“Cada profissional é único e é preciso entender quais são seus propósitos e as razões na escolha de estar atuando ali” (Hinterhaus Productions/Getty Images)
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Publicado em 5 de dezembro de 2023 às 09h00.
Última atualização em 5 de dezembro de 2023 às 16h07.
Por Paula Carvalho Benevides*
Desde pequenos, ouvimos dos outros o que devemos fazer para sermos bem-sucedidos e felizes. Inconscientemente, somos conduzidos a pensar e agir de forma coletiva. Mas será que desta maneira chegamos aonde queremos chegar?
Em certos momentos, você já deve ter pensado: estou no emprego que eu queria? Estou fazendo o que eu gostaria de fazer? Estou realizando meus sonhos?
Para responder a esse tipo de pergunta, é necessário, primeiro, refletir: será que as decisões que você fez foram as corretas? E, depois, concluir que não há escapatória: é preciso trilhar o caminho que escolheu e conquistar as metas estabelecidas por você, para poder dizer “hoje, estou exatamente onde eu mesma me meti”.
Fazer o que escolhemos para nós nem sempre será fácil e vai exigir sacrifícios que vão agradar uns e desagradar outros. Ouça o que as pessoas têm a lhe dizer, mas não deixe que o julgamento ou opiniões delas te impeçam de tentar. Você só vai saber se é possível chegar onde quer assumindo riscos.
Claro, às vezes não é possível nos meter onde queremos por fatores que podem prejudicar as tomadas de decisões, principalmente mulheres, que podem ter pouco tempo - ou nenhum - para se dedicar a si mesmas.
No ano passado, elas dedicaram 9,6 horas a mais que os homens realizando atividades de cuidado da casa ou de outras pessoas. Além disso, 91,3% das mulheres realizaram alguma atividade relacionada a afazeres domésticos, enquanto para os homens a proporção foi de 79,2%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua 2022
A pesquisa revela que as mulheres acabam tendo menos tempo para si por precisar lidar com outras formas de trabalho e ocupação do tempo em comparação aos homens. Inclusive, esse tema precisa ser amplamente discutido, como aconteceu na redação do Enem de 2023: Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil.
Excluindo esse contexto específico, quando exploramos o autoconhecimento, as pessoas aprimoram a capacidade de selecionar conscientemente onde desejam estar, tanto no âmbito pessoal quanto profissional, e afirmar "estou onde me meti", assumindo a responsabilidade e a consciência das decisões tomadas. E, caso algo não saia como planejado, cabe ao próprio indivíduo encontrar uma solução para a situação e sair dela.
Caminhando para o cenário corporativo, a empresa também pode agradar e desagradar com suas tomadas de decisão. É importante que a companhia seja sempre transparente e objetiva com seus colaboradores, para que ambos possam se conectar com mais segurança e certeza de suas ações. Da mesma forma, é importante que o colaborador compreenda onde ele está inserido e quais são os benefícios de estar ali.
Como responsável pela área de Gente e Gestão e Comunicação na Cosan, tenho um compromisso com as pessoas. Quero despertar a consciência de cada um dos nossos talentos, para que, da mesma forma que eles fizeram uma escolha no processo seletivo, sejam capazes de realizar escolhas em suas vidas pessoais, tendo ampla consciência do caminho que estão traçando em suas jornadas. Estamos aqui por algum motivo, seja ele consciente ou não.
Cada profissional é único e é preciso entender quais são seus propósitos e as razões na escolha de estar atuando ali. Muitas vezes, o trabalho pode ser somente uma fuga, e por isso é importante entender sob o ponto de vista de quem só quer ser acolhido em suas escolhas. Somos todos diferentes e não devemos julgar. E a partir do momento que compreendemos o nosso fator motivador, alcançamos outro patamar, pois olhamos para a dimensão humana aliada à visão corporativa.
Por isso tudo que autoconhecimento e a autonomia são tão importantes, por serem fatores que proporcionam que escolhas e motivações sejam feitas com base em suas próprias metas traçadas e, com isso, ampliem a consciência de que, a cada rota traçada, aparecerão consequências, algumas boas e outras nem tanto. O importante é saber que você se arriscou e está em determinada situação porque decidiu estar ali, celebrando as conquistas e aprendendo com as dificuldades. O que falta para você dizer “estou onde me meti”?
*Paula Carvalho Benevides é Vice-presidente de Gente e Gestão e Comunicação na Cosan
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