Taiwan. “Tudo isso distancia as possibilidades de paz e implica em aumento de tensões geopolíticas globais, inclusive com a preocupação de uma escalada nos conflitos e de forma específica a participação do Irã”, pontua Mendes.
Aumento nos preços de petróleo podem incorrer dentro deste contexto, o que impulsonaria ainda mais a inflação global, empurrando o mundo para uma recessão econômica. No entanto, é importante notar que, embora seja cedo para avaliar o impacto completo, devido à singularidade deste conflito, houve variações nos preços do petróleo nos estágios iniciais da contra ofensiva de Israel, que depois retornaram aos níveis anteriores.
Vivemos a expectativa de inflação descendente para 2023, em torno de 4,86%, estendida para uma expectativa mais decrescente para 2024, demonstrada a eficiência das medidas adotadas e as características de externalidades geradoras dos impulsos inflacionários. O Banco Central, no Relatório de Inflação de junho de 2023, observa que a melhoria da expectativa do mercado, revelada para os anos mais distantes, pode estar associada a incertezas menores em relação à situação fiscal e à percepção de que ficou menos provável uma possível elevação da meta de inflação para os próximos anos.
Diante das perspectivas inflacionárias e da consequente subida das taxas de juros, as projeções macroeconômicas do PIB do Brasil para 2023 têm sido recalculadas pelas diversas instituições do mercado. No entanto, para 2024, as previsões seguem com variações em torno de 1,5% tal como registrados nas projeções do FMI. Por sua vez, o Banco Mundial segue com uma projeção bem próxima, com 1,4% para 2024.
Essa projeção indica uma política monetária com flexibilização, como já vem ocorrendo com expectativas da taxa Selic em patamares em torno de 12% a.a. ao fim de 2023 e expectativa de 9% a.a. ao fim de 2024. Em compensação, tem-se uma expectativa de aprovação do arcabouço fiscal no Congresso Nacional e, com isso, a realização de resultados mais favoráveis para o resultado primário.
Esse cenário de projeções mais favoráveis a partir de 2023 por certo considera um avanço nas reformas como também nos níveis de inflação e relação dívida pública/PIB de acordo com os valores anteriores apresentados. A prevalecer esse equilíbrio, essa projeção do Ministério da Fazenda se apresenta crível para o crescimento do país.
Segundo o Banco Central, no Relatório de Inflação de setembro de 2023, a taxa de desocupação tradicional está no menor nível desde 2015, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), atingindo 7,8%. No entanto, diferentemente do que ocorreu nos três trimestres anteriores, quando a contribuição para queda havia sido a retração da força de trabalho, nesse trimestre, encerrado em julho, o recuo da taxa de desocupação decorreu do crescimento da população ocupada.
A taxa de participação – percentual de pessoas na força de trabalho em relação às pessoas em idade de trabalhar – seguiu na trajetória descendente e se posiciona em patamar inferior ao observado no período pré-pandemia. De outro modo, o nível de ocupação, razão entre a população ocupada e a população em idade de trabalhar, também continuou em declínio e se aproximou do nível observado imediatamente antes da pandemia.
O Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) voltou a registrar geração elevada de empregos formais nos últimos meses, após arrefecimento no fim de 2022. Alguma recuperação do emprego com carteira também foi verificada na série dessazonalizada correspondente da PNAD Contínua. Ainda segundo o Banco Central, no mesmo relatório de inflação, os resultados positivos do Novo Caged refletiram forte retomada das contratações que foram disseminadas entre as atividades econômicas.
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