Urna eletrônica foi usada pela primeira vez em 1996. (Ueslei Marcelino/Reuters)
Bússola
Publicado em 9 de março de 2022 às 20h30.
A sete meses dos brasileiros irem às urnas para escolher presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais, a corrida eleitoral segue em ritmo intenso. A campanha começa oficialmente apenas em agosto, mas a movimentação de partidos e grupos políticos na negociação de apoios não para. Nesse contexto, a Bússola realizou nesta quarta-feira, 9, um webinar para debater tudo o que você precisa saber na caminhada rumo às eleições.
Participaram do debate mediado pelo diretor da plataforma, Rafael Lisbôa, o analista político da FSB Comunicação, Alon Feuerwerker; Marcio de Freitas, também analista político da FSB Comunicação, e Marcelo Tokarski, sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência.
Sabe-se que março é considerado um mês estratégico para a costura das alianças avançarem, em que ocorre a janela partidária, isto é, o período de trinta dias em que deputados estaduais e federais podem trocar de legenda sem perder o mandato por infidelidade partidária. A dança das cadeiras, que deve alterar o tamanho de vários partidos no Congresso, será importante para a composição das chapas que concorrerão às vagas em outubro.
O mês também começou com a decisão de o Supremo Tribunal Federal manter em R$ 4,9 bilhões o fundo eleitoral, verba aprovada pelo Congresso que será utilizada para financiar as campanhas este ano e é mais do que o dobro do valor gasto nas eleições de 2020 e 2018. A maioria dos ministros do STF argumentou que o estabelecimento do fundo é prerrogativa do Legislativo, não cabendo ao Judiciário intervir.
Na disputa presidencial, as últimas pesquisas revelam que a distância entre os dois primeiros colocados vem diminuindo. O ex-presidente Lula (PT) segue na dianteira em todos os levantamentos, mas a sua vantagem reduziu em relação a Jair Bolsonaro (PL), que se consolida de maneira isolada na 2ª posição. O atual presidente se afasta cada vez mais dos demais candidatos, que tentam se viabilizar como aposta de 3ª via no confronto entre o lulopetismo e o bolsonarismo, mas não chegam a dois dígitos das intenções de voto.
Dois temas em especial têm ocupado a pauta de candidatos e eleitores. Um deles é, claro, a pandemia. Em dois anos, o coronavírus tirou a vida de mais de 6 milhões de pessoas em todo o mundo, e o Brasil ultrapassou a triste marca de 650 mil mortes. Um alento diante de números tão trágicos é que a 3ª onda de covid-19 perde força em ritmo acelerado no país. Depois da explosão de casos pela variante ômicron no início do ano, o contágio segue em queda expressiva.
Com maior controle da doença e cerca de 80% da população vacinável com o esquema de imunização completo, o Ministério da Saúde já estuda rebaixar de pandemia para endemia o status da covid-19 no Brasil. Além disso, o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras vem sendo discutido em várias partes do país. Esta semana o Rio de Janeiro foi a primeira capital a dispensar de vez as máscaras, inclusive em ambientes fechados.
Se o coronavírus dá sinais de trégua, um outro assunto tem deixado o planeta em alerta: a guerra na Ucrânia. A invasão pela Rússia do país vizinho tem provocado reações em todo o mundo e foi condenada pela Assembleia-Geral da ONU, que aprovou resolução pedindo a retirada das tropas russas. O Brasil foi um dos 141 países a votar a favor da resolução que reafirma a independência da Ucrânia e a sua integridade territorial. Além disso, o governo brasileiro também condenou a invasão do território ucraniano em votação no Conselho de Segurança da ONU, onde é membro temporário.
Apesar das manifestações do Brasil nos fóruns internacionais, oponentes de Bolsonaro na corrida eleitoral têm criticado a postura do presidente em relação ao conflito. Dizem que sua reação tem sido tímida diante da ofensiva militar de Putin contra os ucranianos, que vem sendo repudiada pela comunidade internacional. Já Bolsonaro defende um tom mais cauteloso e afirma que a posição mais sensata do país deve ser o equilíbrio.
Com as duras sanções econômicas contra a Rússia impostas pelo Ocidente, em especial os Estados Unidos e a União Europeia, o governo de Vladimir Putin está cada vez mais isolado. E os impactos da guerra lá no Leste Europeu devem ser sentidos no bolso dos brasileiros e podem ter reflexos inclusive nas eleições de outubro.
O principal efeito econômico do conflito é a disparada da inflação global. A alta de preços, que já vinha corroendo a renda e o poder de compra dos brasileiros, deve atingir ainda mais os alimentos, em especial os grãos, e os combustíveis, com o valor do barril de petróleo batendo recorde. Isso sem falar na escassez de fertilizantes, que afeta diretamente o agronegócio brasileiro.
Como fica, então, o quadro eleitoral nessa nova conjuntura externa e interna? Como a guerra na Ucrânia e suas implicações econômicas podem afetar a corrida presidencial? Qual vai ser o peso da pandemia, que dá sinais de enfraquecimento, na disputa? O que podemos esperar do troca-troca a partir da janela partidária e quais seus reflexos na composição das alianças? Que tendências apontam as pesquisas mais recentes em relação aos presidenciáveis? O que explica o crescimento de Bolsonaro registrado nos últimos levantamentos? Ainda existe espaço para uma candidatura competitiva da chamada 3ª via?
Todas essas questões foram debatidas com os convidados. Assista na íntegra no canal da Bússola no YouTube.
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