47% das empresas brasileiras dizem que o custo de matéria-prima é um problema, segundo pesquisa (Rawpixel.com - Freepik/Reprodução)
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Publicado em 22 de fevereiro de 2023 às 18h15.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2023 às 15h42.
O ramo da construção civil é responsável por milhões de empregos diretos e indiretos, movimentando toda a economia nacional à medida que injeta dinheiro através da venda de materiais, contratação de serviços e dos salários pagos aos operários. Porém, passou por impactos na produção de insumos que ainda podem ser vistos e devem se refletir este ano.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) fez um estudo com 400 empresas brasileiras e 47% delas firmaram que a falta ou o alto custo de matéria-prima foi o principal problema no ano passado. A taxa de juros elevada foi destacada por 29,8% dos entrevistados. Já a falta ou alto custo do trabalhador qualificado foi relatada por 20,3%.
De acordo com Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), os três insumos que mais sofreram aumentos nos custos entre julho de 2020 a junho de 2022 foram vergalhões e arames de aço ao carbono (99,60%); tubos e conexões de ferro e aço (89,43%) e tubos e conexões de PVC (80,62%).
No sentido oposto desses gargalos, o mercado matcon segue resiliente. Serviço essencial para a sociedade, mesmo durante o isolamento social por conta da pandemia do coronavírus, o setor continuou suas atividades e atingiu um crescimento de quase 6% em 2022, segundo projeção da Construction Intelligence Center.
Com esse resultado, o PIB do setor supera o nível pré-pandemia (2019) em quase 9% e vai diminuindo a distância para o pico registrado em 2013 (-21,7%).
Outra pesquisa realizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revela que o setor de construção civil registrou 430 mil novas vagas de emprego com carteira assinada entre março de 2020 a maio de 2022. A quantidade de novas obras e projetos tiveram um crescimento de 3% no primeiro semestre do ano passado.
No franchising, o desempenho também se mostrou positivo. De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), o mercado teve faturamento de R$ 3,5 bilhões no 2º trimestre de 2022, o que representa um crescimento de 17,4% em relação ao ano anterior.
Em um cenário de economia robusta, 2023 deve ser marcado por diversas oportunidades na área de matcon. Entre os fatores que impulsionam a estimativa positiva estão a crescente estabilidade do preço dos materiais de construção e a melhorada economia do país, que gera mais confiança ao consumidor.
O ciclo de negócios em andamento, iniciado nos últimos dois anos, também deve garantir o ritmo das atividades do setor em 2023, assim como a consolidação do Bolsa Família de R$ 600 e as novas medidas para o Programa Minha Casa Minha Vida.
Em uma sociedade que aprendeu a ressignificar o morar após anos de isolamento, lutando pelo reequilíbrio político e social, a expectativa é de que este ano a construção civil siga se destacando e contribuindo de forma estratégica para o país.
O bom desempenho da área exerce efeito positivo em toda a economia nacional, em função da sua extensa cadeia produtiva. Tudo isso só deve se fortalecer daqui para frente.
*Por Patrícia Zanlorenci é CEO da Vellore Ventures
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