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Marcelo de Sá: Consumo de cerveja no Brasil se mantém em alta

Setor cervejeiro movimenta bilhões de reais todo ano e gera 2 milhões de empregos diretos no país

Crise não afeta mercado (Adermark Media/Getty Images)

Crise não afeta mercado (Adermark Media/Getty Images)

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Publicado em 14 de dezembro de 2022 às 14h00.

Com a iminente chegada do verão, não é difícil entender porque a cerveja é uma das paixões nacionais. Quem resiste à versão "bem gelada" em um calor de 40 graus? E, que outra bebida harmoniza tão bem com a variedade de sabores da nossa rica culinária? Não à toa, as cervejas vendidas em supermercados acumularam alta de 16,5%, seguindo no pódio dos brasileiros. Com o verão, festas de final de ano e finais da Copa do Mundo, as projeções são de uma explosão ainda maior de vendas.

Hoje, o setor cervejeiro é responsável por um faturamento de R$ 77 bilhões por ano, gera mais de dois milhões de empregos diretos, em uma cadeia que vai do campo ao copo. No Brasil, a produção em 2021 foi superior a 14 bilhões de litros de cerveja. Para termos uma ideia desse volume, a China produziu cerca de 48 bilhões de litros e os EUA, aproximadamente 22,5 bilhões.

A retomada do setor de alimentos e bebidas aliada à volta do consumidor a bares e restaurantes, após mais de um ano de isolamento social durante a pandemia, contribuiu para o crescimento do mercado, que segue consistente.

Mercado cresce no Brasil, apesar da inflação persistente

Mesmo com a perda de 8,7% na renda média do brasileiro, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os dados de produção de bebidas alcoólicas no Brasil indicam crescimento, na comparação anual.

Nem a alta persistente da inflação conseguiu frear o consumo interno da cerveja, que segue respondendo por cerca de 90% do que a indústria nacional produz. Hoje, o Brasil é o terceiro maior consumidor de cerveja do mundo, atrás apenas de China e Estados Unidos.

Entretanto, durante os dois anos de pandemia no país, foi possível observar uma mudança de perfil no consumo de bebidas. Parte do que era consumido na rua, passou a ser apreciado em casa.

Esse comportamento possibilitou ao mercado de bebidas driblar as limitações de encontros sociais e o fechamento de bares e restaurantes durante a pandemia e não sofrer tanto com as consequências econômicas da crise, assim como outros segmentos do varejo, como vestuário, por exemplo, que hoje apresenta a maior inflação dos últimos 27 anos.

Desafios da mudança de hábito no consumo de cerveja do brasileiro

Se os novos hábitos dos consumidores brasileiros ajudaram a indústria cervejeira a não amargar uma crise financeira pós-COVID, as consequências do consumo em casa impulsionaram a demanda de garrafas de vidro, não prevista por alguns fabricantes do vasilhame.

Até o final de 2022, o mercado de bebidas deve seguir alerta ao risco de escassez. A situação deve se restabelecer até o fim de 2023, com a expansão de 30% da capacidade produtiva na indústria.

Outra mudança que deve mexer com o setor de cerveja no próximo ano são as adequações às práticas ESG: uso de embalagens retornáveis ou feitas de materiais recicláveis.

Os números do mercado de “multi-pack”, papel usado em embalagens secundárias da bebida para substituir o plástico, avançam. Assim como o ritmo de expansão do consumo de cerveja no Brasil, este também é um setor que segue com tendência a acelerar, incluindo embalagens com outros tipos de matérias-primas, como celulose de fibra curta e aparas.

A cerveja Petra, por exemplo, lançou um projeto sustentável em Maragogi (AL), chamado Petra Rotas Sustentáveis, que tem como objetivo revitalizar e levar soluções sustentáveis para os PDVs (Pontos de Vendas) de locais turísticos onde a marca está presente.

Ainda nestes estabelecimentos estão sendo instalados expositores feitos com materiais sustentáveis, estimulando a utilização de ecobags no lugar de sacolas plásticas. Outra novidade são as instalações de totens ‘papa latas’ Petra Recicla.

Como parte do processo de conscientização da comunidade litorânea, os totens terão mensagens educativas para ressaltar a importância de cuidar da natureza e incentivar a depositar este resíduo ali adequadamente.

Consumo de cerveja premium cresce e se estabelece no país

Com maior teor de malte de cevada, o que imprime um sabor mais amargo, devido à maior quantidade de lúpulo na composição, a cerveja premium tem conquistado mais apreciadores no Brasil.

De olho nesse segmento, grandes fabricantes de cerveja premium têm apostado no produto como meio de garantir um faturamento maior. Nosso Grupo Petrópolis, fabricante da Itaipava, apresentou, recentemente ao mercado, a versão 100% malte.

No estilo American Lager, a receita da Itaipava 100% malte é produzida apenas com água, lúpulo e maltes provenientes da cevada, fazendo com que seu aroma seja maltado e de cereais, trazendo um sabor com um leve toque frutado da fermentação, combinando com vários pratos da culinária nacional.

O fato é que, independente da faixa social e da preferência do paladar, a cerveja está presente em massa nos lares brasileiros. E a cada ano cresce o número de consumidores no país, mostrando que a bebida vem sendo trabalhada no mercado nacional para atender todas as demandas.

Que venha um ano saboroso para a indústria cervejeira. Um brinde a 2023!

*Marcelo de Sá é CFO do Grupo Petrópolis, fabricante das marcas de cerveja Itaipava, Petra, Black Princess, Cacildis, Crystal, Lokal e Weltenburger Kloster, do refrigerante it!, do energético TNT e da água mineral Petra*

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