(pookpiik/Getty Images)
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 29 de maio de 2024 às 17h00.
Segundo um levantamento da Bloomberg Intelligence divulgado recentemente, investimentos classificados como ESG, que utilizam indicadores ambientais, sociais e de governança, já representam mais de um terço do total de ativos sob gestão e podem chegar a US$ 53 trilhões (cerca de R$ 273 trilhões) até 2025.
Na conta, entram tanto investimentos que usam critérios ESG como direcionadores principais quanto aqueles que os consideram como fatores integrantes das análises de risco. O fato é que, apesar do barulho político do movimento anti-ESG, se consolida no mercado o entendimento de que práticas de sustentabilidade corporativa estão ligadas à proteção e criação de valor no longo prazo.
A relação não é sempre tão direta e simples, mas práticas ESG bem estruturadas tem conseguido trazer o futuro para o tempo presente. Quando organizações abraçam a complexidade dos sistemas em que estão inseridas e se engajam com partes interessadas para identificar as principais alavancas de impacto, riscos e oportunidades do negócio, as chances de sucesso no longo prazo aumentam consideravelmente.
Conforme essas premissas para criação de valor compartilhado no médio e longo prazos tornam-se mais conhecidas e utilizadas por investidores, o acesso a capital torna-se mais restrito para aquelas organizações que conseguem demonstrar sua conexão com essa agenda de boas práticas.
Temos acompanhado em operações de dívida o chamado “prêmio verde”, com taxas melhores para empresas que conseguem atrelar metas ESG à captação de recursos. Não só porque há investidores que desejam produzir impactos positivos, mas principalmente porque o mercado entende que tais medidas reduzem o risco de seus investimentos. Na Europa, quase 80% dos bancos já avaliam em alguma medida se empresas cumprem requisitos de sustentabilidade, como a existência de práticas alinhadas ao Acordo de Paris - no tema das mudanças climáticas.
Enquanto as evidências de que práticas de sustentabilidade corporativa, ESG ou resiliência organizacional - escolha a nomenclatura que preferir - se acumulam, a realidade concreta vem reforçando a urgência de que estas agendas sejam aceleradas, seja por pressão de stakeholders, seja por vias regulatórias. Catástrofes climáticas mais frequentes e graves somam-se a outros desafios ambientais e sociais e devem tornar o fluxo financeiro para viabilizar algum futuro para nossa espécie ainda maior nos próximos meses e anos.
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