Companhia anuncia emissão de debêntures (Amanda Perobelli/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2021 às 09h30.
Última atualização em 14 de maio de 2021 às 10h49.
Por Paula Kovarsky*
A explosão da pandemia do coronavírus e suas consequências sem precedentes aceleraram muitos movimentos. O ESG foi um deles. O assunto mudou de patamar – deixou de ser nice-to-have para ser must-have, impulsionado principalmente por dois agentes de peso: o mercado financeiro e a opinião pública.
As maiores gestoras de ativos do mundo têm formalizado diretrizes neste sentido e já dá para ver o impacto em números. Segundo relatório da Morningstar, empresa de pesquisa de investimentos, o mercado global de fundos ESG atraiu US$ 185,3 bilhões só nos três primeiros meses de 2021. Com isso, esses fundos ditos sustentáveis atingiram a marca de quase US$ 2 trilhões em ativos. Em junho do ano passado, essa quantia não passava da metade. Pelas estimativas da Bloomberg, ativos ESG podem atingir US$ 53 trilhões em 2025 – o que representa uma vez e meia o PIB dos Estados Unidos.
Enquanto isso, a consciência social e ambiental dos consumidores cresceu exponencialmente, aumentando a priorização e identificação da sociedade com produtos, marcas e serviços que se posicionam claramente e de forma concreta com essa agenda.
Investidores e consumidores querem empresas sustentáveis – a demanda está clara. E as empresas têm demonstrado interesse e preocupação com essa tendência, priorizando isso cada vez mais em suas políticas. Mas será que isso basta? Acho que não. As boas práticas ambientais, sociais e de governança não podem ser mais iniciativas isoladas, precisam ser intrínsecas ao modelo de negócio, à estratégia da companhia, ao seu propósito.
No mundo empresarial não há como desvincular os aspectos ESG do pilar econômico. E pilar econômico não quer dizer só lucro no sentido singular, no simples sentido de dinheiro que retorna para os acionistas. Pilar econômico significa criação de valor para todos os stakeholders envolvidos, significa garantir os recursos que tornarão as iniciativas perenes e, portanto, sustentáveis no longo prazo. E é por isso que, no Grupo Cosan, acreditamos no conceito do EESG, incluindo o “E” de Economics como o quarto pilar de sustentabilidade, reforçado pela entrega consistente das nossas empresas.
Na Cosan, EESG é o que norteia as tomadas de decisão, o que orienta o grupo na jornada rumo ao futuro que queremos para o Brasil, com oferta de energia mais limpa e logística mais eficiente. Uma jornada que passa pela transformação tecnológica necessária para promover uma transição energética eficiente, criando e oferecendo alternativas que facilitem o processo de descarbonização dos nossos clientes, e pelo desenvolvimento de uma logística mais limpa e confiável, aumentando a competitividade do Brasil.
Com a Raízen, estamos reinventando o futuro da energia, apostando cada vez mais na diversificação de oferta renovável. Agricultura e energia limpa são grandes fortalezas do Brasil, e a Raízen as combina e as potencializa através do desenvolvimento da bioenergia, da energia renovável que vem da cana-de-açúcar. A cana é a planta mais eficiente que existe para transformar energia solar em biomassa e, a partir daí, em um leque de produtos: etanol – nosso velho conhecido –, energia elétrica, biocombustíveis avançados como etanol de segunda geração (ou celulósico), biogás, e, num futuro provavelmente não tão distante, fonte de hidrogênio verde.
Na Rumo, seguimos investindo muito para ampliar a oferta de transporte ferroviário para um país continental como o Brasil, buscando eficiência máxima em nossas operações, o que se traduz em menor consumo de combustível em nossas locomotivas e, portanto, em menos emissões de gases de efeito estufa. Encurtamos caminhos para que o agronegócio brasileiro seja cada vez mais competitivo internacionalmente. Há menos de dez anos, o produtor brasileiro perdia sua vantagem competitiva na produção de grãos em razão do custo logístico. A Rumo transformou essa realidade.
Na Compass, apostamos na integração dos mercados de gás e energia elétrica, incentivando a competitividade e aumentando a segurança do sistema elétrico, permitindo o aumento sustentável da participação de renováveis na matriz brasileira. A Comgás, maior ativo do portfólio por enquanto, é referência internacional pelo controle das chamadas emissões fugitivas, as perdas ou escape de gás nas tubulações de distribuição que não só poluem, mas podem causar acidentes.
E na Moove, nossa multinacional brasileira que opera em 13 países, consolidamos uma estrutura de gestão e governança forte, estabelecendo a empresa como uma referência global na distribuição de lubrificantes. Lubrificantes são peça chave na performance e eficiência de máquinas e equipamentos, contribuindo para redução do consumo de energia e consequentemente das emissões. E tudo isso com cuidado de reduzir o uso de plástico nas embalagens.
Mas nada disso aconteceu na Cosan da noite para o dia. Essa é uma longa e rica jornada, que começou há muitos anos. Uma longa corrida em que fomos aos poucos desenvolvendo musculatura, aperfeiçoando práticas e evoluindo na nossa maneira de atuar. Aprendizados e evolução contínuos.
No ano passado, revisamos nossa matriz de materialidade, buscando, acima de tudo, alinhamento com a agenda estratégica do grupo. Paramos e ouvimos o que o mercado, os investidores, os nossos clientes, tinham a nos dizer – e a percepção deles frente às demandas e anseios globais. Redefinimos os sete temas prioritários do grupo, que se interconectam e se relacionam com o nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável, e que estão em sintonia com as agendas globais.
Os resultados dessa trajetória são tangíveis e começam a ser reconhecidos. Aderimos ao Pacto Global da ONU e integramos a carteira 2021 do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), do Índice de Carbono Eficiente (ICO2 B3) e do S&P B3 ESG Brazil Index, pelo qual passamos a fazer parte do primeiro ETF ESG brasileiro. Também evoluímos de forma significativa nas notas dos questionários do CDP e do DJSI, além de integrar pela primeira vez o Índice de Diversidade da Bloomberg (GEI).
Para quem ainda não tem muita proximidade com o tema, tudo isso pode parecer uma grande sopa de letrinhas. Mas deixando as letrinhas de lado, estamos falando do fruto de um trabalho consistente que vem sendo executado ao longo de anos, que nos permite liderar, influenciar e contribuir de forma efetiva para uma matriz energética mais limpa e renovável e para construção de uma logística confiável, eficiente e sustentável, melhorando a competitividade do Brasil. Esse é o propósito da Cosan.
Por tudo o que fizemos até aqui, e por tudo que ainda está por vir, convido o leitor a conhecer um pouco mais da Cosan em nosso Relatório Anual de Sustentabilidade. Entenda por que somos umgrupo com um “E” a mais. Um E que soma, que constrói e que multiplica.
*Paula Kovarsky é diretora de relações com investidores e de ESG da Cosan, e é head do escritório de Nova York da empresa
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