Transformação digital permite que criar novos valores para o cliente (EXAME/Exame)
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Publicado em 1 de março de 2023 às 09h00.
Ao nos depararmos com todos os avanços tecnológicos e a urgência em termos uma maior digitalização de soluções visando eficiência e até mesmo um alinhamento às práticas de gestão mais atuais, presenciamos uma proliferação de programas de transformação digital nas empresas. Apesar da necessidade destes programas, ainda observamos uma grande mistura de conceitos entre o que é inovação e o que é tecnologia. Neste contexto, algumas reflexões emergem e se fazem necessárias.
A migração do mundo físico para o mundo digital primeiramente passa pelo entendimento de que a tecnologia pela tecnologia não significa nada. Tecnologia é meio, não é fim. Uma visão de futuro clara onde possamos entender o valor que será criado com a adoção das soluções digitais é parte crucial nesse processo, pois ele potencialmente pode ser imenso em relação aos paradigmas de gestão do mundo físico. E é nesse valor que reside a inovação. Inovar é o ato de criar novo valor a um usuário. Recriar no ambiente digital processos ruins apenas resultará em processos digitais ruins.
A partir da identificação do valor futuro desejado e sua tradução em roadmaps tecnológicos a serem implementados, a qualificação dos dados se fará necessária. Dados qualificados produzem informações relevantes que geram conhecimento e valor digital que realimentará o mundo físico. O mundo digital gera e identifica padrões, replica, expande, inteligentemente sugere, mas tudo isso passa por um processo de ensinamento intencional da tecnologia. A digitalização está a serviço do valor maior que a inovação busca criar. Apenas digitalizar o que já é feito, da forma como é feito atualmente, resultará em programas de adoção de tecnologia que eventualmente trarão ganhos incrementais, mas que não representam uma transformação digital.
A transformação digital nada mais é do que a materialização (ou digitalização) do desenvolvimento de soluções e tecnologias que possibilitarão à empresa criar novos valores para os seus usuários. Em outras palavras, gerar inovação através do uso de soluções digitais aplicadas.
Com o crescimento exponencial da disponibilidade tecnológica, tendendo a uma democratização da mesma, no extremo isso leva a um conceito de quase commodity. A diferenciação estará justamente na proposição de valor, na sua aplicação para determinados casos de uso, e não na tecnologia em si.
Capacidades de design, visão estratégia e futurismo nunca tiveram tanta relevância quanto neste contexto. Precisamos aumentar o espectro de cenários futuros que as organizações utilizam em suas decisões estratégicas e trazer para a equação a possibilidade real de disrupções emergirem. Neste mundo tecnológico, exponencial e acessível o segredo para o crescimento será aprender a desaprender a antiga forma de fazer as coisas e trazer a experimentação e o desconhecido como grandes aliados e não inimigos.
*Glaucia Guarcello é professora do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC e sócia-líder de Inovação da Deloitte
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