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Interação entre meio ambiente e setor de eventos precisa avançar

Eventos e festivais no Brasil vêm resultando em uma quantidade massiva de lixo produzida, e não estamos sabendo o que fazer com ele

Brasil é o quarto país que mais produz lixo no mundo (Getty Images/Getty Images)

Brasil é o quarto país que mais produz lixo no mundo (Getty Images/Getty Images)

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Publicado em 26 de abril de 2023 às 17h30.

Por João Paulo Picolo*

O Brasil é o quarto maior produtor de lixo do planeta. De acordo com levantamento do World Wide Fund for Nature, são 82 milhões de toneladas produzidas por ano só aqui no país. Deste total, pesquisadores apontam que cerca de 183 mil são descartes industriais. Outras tantas toneladas de resíduos também são gerados pelo setor de serviços - o que acende um alerta sobre o papel do segmento brasileiro na atuação contra impactos ambientais, especialmente para a área de eventos.

Afinal, é só pensar em um pavilhão para logo vir à mente a quantidade de materiais usados e, em tão curto intervalo de tempo, descartados. Em feiras de negócios e exposições, a produção de plástico, lona, madeira, papelão, vidro, carpete e outros resíduos é altíssima. E, segundo estimativas do setor, até 70% desses materiais não são reutilizados, o que levanta questionamentos acerca de um futuro mais verde para o mercado.

Mas como minimizar o descarte desses materiais? Entre outras alternativas, os estandes sustentáveis aparecem como uma forma de interação do setor com o ESG, ganhando força no Brasil. São espaços pré-fabricados em módulos, a partir de soluções mais resistentes, como aço carbono, vidro, piso vinílico e outros, o que permite a reutilização da estrutura e, consequentemente, um índice quase zero de geração de resíduos. A produção poupa água, energia a outros recursos naturais.

Contudo, verdade seja dita: alternativas para impasses ambientais ainda têm custo mais elevado e, provavelmente por esse motivo, são pouco adotadas. Mas isso não pode impedir o mercado de pensar e, principalmente, fazer algo pelo futuro. Afinal, conforme o engajamento das empresas com o “E” aumenta, barateia-se o valor desses projetos e há a popularização de ações mais sustentáveis, tornando o investimento acessível a todos.

É preciso, então, que as promotoras se unam e deem, juntas, o primeiro passo. Se não, que algumas abracem esse pioneirismo para inspirar as demais. É o que estamos fazendo na NürnbergMesse Brasil, em parceria com a USET, que desenvolve projetos reutilizáveis, com diferentes possibilidades. Foi com essa equipe que realizamos, em 2022, o primeiro evento com 100% dos estandes sustentáveis aqui no Brasil - o Catarina Aviation Show.

A adoção e o incentivo ao uso dessa alternativa é um começo. A separação correta do lixo indoor é outra meta. A destinação dele a lugares diferentes dos tradicionais pode ser mais um caminho. Opções existem. Mas falta tempo, já que hoje as promotoras têm um ou dois dias para desmontar uma feira, falta espaço para acomodar esses resíduos, falta gente querendo participar dessa mudança. Então é preciso sair da teoria e avançar para a prática, sabendo dos desafios que iremos enfrentar.

É hora de mudar a chave e entender que as alternativas mais sustentáveis não são custos, mas investimentos. Organizadoras de eventos de outros países, com maior engajamento ambiental, já se mobilizaram, mas é o Brasil que concentra os principais e maiores eventos da América Latina. A mudança tem que começar e o momento é agora. Somos vanguardistas em muitos aspectos e seremos neste também.

*João Paulo Picolo é CEO da NürnbergMesse Brasil

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