(monkeybusinessimages/Getty Images)
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Publicado em 17 de outubro de 2024 às 10h00.
Por Claudia Elisa Soares*
Em um cenário empresarial cada vez mais competitivo e dinâmico, aproveitar ao máximo o potencial humano é essencial para o sucesso de qualquer organização. Um dos maiores recursos subutilizados no ambiente corporativo ainda é o potencial feminino.
Embora as mulheres tenham conquistado avanços significativos nos últimos anos, muitas empresas ainda não estão totalmente equipadas para maximizar o impacto e o talento que elas podem oferecer. Valorizar e aproveitar esse potencial é não apenas uma questão de justiça social, mas também um imperativo estratégico.
Diversidade de gênero não é apenas um conceito relacionado à inclusão social; trata-se de um elemento crucial para a inovação e o crescimento. Estudos demonstram que equipes diversificadas, especialmente em termos de gênero, tendem a ser mais inovadoras e a tomar decisões mais eficazes.
As mulheres trazem uma variedade de perspectivas e experiências que podem complementar as habilidades dos colegas homens, promovendo um ambiente de trabalho mais criativo e produtivo.
De acordo com o estudo Women in the Workplace 2024, recentemente lançado pela McKinsey, empresas que investem na promoção da diversidade de gênero, especialmente em cargos de liderança, têm maiores chances de superar seus concorrentes. Além disso, organizações com uma maior representatividade feminina em cargos C-level têm 25% mais chances de registrar lucros acima da média.
O estudo, que está em sua 10a edição, coletou informações de 281 organizações participantes, que juntas empregam mais de dez milhões de pessoas. Foram entrevistados mais de 15 mil funcionários e mais de 280 líderes de Recursos Humanos, que compartilharam insights sobre suas políticas e práticas. O relatório fornece uma visão interseccional das barreiras e preconceitos específicos enfrentados por mulheres asiáticas, negras, latinas, LGBTQ+ e mulheres com deficiências.
Ele também destaca as principais descobertas de 2024 e identifica as mudanças que as empresas podem fazer para alcançar progresso real em direção à igualdade de gênero — algo que projetamos estar a quase 50 anos de distância.
Segundo o levantamento, embora as mulheres tenham conquistado avanços notáveis, elas ainda enfrentam grandes desafios na progressão de suas carreiras. O estudo revela que as mulheres representam apenas 29% dos cargos de alta liderança , e esse número cai drasticamente para 7% quando falamos de mulheres negras e latinas.
Além disso, o “degrau quebrado” na escada corporativa continua a ser um obstáculo significativo: para cada 100 homens promovidos ao primeiro cargo de gerência, apenas 81 mulheres alcançam essa posição.
Esses dados reforçam a necessidade urgente de as empresas implementarem políticas mais eficazes e inclusivas para garantir que as mulheres, especialmente as de grupos sub-representados, possam progredir e alcançar seu pleno potencial dentro das organizações.
Remover vieses inconscientes no processo de contratação é essencial para garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de iniciar e crescer em suas carreiras.
Isso inclui revisar critérios de seleção, oferecer treinamentos sobre preconceitos inconscientes e garantir que os painéis de entrevista sejam diversos.
Criar oportunidades estruturadas para que as mulheres desenvolvam suas habilidades e construam redes de contatos pode facilitar sua ascensão a posições de liderança.
Programas de mentoria, em especial, são ferramentas poderosas para ajudar as mulheres a navegar pelos desafios do ambiente corporativo.
Para muitas mulheres, a combinação de trabalho e responsabilidades familiares é um desafio.
Oferecer políticas de trabalho flexível e apoio a mães, como licença-maternidade remunerada e creches no local de trabalho, pode ser crucial para garantir que as mulheres não sejam forçadas a escolher entre carreira e família.
É fundamental que tanto homens quanto mulheres em cargos de liderança defendam o avanço da igualdade de gênero. Ao desafiar normas estabelecidas e promover políticas inclusivas, esses líderes podem abrir caminho para mudanças sistêmicas que beneficiarão toda a organização.
As empresas que criam mecanismos de reconhecimento e recompensas para comportamentos que promovem a diversidade e a inclusão tendem a ter maior sucesso em seus esforços. Quando os gestores são incentivados a adotar práticas inclusivas, a cultura organizacional muda de forma mais eficaz.
Para que o progresso real aconteça, é essencial que o compromisso com a equidade de gênero seja contínuo e genuíno. As mulheres são fundamentais para o sucesso de qualquer empresa, e seu potencial deve ser reconhecido e aproveitado ao máximo. Investir no avanço feminino não é apenas uma questão de equidade, mas uma estratégia de negócios inteligente e necessária para o crescimento sustentável.
O potencial feminino dentro das empresas já está presente, mas cabe às lideranças reconhecê-lo e cultivá-lo. Transformar o ambiente corporativo em um espaço onde as mulheres possam florescer é o caminho para construir um futuro mais próspero, inovador e justo para todos.
*Claudia Elisa Soares é especialista em ESG e transformação de negócios e líderes e conselheira em companhias abertas e familiares
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