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Inovação avança na pandemia, mas ainda falta ser prioridade no Brasil

Webinar da Bússola debateu os entraves que impedem um ecossistema mais inovador no país e as oportunidades com o projeto que cria o marco legal das startups

Startups: inovar nunca foi tão necessário quanto na pandemia (Hispanolistic/Getty Images)

Startups: inovar nunca foi tão necessário quanto na pandemia (Hispanolistic/Getty Images)

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Publicado em 27 de outubro de 2020 às 21h40.

Última atualização em 1 de novembro de 2022 às 19h59.

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Inovar nunca foi tão necessário quanto na pandemia. Os desafios inéditos têm exigido respostas mais criativas e ágeis. Empresas e governos precisaram acelerar processos, digitalizar a rotina e se reinventar para reagir à crise. Com o objetivo de fomentar um ecossistema mais inovador no Brasil, que, mesmo sendo a nona economia do mundo, ocupa apenas a 62ª posição no Índice Global de Inovação, o governo federal acabou de enviar ao Congresso o Projeto de Lei Complementar nº 249/2020, que cria o marco legal das startups. Para especialistas que participaram da live realizada hoje, 27 de outubro, pela Bússola, a iniciativa é importante, mas ainda há muito o que avançar. A conclusão é que, apesar da transformação digital acelerada nos últimos meses, a pauta da inovação ainda não é prioridade.

Gianna Sagazio, diretora de inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), explica que inovar é essencial para fortalecer a indústria no Brasil e dinamizar a economia, por isso, o descontingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) é urgente e estratégico. “Este ano, apesar de o Fundo arrecadar mais do que se esperava, nós temos apenas 900 milhões de reais de recursos para utilizar no desenvolvimento de tecnologia e inovação no Brasil, enquanto os países mais desenvolvidos estão investindo na ordem de trilhões”, compara.

“O que está faltando no Brasil nessa área é segurança jurídica, desburocratização, investimento, poder de compra do Estado. Tudo isso é necessário para alavancar as startups no Brasil. É isso que nós vamos discutir no Congresso Nacional”, ressalta o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação. O parlamentar acredita que há muitos jovens nas universidades e fora delas com criatividade de sobra, mas é preciso dar chance a eles.

O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet, concorda e vê mais dois grandes entraves para o desenvolvimento de um ambiente mais inovador, que seja capaz de elevar a produtividade e a competitividade do setor produtivo. “Os ecossistemas de inovação ainda são muito descoordenados, os centros de excelência são desconectados uns dos outros”, explica, alertando que uma missão do país deve ser estruturá-los de maneira pujante. A falta de profissionais qualificados é outro ponto levantado pelo executivo da ABDI.

Inovação aberta tem sido uma das principais apostas da Andrade Gutierrez, que, desde 2018, mantém programa de aceleração e contratação direta de soluções e startups. O gerente de inovação da construtora, André Medina, cita alguns exemplos práticos da importância dessas parcerias. “É um investimento que reduz tempo, custo e compartilha o risco. É possível ainda estar mais próximo de outros mercados e adaptar soluções à nossa realidade”, destaca, listando cases de soluções inovadoras, como um magnetizador de água desenvolvido por universidade que permite economizar cimento e aditivos.

Oferecendo tecnologia na ponta para que essa infraestrutura funcione, o Google Cloud habilita empresas com soluções prontas, sejam grandes ou pequenas, a focar em seu negócio. “Mais do que clientes, a gente pensa no conceito de parcerias. Estimular os parceiros de negócios e encontrar soluções transformadoras no sentido da digitalização. A Lei de Inovação já está bastante em uso na contratação de iniciativas e agora esse marco legal vai dar mais um passo, permitindo que as startups, que são profundamente especializadas, tragam benefícios não só para empresas mas também para o Estado”, relata Alfredo Deak Junior, strategic business executive do gigante de tecnologia.

Além de definir os critérios para que uma empresa seja considerada startup, uma das propostas do PLP 249/2020 é justamente disciplinar e permitir a contratação das startups pela administração pública. O senador Izalci Lucas lembra que o tema já vem sendo discutido no Congresso por meio do PLP 146/2019 e o projeto do governo será apensado a ele. “O debate vai acontecer. Não sei se conseguimos votar ainda neste ano, mas tenho certeza de que nós vamos fazer muito barulho no sentido de pressionar”, afirma o senador. O presidente da ABDI, Igor Calvet, elogia as mudanças trazidas pelo projeto, ainda que tardias, como o fortalecimento da segurança jurídica para a relação com startups, melhoria do ambiente de investimentos e modernização da administração pública.

Gianna Sagazio concorda que a proposta é um avanço, destaca o papel da Confederação Nacional da Indústria na formulação do projeto, mas acrescenta que há desafios ainda em relação a incentivos fiscais e questão trabalhista. “É necessário total reformulação do financiamento da inovação do Brasil. Países da OCDE investem hoje acima de 2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. Nações como a Coreia do Sul e Israel estão chegando a 5% do PIB. Para que a gente continue sendo a nona economia do mundo e avance, é preciso aumentar esse investimento”, conclui a diretora da CNI.

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