Bússola

Um conteúdo Bússola

Entender as eleições 2020 é importante para se conectar ao eleitor em 2022

Em webinar da Bússola, analistas afirmam que partidos devem prestar atenção aos recados das urnas para estarem em sintonia com os desejos dos cidadãos

Tudo sobre Eleições 2022: Não votou? Descubra como justificar sua ausência (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Tudo sobre Eleições 2022: Não votou? Descubra como justificar sua ausência (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

B

Bússola

Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 21h35.

Última atualização em 1 de novembro de 2022 às 20h15.

yt thumbnail

Os políticos precisam analisar os resultados das eleições municipais, prestar atenção aos recados das urnas em 2020 e buscar se conectar às demandas do cidadão para obterem bons resultados em 2022. No webinar promovido nesta terça-feira, 1º, pela Bússola, sobre os resultados do 2º turno e o novo desenho político das cidades brasileiras em 2021, a avaliação é que tanto os partidos vitoriosos quanto aqueles que perderam espaço precisam estar atentos aos sinais do processo eleitoral deste ano e  sintonizados com os desejos dos eleitores para representá-los na próxima disputa presidencial. A live reuniu os analistas políticos da FSB Comunicação, Alon Feuerwerker e Marcio de Freitas, e o sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa, Marcelo Tokarski.

Para Marcio de Freitas, o PT, que, pela primeira vez desde 1985, não elegeu nenhum prefeito de capital, deve fazer uma autoanálise e buscar entender as motivações do eleitor para rejeitar a maioria dos candidatos petistas nesta eleição. Em 2021, a legenda comandará 182 prefeituras, ocupando apenas 11ª posição na lista dos partidos com mais cidadãos governados.  “O PT tem de compreender seu momento, fazer um mea culpa, entender o processo pelo qual vem passando e o que está acontecendo na cabeça do eleitor. O  partido tem de fazer pesquisa a sério, buscar identidade com o eleitor de novo para se conectar. No momento, a legenda está desconectada e perdida ”, disse.

O analista citou também o PSL, partido que, embora tenha recebido quase R$ 200 milhões de fundo eleitoral, elegeu menos de 100 prefeitos e não avançou para o 2º turno em nenhuma capital. Segundo Freitas, desde a saída do presidente Bolsonaro, a legenda tem tido dificuldades para encontrar sua identidade e se organizar de maneira estruturada. O alerta serve também ao PSDB e ao MDB, partidos que continuam governando o maior número de cidadãos nos municípios brasileiros, mas perderam muitas prefeituras, e a mobilização local é fundamental numa eleição presidencial. “Apesar da reeleição do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, o PSDB precisa entender suas falhas. Em 2018, o partido sequer chegou ao segundo turno da disputa presidencial e agora, embora haja vitórias pontuais importantes, vai governar 11 milhões de eleitores a menos, perdendo quase 1/3 do eleitorado. Existem correções a serem feitas. Ou eles enfrentam o problema ou vão acabar lá na frente, mais uma vez, não entendendo o momento político”, destacou.

Ao avaliar o cenário para 2022, Alon Feuerwerker ressaltou que qualquer análise a dois anos é prematura, mas garantiu que dois fatores serão determinantes na disputa: a situação econômica do país e a popularidade do presidente Bolsonaro. “O único jogador definido para 2022 é o presidente Bolsonaro. E o eixo que organiza uma eleição quando existe um candidato à reeleição é a popularidade do governante. A primeira coisa que temos de perguntar é como o presidente vai chegar a 2022. Se o presidente da República chegar com uma popularidade boa, na minha opinião, a chance de ele trazer o apoio da maioria dos partidos do Centrão é bastante razoável”, afirmou.

Na opinião de Feuerwerker, o ingresso dos partidos que formam o chamado Centrão na base do governo, com o repasse de recursos federais às suas bases eleitorais, contribuiu para o resultado positivo dessas legendas nas eleições de 2020. “A eleição municipal é um momento em que a tendência principal de crescimento é de candidatos e partidos que têm acesso ao Orçamento Geral da União e ao orçamento dos estados. Os partidos e políticos que estão no governo e mantêm boas relações com o governo tendem a crescer e foi o que a gente observou este ano”, explicou o analista político.

A pandemia do novo coronavírus também foi um fator que teve forte impacto nas eleições municipais, especialmente na alta taxa de abstenção do 2º turno, segundo o sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa, Marcelo Tokarski. O índice recorde de 29,5% do último domingo foi 37% maior do que o registrado nas eleições de 2016. “A abstenção deste ano tem mais a ver com a pandemia do com que com uma descrença ou cansaço da política. Várias pesquisas já mostravam que o eleitor estava receoso de comparecer aos locais de votação e o 2º turno se deu num momento em que a pandemia estava acelerando, principalmente nas capitais”, analisou.

De acordo com Tokarski, o alto índice de abstenção também ajuda a explicar as diferenças entre os números que as pesquisas eleitorais apontaram às vésperas da votação e os resultados que efetivamente saíram das urnas. Os levantamentos indicavam cenários muito apertados e a situação indefinida em capitais como Recife, Porto Alegre e Vitória, mas os eleitos venceram com uma margem mais folgada. Já em Belém e Fortaleza, os candidatos que lideravam as pesquisas foram confirmados nas urnas, mas por uma diferença muito menor. “A gente teve uma abstenção média no país de quase 30% e, em algumas capitais, o índice ultrapassou 35%. Ou seja, uma em cada três pessoas que na pesquisa diziam que iria votar em algum candidato não apareceu no domingo. Isso dificulta, claro, qualquer projeção dos institutos”, concluiu.

yt thumbnail

Siga Bússola nas redes:  InstagramLinkedin  | Twitter  |   Facebook   |  Youtube 

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesEleições 2020Política no Brasil

Mais de Bússola

Entidades alertam STF para risco jurídico em caso sobre Lei das S.A

Regina Monge: o que é a Economia da Atenção?

Brasil fica na 57ª posição entre 67 países analisados no Ranking Mundial de Competitividade Digital 

Gilson Faust: governança corporativa evolui no Brasil, mas precisa de mais