Felipe Rebelatto, fundador da Novvo (Novvo/Divulgação)
Repórter Bússola
Publicado em 21 de maio de 2024 às 12h50.
Última atualização em 21 de maio de 2024 às 12h57.
“Work hard, play hard”. Quando trabalhava na Deloitte, uma das quatro maiores empresas contábeis do mundo (Big Four), Felipe Rebelatto vivia por esse mantra. As quase 16 horas diárias de trabalho do consultor empresarial eram frequentemente seguidas por um happy hour igualmente intenso.
O estilo de vida cobrava seu preço. Não eram raras as vezes em que, no dia seguinte, acordava com os incômodos típicos de uma noite de bebedeira. Até que, em uma manhã de 2014, ele despertou surpreso, se perguntando “para onde foi a minha ressaca?”
Do primeiro palpite – de que o efeito era resultado dos suplementos que tomava – até a descoberta de uma fórmula capaz de amenizar os sintomas da ressaca passaram-se cerca de sete anos anos.
Hoje, Felipe é dono da Novvo, startup de bem-estar que oferece um pré-drink com biotecnologia única, que previne em até 74% os efeitos da ressaca.
A empresa começou com um investimento pessoal de R$ 1,8 milhão, e acabou de completar dois anos registrando um valuation (valor de marcado) de mais de R$ 20 milhões – conseguido graças à patente que saiu em julho do ano passado.
O lançamento do produto aconteceu no Baile da Vogue 2022, no famoso Copacabana Palace.“Foi uma angústia tão grande, e uma felicidade ao mesmo tempo… Um medo enorme de não saber para onde aquilo iria. Foi um grande risco, mas a gente viu que acertou na estratégia de parceria com eventos”, conta aliviado.
Felipe se formou em engenharia, mas não a molecular. Então como ele conseguiu desenvolver um produto tão único? Quando começou a jornada, ele tinha apenas um desejo. Nos sete anos seguintes, precisou encontrar um caminho.
Tudo começou em 2014, com um suplemento que o então consultor empresarial tomava para ajudar na produtividade durante dias puxados.
O nootrópico foi montado com a ajuda de um amigo farmacêutico, era manipulado no exterior e importado para o Brasil.
Felipe tomava de manhã e à noite, e começou a acordar depois de noites de festa com uma ressaca muito mais branda. Ele deu para amigos e familiares experimentarem e o feedback o cativou ainda mais.
“Fiquei curioso, busquei cientistas e fui estudando sobre o assunto. Até que, oito meses depois, um dos profissionais que contratei me ligou uma hora da manhã dizendo que não conseguia dormir, que era mais sério do que eu pensava e que não tinha visto nada como o que a gente estava descobrindo”, conta.
Impressionado com a descoberta da pesquisa independente, o professor e pesquisador Dr. Luciano Pigneli, especialista em engenharia molecular da Universidade de Innsbruck, na Áustria, se juntou a Felipe na busca – e, mais tarde, virou seu sócio.
O que o empresário e seu parceiro descobriram foi uma forma eficiente de neutralizar o acetaldeído, principal composto responsável pelos sintomas da ressaca.
O Novvo, na verdade, é uma forma de prevenir, não curar. Ele vem na forma de um sachê com três pílulas que devem ser ingeridas antes da festa.
Quando em contato com o ácido gástrico, a fórmula do Novvo forma um complexo molecular, que é acompanhado de vitaminas e antioxidantes. O combinado ajuda o corpo a neutralizar o acetaldeído e a manter os níveis ideais de nutrientes.
Segundo a empresa, resultados de testes clínicos independentes apresentam 74% de melhora no bem-estar e diminuição dos sintomas da ingestão de álcool como:
Felipe e Luciano sabiam que a descoberta era fantástica, e que precisariam lutar para conseguir viabilizar a comercialização do produto. O primeiro passo tinha que ser a busca da patente, que protegeria sua solução.
“Demos entrada no registro em 2016, mas a patente só saiu em julho de 2023. Foram sete anos e oito meses. Passamos por três defesas dificílimas com o INPI (Instituto da Nacional da Propriedade Intelectual). Precisamos provar que era inovador, com atividade inventiva e inovador. Sua patente não pode nem ter sido mencionada como possibilidade, senão você perde ela ”, Felipe explica.
Enquanto a patente saía, os sócios ainda precisavam cuidar da produção e da aprovação para comercialização.
O lançamento no Baile da Vogue trouxe feedbacks positivos e, desde então, a empresa tem se consolidado, focando na estratégia de parceria com festas e na estruturação do seu branding.
Aniversários, reuniões familiares, happy hours, encontros com amigos… São muitos os rituais que marcam momentos importantes da vida. Felipe desenvolveu o Novvo a partir do desejo de aproveitá-los ao máximo.
“O Novvo te dá liberdade para lembrar das memórias boas que você viveu na noite anterior”, ele comenta.
E quando o assunto é responsabilidade, a empresa também faz seu papel. Segundo o empresário, eles foram contatados pela Ambev, que procurava entender como eles conseguiram realizar campanhas que não endossam exageros.
“Será que estou fazendo o bem para as pessoas? Isso sempre foi uma dor”, Felipe comenta, falando do seu senso de responsabilidade. Atualmente, o empresário planeja encomendar estudos que mesclem a relação da prevenção da ressaca com a prevenção ao alcoolismo.
Hoje, depois de toda a jornada, a Novvo está presente em cerca de 1800 pontos de vendas no Brasil graças a parcerias importantes como a Drogaria Pacheco, Drogasil, Drogaria São Paulo e outras.
Em 2024, a empresa pretende montar uma equipe bem estruturada para poder expandir suas operações para o mercado internacional em 2025.
Eles também acabaram de abrir a sua primeira rodada de investimentos e Felipe procura trazer pessoas que agreguem e entendam a missão.
“Sem a equipe que eu tenho hoje, e sem meu sócio, eu não teria chegado até aqui”, ele comentou, enquanto mostrava a logo da Novvo tatuada no braço. Abaixo dela, Felipe também tem tatuada uma runa viking comumente associada a uma frase que ele leva para a vida:
“Onde há um desejo, há um caminho”.
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