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ESG: estudo aponta avanços de conscientização, mas morosidade nas ações 

Relatório do Ibovespa revela como as empresas listadas na bolsa estão desenvolvendo suas ações em ESG

Mais de 90% dos integrantes do Ibovespa divulgaram relatórios relacionados a temas ESG (freepik/Freepik)

Mais de 90% dos integrantes do Ibovespa divulgaram relatórios relacionados a temas ESG (freepik/Freepik)

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Publicado em 15 de dezembro de 2023 às 15h30.

Por Claudia Elisa Soares*

O Ibovespa divulgou recentemente o relatório “ESG no Ibovespa 2023”, realizado em parceria com a PwC Brasil e a Ibracon, que analisa a divulgação de temas relacionados ao ESG (Environmental, Social e Governance) pelas 82 empresas do Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo. 

No momento que a regulamentação das divulgações de sustentabilidade avança no mundo inteiro, e a CVM anuncia que o Brasil é o primeiro país a adotar oficialmente as divulgações conforme os padrões do International Sustainability Standards Board (ISSB), é interessante acompanhar a evolução das divulgações das empresas com base nos padrões atuais.

O estudo, que está em sua terceira edição, revela que mais de 90% dos integrantes do Ibovespa divulgaram relatórios relacionados a temas ESG, o que é um ótimo sinal. Neles, percebe-se a crescente preocupação das organizações com questões climáticas, a busca por maior credibilidade nas informações e a divulgação de estatísticas sobre diversidade.

A seguir, destaco 3 dos itens citados no relatório que mais me chamaram a atenção

1. ODS e Riscos climáticos

Trabalho Decente e Crescimento Econômico (ODS 8) e Ação contra a Mudança Global do Clima (ODS 13) foram os ODS mais citados por cerca de 80% das empresas que informaram aderir ao Pacto Global da ONU. 

Essas citações demonstram uma conexão direta com os principais temas materiais apontados pelas empresas e apresentam certa consistência com os objetivos listados no ano anterior.

As empresas demonstraram uma forte preocupação com temas climáticos, como as emissões de gases do efeito estufa, mudanças climáticas e riscos estratégicos associados a esses assuntos. 

No entanto, poucas afirmaram em seus relatórios já terem alcançado a neutralidade de carbono. Esse resultado demonstra que as empresas ainda estão no início da jornada de descarbonização. 

Mais da metade dos relatórios analisados não apresentou um compromisso real para a conversão das empresas ao padrão carbono neutro ou Net Zero. Das organizações que relataram algum compromisso, grande parte se comprometeu com a neutralização das emissões ou o atingimento das metas Net Zero em 2050.

2. Diversidade nas Empresas

Os dados trazidos sobre as estatísticas relacionadas à diversidade têm avançado, conforme observado na trajetória dos anos anteriores. 

Além de divulgar dados relacionados à presença de homens e mulheres nessas organizações, nota-se maior divulgação, com o passar dos anos, de informações sobre os marcadores de raça, orientação sexual e/ou identidade de gênero, geracional e PCDs.

Ainda se percebe, contudo, uma omissão em relação à divulgação da presença de pessoas negras nos cargos de alta liderança e no conselho de administração. Das poucas empresas que divulgam essas informações, a presença de pessoas negras na alta liderança é de 33%, no máximo. No conselho de administração, são 18%.

Vale lembrar que a B3 incluiu regras de diversidade na composição da Administração para as empresas listadas.

Elas deverão eleger pelo menos uma mulher e um membro da comunidade subrepresentada (pessoa preta ou parda, com deficiência ou integrante da comunidade LGBTQ+) como membro titular do Conselho de Administração ou da diretoria estatutária a partir de 2025.

3. Transparência fiscal

O relatório também abordou a transparência na divulgação relacionada a tributos. Cada vez mais, os impostos são considerados um poderoso indicador para a sociedade avaliar o impacto de uma empresa e o reflexo de seus valores e propósitos mais amplos. 

No caso das empresas brasileiras analisadas, poderiam ser divulgadas mais informações para auxiliar o tomador de decisão a conhecer minimamente a estratégia e contribuição da atividade produtiva pelos relatórios disponíveis. 

Muitas vezes, as empresas se limitam a reproduzir a demonstração do valor adicionado (DVA), de divulgação obrigatória nas demonstrações financeiras (DFs), sem explicitar o contexto ou aprofundar o tema.

No balanço geral, acredito que os avanços demonstrados no relatório são bastante positivos. Entretanto, a meu ver, ainda estamos engatinhando em ações práticas, sendo necessário tirar do papel as boas intenções e convertê-las em realidade.

Quem sabe no próximo ano não teremos essa boa nova?

*Claudia Elisa Soares é especialista em ESG e transformação de negócios e líderes e conselheira em companhias abertas e familiares

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