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Médica da Fiocruz: “Anvisa consegue aprovar vacina em menos de 60 dias”

Em live da Bússola, Margareth Dalcolmo celebra vacinas como a solução contra a Covid-19 e chama movimentos antivacina de criminosos

Vacina contra covid-19 (Tatyana Makeyeva/Reuters)

Vacina contra covid-19 (Tatyana Makeyeva/Reuters)

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Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 20h19.

Última atualização em 1 de novembro de 2022 às 20h19.

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Um dia depois de o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária deve levar cerca de 60 dias para avaliar e aprovar vacinas contra o novo coronavírus, a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, afirmou que a Anvisa tem condições técnicas de concluir o processo em muito menos tempo. “Não existe atalho e nós temos que respeitar nossos órgãos regulatórios. Como brasileira, eu não tomaria uma vacina sem aprovação da Anvisa. Mas a agência não precisa levar 60 dias. O órgão tem qualificação técnica para emitir um parecer no modelo ‘fast-track’. Na Inglaterra, por exemplo, foram 72 horas. Basta querer”, destacou a médica, que é uma das maiores especialistas em Covid-19 no Brasil. A declaração foi dada no webinar promovido nesta quarta-feira, 9, pela Bússola, para debater o aumento de casos da doença no país e a corrida pela vacina.

Ao comparar as vacinas em teste no Brasil (Oxford/AstraZeneca, Pfizer/BioNTech, Johnson & Johnson/Janssen, Coronavac/Sinovac e Sputnik V), Dalcolmo ressaltou o protagonismo do país nos estudos de fase 3 dos imunizantes e explicou que, em termos de eficiência, os resultados devem ser muito parecidos. “Embora sejam modelos de vacinas diferentes – vírus inativado não replicante, adenovírus de chimpanzé ou RNA mensageiro – a eficácia de todas será muito semelhante. Devem alcançar, em média, 60% de proteção. Com o tempo, serão aprimoradas, já que o SARS-CoV-2 não vai embora tão cedo de nossas vidas”, disse. Atualmente, quase 200 vacinas estão em fases pré-clínicas e clínicas de estudo.

Mesmo que, no momento, o Brasil ainda não tenha nenhuma vacina registrada, a pesquisadora da Fiocruz já celebra os imunizantes como a grande resposta ao coronavírus. “ Mais do que esperança, as vacinas são a solução. A Covid-19 é uma virose aguda e não se resolve com tratamento. Para as viroses crônicas, como Aids e Hepatite C, existem esquemas de tratamento. Todos os que já foram testados contra a Covid, sejam com antivirais ou anti-inflamatórios, revelaram-se frustrantes”, esclareceu.

Justamente pela importância da imunização, a médica afirmou que a vacina é um direito e a discussão sobre obrigatoriedade é de um obscurantismo completo. “Considero os movimentos antivacina criminosos pelo desserviço que prestam. Felizmente no Brasil, eles não prosperaram muito até agora. Mas, ainda assim, temos ouvido coisas inacreditáveis, como, por exemplo, que as vacinas vão mudar o código genético. A opinião pública fica confusa diante de tanta desinformação”, lamentou.

Sobre o aumento de casos no Brasil, que se aproxima da marca de 180 mil mortos, Margareth Dalcolmo acredita que o país ainda não enfrenta o que pode ser caracterizado como 2ª onda, mas teme pela escalada mais forte da doença com as festas de fim de ano. “No Brasil, está havendo um recrudescimento real e previsível ainda da primeira onda. Nós sabíamos que, com essas reaberturas todas, sem que nós tenhamos alcançado um declínio, o país manteria um patamar de transmissão muito alto. Não conseguimos achatar a curva. Nós chamamos de 2ª onda quando nós temos um aumento superior a 50% no número de casos e no número de mortes. Isso ainda não ocorreu no Brasil, mas eu vejo com pessimismo o mês de dezembro com as celebrações de Natal e Ano Novo, que poderão trazer um fim de ano e um janeiro muito tristes”, alertou.

A pneumologista destacou ainda o crescimento de casos entre jovens, que, de forma irresponsável, participam de festas e eventos sociais, chamados por ela de “celeiros de transmissão”. “Com esse comportamento irracional por parte da sociedade, poderemos enfrentar um período ainda mais desafiador no início de 2021”, informou.

Mesmo com a chegada da vacina, Dalcolmo prevê que novos hábitos trazidos pela pandemia durarão por um bom tempo. “O novo coronavírus não vai embora tão cedo, ele vai continuar mantendo uma certa endemicidade. Independentemente de nos vacinarmos, nós teremos que manter o uso de máscaras. Pelo menos, pelos próximos dois anos. A Covid-19 é um fenômeno modificador de nossas vidas”, disse. E, ao fim da live, fez um apelo para que a sociedade evite as tradicionais confraternizações de dezembro: “esse natal não será igual aos outros e todos temos que estar vivos e saudáveis para os próximos natais e os anos que virão”.

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