Bússola

Um conteúdo Bússola

Imbróglio da vacina indiana pode trazer instabilidade à base do Planalto

Caso Ricardo Salles mostra que é ingênuo pensar que o governo tem total controle sobre investigações

Dia foi agitado na Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado. (Jefferson Rudy/Agência Senado)

Dia foi agitado na Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado. (Jefferson Rudy/Agência Senado)

B

Bússola

Publicado em 25 de junho de 2021 às 20h57.

Por Alon Feuerwerker*

No dia algo agitado de depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19, a oposição colheu duas pontas de fios da meada: 1) a atitude do presidente da República diante de uma acusação trazida a ele sobre eventuais irregularidades e 2) os limites da ação do governo diante da pressão de parlamentares para influir na destinação de verbas contra a pandemia.

Será necessário ver os próximos capítulos para concluir sobre o grau de dificuldade da CPI em chegar a fatos materiais que embasem eventuais pedidos de indiciamento neste caso.

O governo tem um trunfo, que é o contrato em pauta (Covaxin) não ter sido consumado. Mas a oposição pode esgrimir, por exemplo, a diferença do senso de urgência exibido pelas autoridades sanitárias nos casos da Pfizer e da vacina indiana. E há o problema do preço. A oposição diz que é a vacina mais cara de todas. O governo argumenta que o valor negociado é o menor de tabela.

E há o detalhe da tal terceira empresa não citada em contrato e que de repente apareceu no circuito. E tem as dúvidas sobre a empresa que representa os indianos no Brasil.

O presidente da República precisará afastar as nuvens de uma eventual suspeita de improbidade, mas poderá reafirmar que não há acusação de corrupção contra ele. Entretanto, como o governo fará para controlar uma situação em que parte da sua base vier a ser investigada pela Polícia Federal e o Ministério Público?

Se há algum risco político trazido pelo Caso Covaxin é este: gerar instabilidade nas relações do Palácio do Planalto com a base principal de sustentação do governo no Congresso, e que o vem protegendo até agora das flechadas desferidas pela oposição e pelo antibolsonarismo extraparlamentar.

Já se viu no caso do agora ex-ministro Ricardo Salles que, mesmo com as alterações na cúpula da Polícia Federal, é ingenuidade imaginar que o governo tem controle absoluto sobre o andamento de investigações.

*Alon Feuerwerker é analista político da FSB Comunicação

Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedinTwitter | Facebook | Youtube

Acompanhe tudo sobre:Bússola Análise do AlonCongressoCovaxinCPI da CovidGoverno BolsonaroSenado

Mais de Bússola

Índice de Carbono Eficiente da B3 recebe nova gigante da moda brasileira

Empresa brasileira de conteúdo digital tem crescimento anual de 90% e atrai fundos de investimentos

Bússola & Cia: Syonet cresce 30% oferecendo tecnologia para concessionárias de veículos

Gestão Sustentável: desigualdades ampliam impacto de crises climáticas e socioeconômicas