Futuros preferíveis: propósito se tornou palavra-chave (Roman Synkevych/Divulgação)
Bússola
Publicado em 22 de julho de 2021 às 20h15.
As organizações estão cada vez mais conscientes de que a transformação da sociedade é também sua responsabilidade. Sendo assim, o propósito tornou-se a palavra-chave do momento, que orienta empresários em suas decisões estratégicas e influencia consumidores e investidores na hora de escolher uma marca. Este foi o tema central do debate de ontem em mais um webinar da Bússola sobre os caminhos para um modelo de desenvolvimento econômico mais sustentável e soluções criativas das empresas para gerar impacto e propósito.
Essa conjuntura de transformações e desafios foi tema da segunda live da série “Futuros Preferíveis” promovida pela Bússola, que reuniu Luciana Antonini Ribeiro, sócia da gestora de private equity eB Capital; José Pugas, sócio e head de ESG e agronegócio na JGP Crédito; e Fred Gelli, cofundador e CEO da Tátil Design. A mediação foi realizada pelo jornalista Rafael Lisbôa.
Entre todas as questões que têm mobilizado o poder público, iniciativa privada e cidadãos, a defesa do meio ambiente é certamente uma das mais urgentes. A recuperação pós-covid passa obrigatoriamente pela economia verde. Para crescer, o setor produtivo precisa entender que produzir e preservar não são verbos antagônicos.
“Chegamos a um ponto de não retorno em relação ao tema da sustentabilidade. Houve um agravamento nas condições climáticas do mundo, fazendo com que o assunto se tornasse central para as organizações e a sociedade em geral. A União Européia vem tomando frente a esse novo mundo. Recentemente criou uma taxa de carbono sobre produtos importados. Ela tem sido sábia porque entendeu que o assunto será um motor de transformação e inovação no planeta. Essa nova consciência chegou nas empresas. Uma pesquisa McKinsey & Company apontou que para 60% dos CEOs mundiais, a temática se tornou prioritária em suas estratégias de negócio”, afirma Luciana.
Para Fred Gelli, os consumidores estão cada vez mais atentos e em busca de experiência e de propósito, além de mais atentos ao posicionamento das marcas em relação à sustentabilidade. Entretanto, as empresas no Brasil ainda precisam trilhar um longo caminho para este entendimento.
“Ainda existe falta de percepção das marcas. Assim como estávamos perdidos durante a época da transformação digital, quando houve uma grande discussão de como as empresas se adaptariam àquele novo mundo tecnológico, hoje em dia está acontecendo o mesmo com relação a como vamos migrar enquanto sociedade para este novo e imprescindível mundo verde. As marcas precisam deitar no ‘divã’, encontrar uma via sustentável para essas questões. A pressão está por todos os lados. Não adianta levantar a bandeira da responsabilidade social e ambiental se não forem verdadeiras. É preciso a ciência de que a natureza será implacável tal qual um serial killer para estas questões. Ela destruirá empresas que não responderem a esse meio”, declara Fred.
O Brasil já foi um protagonista na defesa e na proteção dos temas de sustentabilidade em todo o mundo. Há uma necessidade urgente de reconquista do país por este posto, por sermos uma das maiores biodiversidades do planeta.
“Somos, sem dúvida, uma grande potência do agronegócio, que passa hoje por uma disrupção formando um tripé: as proteínas alternativas, a precificação do carbono e o tema da soberania nutricional, que ganhou um espaço grande durante a pandemia. Porém, precisamos retomar nossa tradição em ecoinovação e sustentabilidade. Essa discussão passa pela sobrevivência econômica do país. Ou nos tornamos uma potência agroambiental ou a história vai nos enterrar. Precisamos trazer não só as lideranças públicas novamente à mesa de discussão, como também as empresas e a academia”, afirma José Pugas.
Ao se pensar na mobilização de toda a sociedade por um futuro melhor, que seja mais inclusivo e menos desigual, as empresas têm um papel estratégico. A transformação social é uma tarefa conjunta, que envolve o poder público, mas também a iniciativa privada.
“O capital privado pode e deve atuar em conjunto pela construção desse futuro preferível. O private equity é bastante obcecado por escala, que em última análise é o que ajuda a resolver. O ponto é como escalar de forma eficiente. Em comparação com a Alemanha, que recicla cerca de 30% do seu lixo, o Brasil recicla apenas 7%. Bangladesh realizou uma transformação social muito importante. O país deu um salto de produtividade ao treinar jovens em tecnologia. Já aqui no Brasil, temos um contingente enorme de desempregados e inúmeras vagas de TI em aberto. Escalar a solução é essencial para se alcançar retornos concretos”, afirma Luciana Antonini Ribeiro.
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