Grandes eventos colaboram para a retomada do setor (AFP/AFP)
Bússola
Publicado em 2 de junho de 2022 às 17h45.
Última atualização em 2 de junho de 2022 às 18h16.
Um dos setores mais atingidos durante a pandemia está encontrando aos poucos sua rota de crescimento. Após um longo período de fronteiras fechadas e distanciamento social imposto pelo coronavírus, a retomada crescente do setor de turismo esteve aliada à saúde e segurança, uma vez que o avanço da vacinação contra a covid-19 permitiu a volta das atividades turísticas e das viagens nacionais e internacionais.
O índice de atividades turísticas no Brasil, medido pelo IBGE, fechou 2021 com alta de 21%. Já o estudo da FecomercioSP mostra que o setor faturou no ano passado R$ 152,4 bilhões, aumento de 12% em relação a 2020. Os números de 2022 animam o setor: os dados do IBGE do primeiro trimestre mostram expansão de mais de 42% das atividades turísticas em comparação ao mesmo período de 2021.
Entre as apostas para atrair os visitantes e aquecer cada vez mais a cadeira produtiva do turismo está o calendário robusto e repleto de grandes eventos. O Ministério do Turismo contabiliza quase mil eventos em 2022. Nos próximos dias, por exemplo, têm início os festejos juninos, que, somente no Nordeste, movimentam R$ 1 bilhão. Em setembro, será a vez da cidade do Rio de Janeiro voltar a receber o Rock in Rio, três anos depois da última edição brasileira do festival de música.
O tema foi discutido em webinar promovido pela Bússola na última quarta-feira moderado pelo jornalista, Rafael Lisboa, mochileiro e diretor da Bússola, Fábio Pinheiro, secretário nacional de Desenvolvimento e Competitividade do Turismo do Ministério do Turismo, João Marcello Barreto, presidente da Orla Rio, Paulo Pimentel, diretor de Travel Suppliers do Hurb, e Ulisses Marreiros, gerente-geral do Copacabana Palace.
Desde o início da pandemia, o Ministério do Turismo trabalhou para reduzir os impactos desse período tão desafiador. Entre as ações promovidas pelo órgão estão a oferta de crédito, o investimento em infraestrutura turística, cursos de qualificação profissional, a regulação das relações de consumo e a definição de protocolos para as atividades turísticas. “Atuamos fortemente no tripé das relações, criando o consumidor.gov em parceria com o Ministério da Justiça e fornecendo crédito ao setor de turismo. Demos possibilidade para que os pequenos e grandes pudessem se fortalecer durante a pandemia. E para fortalecer os laços, lançamos o selo de turismo responsável. O Brasil foi um dos primeiros a criar esse protocolo, com práticas mais seguras para que os estabelecimentos pudessem trazer de volta a confiança do turista”, afirmou Fábio Pinheiro, do Ministério do Turismo.
A maior plataforma de viagens online do Brasil, o Hurb, se reorganizou durante a pandemia e trouxe à tona o conceito de tornar o turismo mais fácil e acessível para todos, conectando pessoas e lugares. “Para superar os desafios impostos pelo coronavírus, negociamos com os fornecedores e criamos um modelo de viagem para comprar com antecedência e planejamento. Investimos em tecnologia e inteligência de dados e entendemos que o cenário e as exigências dos viajantes haviam mudado. A busca pelos destinos nacionais cresceram e quase 80% de nossos viajantes optaram por explorar as riquezas do país”, disse Paulo Pimentel. A plataforma disponibilizou novos serviços, facilitou os meios de pagamento e ofertou financiamento da compra de pacotes em até 30 vezes, tudo para caber no bolso dos turistas
Um dos hotéis mais famosos do Brasil e do mundo, o Copacabana Palace, teve de fechar suas portas durante a pandemia. Um momento desafiador para o empreendimento, que no próximo ano completa 100 anos. Em agosto de 2020, o Copacabana retomou seguindo os protocolos sanitários instaurados pelos órgãos públicos e pelo estado do Rio de Janeiro. O hotel faz parte da rede Belmond, uma das líderes globais do turismo de luxo, já recebeu centenas de artistas e é referência em hospedagem para turistas internacionais. Segundo Ulisses Marreiros, “o Copacabana Palace começou 2021 com crescimento, e a partir de outubro houve uma retomada forte do setor. Antes da pandemia, grande parte dos hóspedes era internacional e o que vimos em 2021 é que cerca de 82% do nosso público passaram a ser de brasileiros. Com isso, houve uma mudança de comportamento dos consumidores”. Essa alteração foi perceptível e a mudança do calendário de eventos ajudou a reforçar a volta do turismo nacional. “Registramos um período de reservas muito forte no mês de abril, com o Carnaval fora de época, por exemplo.”
Ainda durante a pandemia, muitos outros estabelecimentos precisaram fechar as portas para conter o avanço da doença no país. Entre eles estavam os quiosques da Orla Rio, que rapidamente se recuperaram na reabertura com ações culturais e eventos. Afinal, não há cartão-postal que represente melhor o Rio de Janeiro do que as praias. E alguns dos principais pontos de encontro à beira-mar, onde visitantes e cariocas se divertem, são justamente os mais de 300 quiosques entre o Leme e o Pontal, administrados pela concessionária Orla Rio. “O ano de 2022 está sendo um ano ímpar para nós e todos os nossos operadores. O nosso universo, que representa 34 quilômetros de praia e nove praias, somando 205 operações, se compararmos aos cinco primeiros meses de 2021 com o mesmo período de 2022, tivemos aumento nas vendas em 45%. Em venda de clientes, o aumento foi de 25% de consumo nos nossos quiosques”, declarou João Marcello Barreto, presidente da Orla Rio, que só em 2021 contabilizou a abertura de 38 novas operações. Para essa retomada, um calendário de eventos recheado é “estritamente importante”, diz ele, já vislumbrando que nesse ano o Rio de Janeiro e o Brasil como um todo têm no radar eventos de grande porte e que atraem o público, como o Rock in Rio, e a Copa do Mundo —, este último, sempre um momento que atrai os fãs para assistirem aos jogos em locais temáticos.
E o que esperar do turismo no futuro? De acordo com o secretário, o Ministério do Turismo tem reconhecido as atividades do setor e a determinação é manter as ações de apoio e suporte ao setor. Para o Hub, será necessário desenvolver novos locais e novos destinos, com a cadeia produtiva customizada, aumentando o catálogo do turista a destinos usando e empregando a tecnologia para que a plataforma possa conectar os passageiros a destinos nacionais e internacionais. O Copacabana Palace tem a expectativa de retomada forte do turismo de luxo, com o apoio de eventos e turismo internacional. E para a Orla Rio, o futuro do setor estará ligado a juntar o físico com o digital, fornecendo novas oportunidades, vantagens e benefícios aos visitantes.
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