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FDC completa 45 anos com vocação de protagonista na mudança da sociedade

Em entrevista à Bússola, o presidente da Fundação, Antonio Batista, fala dos planos para o futuro e do perfil que se espera dos novos líderes

Antonio Batista da Silva Junior: "não basta gerar lucro e retorno ao acionista" (FDC/Bússola/Divulgação)

Antonio Batista da Silva Junior: "não basta gerar lucro e retorno ao acionista" (FDC/Bússola/Divulgação)

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Publicado em 12 de agosto de 2021 às 12h00.

A Fundação Dom Cabral (FDC), nona melhor escola de negócios do mundo, completou, no último dia 9, 45 anos. Criada por Dom Serafim Fernandes Araujo e pelo professor Emerson de Almeida, a fundação planeja deixar um legado para a sociedade. Para entender os planos para o futuro e que perfil se espera de um líder do novo mercado, a Bússola conversou com o presidente-executivo, Antonio Batista da Silva Junior. Confira abaixo trechos da entrevista.

Bússola: Como a FDC pretende se reinventar após 45 anos?

Antonio Batista: A educação executiva surgiu para formar os líderes das grandes corporações e empresas e, ao longo da nossa trajetória, sentimos a necessidade de oferecer mais à sociedade, pois entendemos que a solução para os problemas enfrentados pelo Brasil passa, necessariamente, pela educação, área em que temos know how mais que comprovado. Só com a educação inclusiva é que vamos alcançar a mobilidade social necessária para diminuir os abismos que temos no Brasil.

Nesse sentido, a FDC quer deixar sua marca e protagonizar essa mudança de mindset em nossos alunos, professores, parceiros e nas demais escolas que atuam na formação executiva. Para isto, partiremos de alguns pressupostos. Um deles é ampliar o nosso papel social e possibilitar que a educação seja mais acessível a quem não tem tantas oportunidades como os empreendedores populares, por exemplo. Especialmente neste momento, eles são responsáveis pelo sustento de grande parte da nossa sociedade e precisam estar bem preparados.

Outra importante missão é formarmos os líderes do futuro. E o que eu quero dizer com isto? Líderes que possam ir além do pensamento do lucro empresarial, como o que pregam as antigas escolas de administração. As empresas precisam crescer, inovar e também gerar valor para a sociedade. Nós estamos trabalhando para isto.

Bússola: E qual é o tipo de líder que a FDC espera formar hoje?

Antonio Batista: Eu acredito que no século 21, só vão sobreviver as empresas e organizações para as quais a sociedade conferir legitimidade para existirem. É preciso entender as brutais transformações que estamos passando enquanto sociedade. As empresas até então eram movidas pelo retorno do resultado, predominantemente financeiro, e só. Eram apenas agentes de produção econômica.

Mas a sociedade mudou, o mundo está se transformando de forma acelerada. Não basta gerar lucro e retorno ao acionista. A sociedade espera mais das empresas, que passam a ser percebidas como agentes de promoção de bem estar social. As lideranças estão atentas a esses sinais dos novos tempos e precisam exercer um papel mais relevante para construir um mundo mais sustentável. As empresas não podem ser mais só escravas do resultado, precisam ser agentes do progresso e ter a capacidade de integrá-lo ao lucro.

Estamos desenvolvendo profissionais que compreendam que o conceito de lucro é algo que reflete no negócio no curto prazo. Quando vamos fazer uma discussão de futuro, é preciso pensarmos na geração de riqueza para a comunidade em que se está inserida. Ou seja, a liderança do século 21 precisa ser capaz de equilibrar melhor o curto e o longo prazo, ser mais consciente do seu poder e de seu papel na construção de um futuro que seja melhor para todos os stakeholders.

Bússola: E como fica o líder que já está no mercado?

Antonio Batista: Muitos já estão atentos às transformações do mundo e estão fazendo a diferença. É preciso entender que a tecnologia está acelerando a necessidade de qualificação dos profissionais. Conhecimento é um ativo perecível, o que a gente aprendeu ali atrás já tem pouca valia na frente.

O profissional de hoje precisa aplicar o conceito de Lifelong learning, que é o aprendizado ao longo da vida, sobretudo agora que temos uma expectativa de vida maior. Precisamos continuar nos requalificando, aprendendo uma habilidade nova ou um conhecimento, que seja ligado ou não ao trabalho. Os programas da FDC procuram acompanhar a evolução ao longo da vida, da juventude até a aposentadoria. Entendemos que é importante aproveitar a experiência e a senioridade das pessoas.

Bússola: Como a FDC se coloca no papel de transformadora da sociedade?

Antonio Batista: Trabalhamos duro para que cada pessoa que passar pela FDC saia transformado, saia melhor, com mais consciência de sua responsabilidade com as gerações futuras. Então, todos os nossos programas são desenhados a partir dessa crença e do nosso compromisso com a sociedade. Estou falando dos programas de educação executiva, dos cursos acadêmicos, como MBA, Especialização e Mestrado. Ou seja, o nosso Mestrado tem como pano de fundo os grandes desafios da humanidade. O MBA tem a missão de formar líderes visionários e humanistas. E nos programas customizados com as empresas, a gente sempre busca levantar reflexões sobre atuação sistêmica e os impactos e geração de valor para os stakeholders da organização.

Além disso, apostamos muito no poder social da educação para um mundo mais próspero e inclusivo. Nesse sentido, em 2020, em plena pandemia da covid-19, criamos o FDC – Centro Social Cardeal Dom Serafim. Ele é o elo direto da instituição com os públicos mais vulnerabilizados da sociedade, com o objetivo de se aproximar e trazer oportunidades para aqueles que buscam a possibilidade de empreender, gerar riqueza e prosperidade, mas não tiveram oportunidades de se aprimorar por meio da educação. Este é um movimento original no contexto de escolas de negócios.

Com o Centro Social, reunimos e aceleramos as iniciativas que geram autonomia, dignidade e prosperidade por meio da educação, com objetivo de diminuir as desigualdades em diferentes frentes: jovens em situação de vulnerabilidade; empreendedores populares e lideranças de organizações sociais.

Muito ainda precisa ser feito para termos o Brasil que a gente sonha. E isso é urgente. E, ao longo desses 45 anos, a FDC não se furtou da responsabilidade de atuar para construir este legado junto à sociedade, onde a educação é a mola propulsora do desenvolvimento e da prosperidade. Seguimos confiantes e vamos trazer mais novidades em breve, para seguirmos desempenhando este papel de protagonista que assumimos desde o início da nossa jornada.

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