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Opinião: European Dream surge como tendência após migração para os Estados Unidos ficar mais difícil

Dados recentes do Ministério das Relações Exteriores (MRE) apontam que quase 1,5 milhão de brasileiros já vivem na Europa

Londres, no Reino Unido: PIB cresceu 0,1% no quarto trimestre de 2024 (Lucas Davies/Unsplash)

Londres, no Reino Unido: PIB cresceu 0,1% no quarto trimestre de 2024 (Lucas Davies/Unsplash)

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Publicado em 5 de março de 2025 às 07h00.

Por Vinicius Zamperlini*

No dia 20 de janeiro, a realidade começou a mudar. Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump vem implementando medidas restritivas contra imigrantes, tornando o "American Dream" cada vez mais inalcançável para quem deseja construir uma vida na terra do Tio Sam. Como alguém que acompanha de perto o processo de expatriação, afirmo sem hesitação: a Europa se tornou uma opção muito mais viável e promissora para quem busca uma carreira internacional.

Os Estados Unidos se fecham, a Europa se abre

Enquanto os EUA adotam uma postura protecionista, a Europa vem demonstrando abertura e flexibilidade quando se trata de imigração. Países como Portugal e Irlanda têm programas específicos para atrair profissionais qualificados e promover sua integração. Como fundador de um programa de mentoria voltado para brasileiros que desejam construir uma carreira internacional, vejo de perto o impacto dessas políticas.

Dados recentes do Ministério das Relações Exteriores (MRE) apontam que quase 1,5 milhão de brasileiros já vivem na Europa, sendo Portugal o principal destino, com mais de 500 mil residentes. Mas não basta apenas querer mudar: é preciso planejamento, dedicação e uma estratégia bem definida para trilhar esse caminho com sucesso.

Empresas patrocinam vistos de trabalho e facilitam a relocação

Um dos principais diferenciais europeus é que existem empresas que têm o poder de patrocinar vistos de trabalho e, assim, cuidam de todo o processo de relocação. Países como a Holanda contam com empregadores que garantem a documentação e oferecem o emprego antes mesmo do profissional sair do Brasil. Isso significa que você já embarca com toda a papelada pronta, evitando incertezas e riscos.

Diferentemente dos EUA, onde a responsabilidade de obter documentação e encontrar um emprego recai integralmente sobre o imigrante, na Europa o empregador cuida de tudo. Além disso, as empresas devem pagar um salário mínimo específico para que o governo conceda o visto de trabalho. Esse modelo não só garante mais segurança ao trabalhador estrangeiro, mas também incentiva a atração de talentos qualificados.

Outro grande benefício é o suporte oferecido na transição para o novo país. Muitas empresas cobrem custos como passagem aérea, acomodação pelos primeiros dois meses e até programas de adaptação cultural, tornando a mudança mais suave e estruturada.

A qualidade de vida do "European Dream"

A Europa oferece benefícios que vão muito além de oportunidades de emprego. Sistemas de saúde pública eficientes, educação acessível e uma forte rede de segurança social tornam o continente um lugar mais equilibrado para se viver. Diferente dos EUA, onde a saúde é privatizada e o custo de vida em cidades como Nova York é altíssimo, países europeus figuram constantemente entre os melhores lugares do mundo para se viver. Morando na Holanda há 7 anos, e na Europa há 10, vejo essa realidade diariamente. 

No último World Happiness Report, a Finlândia apareceu em primeiro lugar, seguida pela Dinamarca. Além disso, países como Suécia (em quarto lugar) oferecem licenças parentais generosas e jornadas de trabalho reduzidas, permitindo um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Outro ponto relevante é que, após cinco anos trabalhando na União Europeia, você tem o direito de solicitar a cidadania, algo que não acontece nos EUA. Isso significa maior estabilidade e acesso irrestrito ao mercado de trabalho europeu, sem a necessidade de renovação constante de vistos. Esse é um diferencial enorme para quem deseja construir uma vida a longo prazo fora do Brasil.

Mobilidade e diversidade cultural

Outro grande diferencial da Europa é a mobilidade facilitada entre países. O Espaço Schengen permite viajar entre 27 nações sem necessidade de passaporte ou controle migratório, criando uma integração que os EUA não oferecem. Essa livre circulação também beneficia profissionais e estudantes, porque permite morar e trabalhar em qualquer outro país membro do bloco. Com um visto Schengen, é possível visitar todos os países participantes por até 90 dias em um período de 180 dias.

Alemanha, França, Espanha, Itália e Portugal são alguns dos países que fazem parte do acordo. Além disso, a diversidade cultural e a proximidade entre os países oferecem uma imersão em diferentes culturas, idiomas e tradições, enriquecendo a experiência de vida dos residentes.

Desafios e planejamento

É claro que mudar para a Europa também traz desafios. Adaptação cultural, burocracia e, em alguns casos, barreiras linguísticas podem ser obstáculos. No entanto, vejo cada vez mais empresas buscando profissionais que falam inglês e priorizando habilidades como liderança, perseverança, experiência na área de atuação e inteligência emocional, em detrimento da fluência em um segundo idioma. Além disso, os próprios empregadores costumam cuidar de questões burocráticas para facilitar a contratação de estrangeiros.

Paralelamente, diversos governos têm adotado iniciativas para facilitar a imigração legal e promover a integração de novos residentes. Em muitos casos, é preciso comprovar renda ou assegurar uma oferta de trabalho antes da mudança, dependendo do país de destino. Além disso, a flexibilidade na obtenção da cidadania europeia e a ampla gama de programas voltados para estrangeiros tornam o continente uma opção viável e promissora a longo prazo. O "American Dream" pode estar se fechando, mas o "European Dream" está mais acessível do que nunca.

*Vinicius Zamperlini exerce o cargo de Enterprise Account Executive na Amazon, é especialista em expatriação e fundador do W.A.R., programa de mentoria voltado para brasileiros que desejam construir uma carreira internacional qualificada.

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