Bússola

Um conteúdo Bússola

Favela vai a Madrid levar inovação ao South Summit e lançar quarto setor

Celso Athayde embarca nesta terça para Madrid para palestrar no South Summit, um dos maiores eventos de inovação do mundo

Empreendedor social defende setor que atenda exclusivamente a economia da favela (Douglas Jacó/Reprodução)

Empreendedor social defende setor que atenda exclusivamente a economia da favela (Douglas Jacó/Reprodução)

B

Bússola

Publicado em 7 de junho de 2022 às 18h00.

Por Bússola 

O CEO da Favela Holding e fundador da Central Única das Favelas (CUFA), Celso Athayde, embarca hoje para Madri (Espanha), onde vai palestrar no South Summit, um dos maiores eventos de inovação e negócios do mundo. “Vou pautar o Quarto Setor na Europa. É um interesse global, porque, como falei em Davos, se não dividirmos as riquezas produzidas pelas favelas do mundo inteiro, vamos dividir o caos produzido pelo descaso com que esses territórios são tratados”, diz.  

Athayde, que fala em Madri no dia 9, lançou o conceito de Quarto Setor em Davos (Suíça), onde recebeu o prêmio de Empreendedor de Impacto e Inovação no Fórum Econômico Mundial 2022. A ideia consiste em criar um setor que atenda exclusivamente a economia da favela. "O primeiro setor, o Estado, não contempla a favela. Aliás, a favela só existe porque o Estado abandonou aquelas pessoas", afirma Athayde.  

Segundo ele, o mundo corporativo e a ONgs também não são capazes de criar soluções econômicas para esses territórios. Com o novo conceito, ele quer buscar projetos e subsídios para estimular empreendimentos e inovações nessas áreas, para, então, ser parceiro do que será chamado de Economia Incentivada da Favela (EIF). Veja abaixo entrevista de Athayde à Bússola, pouco antes de embarcar. 

Bússola: Quando você fala da favela, você sempre fala em potência. Qual é essa riqueza, essa inovação que você quer dividir com o mundo no South Summit? 

Celso Athayde: A favela é um mundo de oportunidades e quanto mais as portas forem abertas mais oportunidades irão surgir. É isso que vou levar para o South Summit na Europa. Outros países estão conhecendo o que já conheço há anos. A favela é um lugar que respira inovação, empreendedorismo e enxerga novas oportunidades. Quero mostrar para todos que é necessário o diálogo entre a favela e o asfalto com a linguagem certa, pois a favela não quer ser catequizada, ela quer a melhor versão de si mesma.    

Uma das características mais marcantes da sua personalidade é sua capacidade de transitar muito bem em todos os ambientes, da favela a Davos. Qual é a próxima barreira a ser quebrada pela favela? 

A próxima barreira a ser quebrada é o lançamento do quarto setor. É necessário mudar a percepção das pessoas. O primeiro setor, o Estado, não contempla a favela. Aliás, a favela só existe porque o Estado abandonou aquelas pessoas. Já o segundo setor, o mundo corporativo, sempre só olhou para a favela como um grande laboratório para seus produtos. 

E daí muita gente acha que o terceiro setor vai resolver os problemas. Mas nem de longe! As ONGs que lidam com favela nem estão nas favelas de fato. Elas mal têm dinheiro para pagar os impostos e não podem ter lucro. Elas nem têm favela no nome. De uns dois anos para cá, até começaram a colocar, mas há quase 25 anos, quando fundamos a Cufa (Central Única das Favelas), diziam que não deveríamos jamais colocar a palavra favela no nome. Era um absurdo a gente ir a empresas para falar de favela. Esse estigma virou uma bola de neve que queremos combater. Favela não é carência, é potência. 

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube

Veja também:

"Professores e alunos da Uninassau produzem 5 mil quentinhas para Recife 

Danilo Maeda: Desastres climáticos são uma tragédia anunciada 

Nestlé projeta investir R$ 8 milhões em circularidade de embalagens 

 

Acompanhe tudo sobre:Desigualdade socialEmpreendedorismoFavelas

Mais de Bússola

Entidades alertam STF para risco jurídico em caso sobre Lei das S.A

Regina Monge: o que é a Economia da Atenção?

Brasil fica na 57ª posição entre 67 países analisados no Ranking Mundial de Competitividade Digital 

Gilson Faust: governança corporativa evolui no Brasil, mas precisa de mais