Bússola

Um conteúdo Bússola

Geekonomy: O desafio de Breno Masi na Afterverse, da Movile

Com 50 milhões de usuários no mundo, criações da multinacional brasileira reforçam a fronteira dos games sociais e da co-criação de conteúdo

Breno Masi: "A proposta da Afterverse é criar jogos para todas as idades, para que pessoas do mundo inteiro possam se divertir e jogar juntas." (Bússola/Reprodução)

Breno Masi: "A proposta da Afterverse é criar jogos para todas as idades, para que pessoas do mundo inteiro possam se divertir e jogar juntas." (Bússola/Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2021 às 08h00.

Por Cauê Madeira*

Chamar a Afterverse de empresa de games é quase injusto. São muito mais do que isso. Há tempos essa coluna se propõe a discutir os rumos dos jogos digitais, e não é segredo nenhum que a forma de se gerar receita nesse meio evolui ano a ano, impactando o ciclo de vida dos produtos, das propriedades intelectuais, da experiência proporcionada e do impacto em comunidades variadas.

Se os jogos são a cada dia que passa mais posicionados como plataformas sociais e seus usuários desafiam os estereótipos, o mercado precisa acompanhar, se adaptar e explorar as possibilidades. Aliás, esse consumidor, que muitas vezes nem é familiarizado com o termo "gamer" – usualmente associado a um universo pouco acessível e reforçado pela necessidade de se ter acesso a equipamentos caros, como nos consoles e computadores –, passa horas jogando pelo celular.

Para Breno Masi, fundador e CEO da Afterverse, o acesso a celulares com disponibilidade de conexão, a expansão do 4G e a popularização dos smartphones contribuíram muito para esse movimento. Para quem busca entretenimento enquanto usa um aparelho, as redes sociais e os games são as plataformas de mais relevância. Entre muitas pessoas, os games sociais acabam até mesmo tomando o lugar de algumas redes sociais, já que neles é possível encontrar amigos, trocar ideias, customizar personagens e jogar enquanto isso.

Esse pensamento se vê presente nos dois principais títulos lançados pela empresa, que nasceu como uma célula de inovação dentro da plataforma de conteúdo infantil PlayKids, e agora está em seu primeiro ano de voo solo, já com cerca de cem funcionários dedicados. Tanto Crafty Lands como PK XD são jogos sociais, a diferença é que, além de PK XD ser um fenômeno de crescimento, os públicos acabam sendo distintos.

(Bússola/Reprodução)

Quando falamos em PK XD, existe uma visão mais global das praças que atuam. São 50 milhões de usuários mensais e youtubers do mundo todo que produzem conteúdo sobre o jogo. Países de língua inglesa, Emirados Árabes, países de língua espanhola, Rússia e, claro, o Brasil são os principais locais onde atuam, mas nosso país representa menos de 30% desse público total.

(Bússola/Reprodução)

Crafty Lands foi o primeiro jogo desenvolvido pelo que viria a ser o time da Afterverse. Inspirado no sucesso de Minecraft, foi um sucesso de downloads e representou o sinal verde que Breno precisaria para levar o sonho pra frente.

Seu desafio para esse ano é dobrar a equipe, fazer uma expansão internacional ainda maior e lançar um novo título até o final do ano.

Confira entrevista com o executivo abaixo.

Geekonomy: Quinze anos atrás o mercado de games no Brasil era completamente nichado. Pouca estrutura, poucas plataformas disponíveis, muita garra de estúdios independentes. Hoje, o cenário é outro. Temos unicórnios, temos grandes investimentos, temos a Twitch no país. Como a Afterverse contribui para a construção da cena gamer brasileira?

Breno Masi: Somos uma empresa que nasceu dentro de uma célula de inovação de uma empresa de tecnologia. Isso diz muito sobre nossa atuação dentro do mercado, já que nasceu da necessidade dos nossos colaboradores de expandir o que já fazíamos muito bem.

Além disso, mais do que jogos, nossa ideia sempre foi criar comunidades que pudessem se unir, quebrando barreiras físicas e culturais por meio da interação dentro dos games, das parcerias que fechamos e dos nossos creators, youtubers parceiros que fazem vídeos sobre o PK XD de forma orgânica e estão muito próximos de nós, inclusive sugerindo melhorias e novas features.

A Afterverse não nasce como uma empresa de jogos brasileira que está se expandindo para outros países, mas sim como uma empresa global que tem sede no Brasil. E isso traz muita visibilidade para o mercado nacional, seja em relação aos usuários, seja em relação aos profissionais envolvidos no mercado de games.

Geekonomy: Como você vê a carreira dentro do universo de games? Sendo uma empresa em franca expansão e com a estrutura da Movile por trás, que tipo de formação e característica vocês buscam para quem busca uma carreira nessa área?

Breno Masi: Estamos em constante expansão, temos oportunidades de carreira em diversas áreas da Afterverse, não só para quem desenvolve jogos, mas para os diversos cargos que compõem uma empresa. Por isso, para trabalhar na Afterverse o que precisamos é de pessoas que tenham paixão pelo mundo dos games e estejam prontas para os desafios e as alegrias que uma empresa em expansão acelerada proporciona.

A cultura da Afterverse tem muito a ver com inovação, coragem e ousadia para fazer acontecer e é de profissionais assim que precisamos. Além disso, consideramos a questão da diversidade muito importante dentro da empresa, queremos trazer pessoas de grupos minoritários para fazer a diferença e nos ajudar a construir uma empresa que exale criatividade e isso só é possível quando as pessoas que fazem parte da empresa são diversas. Incentivamos que mulheres programadoras ocupem seu espaço, pessoas negras e da comunidade LGBTQIA+ se sintam bem-vindas e ouvidas em nossa empresa.

Geekonomy: E além da, digamos, carreira tradicional dos games ou mesmo para os diversos cargos que compõem uma empresa, como você mencionou, há muito potencial em atuar como produtor de conteúdo, streamer. E é algo que os títulos da Afterverse parecem promover e incentivar. Como se dá essa troca na comunidade, e como os títulos podem se tornar uma fonte de construção de comunidades?

Breno Masi: Nossa relação com produtores de conteúdo acontece de forma bastante orgânica e engajada, por isso tem dado tão certo. Começamos enviando e-mails para os youtubers de quem gostaríamos de estar próximos, principalmente tratando-se de PK XD.

Hoje, temos mais de 200 produtores de conteúdo que fazem vídeos periódicos sobre PK XD e temos um time de Community dedicado ao relacionamento com eles e nossos jogadores. Alguns youtubers gamers possuem uma forte comunidade ao redor de seus canais e essas pessoas estão também interessadas em jogos como o PK XD, por isso essa troca é sempre muito rica para ambos os lados.

Basicamente, o youtuber produz vídeos periódicos sobre o PK XD e recebe spoilers sobre novas features, ferramentas dentro do jogo para produzir conteúdo, participam de concursos... e dentro do jogo nós possuímos uma feature que destaca alguns desses vídeos para que nossa comunidade de gamers assista. Muitos youtubers, inclusive de países como Espanha e Rússia, criaram canais 100% dedicados ao PK XD.

Geekonomy: Os dois principais títulos da empresa são, sobretudo, plataformas sociais, com muito foco na interação criativa entre a plataforma e a comunidade. Como vocês veem essa transição do game de jogo para linguagem e espaço para se relacionar, expandindo as possibilidades de contato com as marcas?

Breno Masi: Vimos nos jogos sociais a possibilidade de unir o melhor do mundo dos jogos, que por si só já atrai um grande público, com o melhor das redes sociais, que é se conectar com pessoas e compartilhar momentos, gostos, escolhas e conteúdos. É natural que esse meio acabe interessando as marcas que estão em busca de parcerias significativas, assim como ocorreu com as redes sociais.

Para nós, o mais importante é que as parcerias sejam realizadas com marcas que compactuam dos nossos valores e compromissos, que respeitem nossos jogadores e nossa comunidade e que agreguem na experiência do jogo como um todo, fazendo sentido para os gamers dentro de cada universo.

Geekonomy: Afterverse nasceu dentro do PlayKids e agora ganha vida própria. Podemos esperar títulos voltados para um público mais amplo em relação àquele da sua plataforma original?

Breno Masi: Com certeza. Nossa ideia é que a Afterverse chegue a qualquer pessoa que tenha acesso à internet via mobile e esteja interessada em jogos sociais. Inclusive, nos tornamos independentes da PlayKids para que isso seja possível em breve.

A proposta da Afterverse é criar jogos para todas as idades, para que pessoas do mundo inteiro, em diferentes lugares e com diferentes culturas, possam se divertir e jogar juntas. O próprio PK XD, atualmente nosso jogo com maior número de usuários (são mais de 50 milhões de usuários mensais) já vem com um foco para pré-adolescentes e adolescentes, principalmente tratando-se da linguagem, da construção gráfica e das parcerias que fechamos recentemente.

*Cauê Madeira é sócio-diretor de Growth na Loures Consultoria

Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedinTwitter | Facebook | Youtube

Acompanhe tudo sobre:ConsumoEntretenimentoGamesRedes sociais

Mais de Bússola

Bússola Cultural: Martin Luther King, o musical

Entidades alertam STF para risco jurídico em caso sobre Lei das S.A

Regina Monge: o que é a Economia da Atenção?

Brasil fica na 57ª posição entre 67 países analisados no Ranking Mundial de Competitividade Digital