Apenas 26% dos brasileiros selecionam produtos e marcas usando como critério aspectos de sustentabilidade. (Moritz Frankenberg/Getty Images)
Bússola
Publicado em 24 de setembro de 2021 às 16h10.
Por André Jácomo*
Com toda certeza, você já deve ter lido ou ouvido em algum lugar informação dizendo que uma marca produz algo sem seguir a conformidade sustentável em sua linha de produção. Muito provavelmente você conheça alguém que “cancelou” alguma marca pelo mesmo motivo. Mas você já realmente pensou se esse comportamento representa de fato o consumidor brasileiro?
Uma pesquisa, realizada pelo Instituto FSB Pesquisa com amostra representativa do país mostrou que o consumidor brasileiro, embora preocupado com a preservação ambiental e questões de sustentabilidade, em sua maioria (59%) nunca deixou de comprar algum produto porque ele foi produzido por uma empresa que não segue regras ambientalmente sustentáveis.
De acordo com a pesquisa, apenas 26% dos brasileiros, que selecionaram produtos e marcas usando como critério aspectos de sustentabilidade. Pensando em termos populacionais essa porcentagem representa milhões de consumidores e isso tem um nítido efeito sobre a reputação e resultados comerciais de diversas marcas. Mas um comportamento de compra mais ambientalmente seletivo está longe de ser um padrão de consumo dos brasileiros.
Claro, que numa população tão diversa como a nossa, o padrão mais seletivo de consumo é mais acentuado em alguns perfis sociodemográficos. A pesquisa mostrou que consumidores mais jovens, com até 24 anos, são mais criteriosos que consumidores mais velhos; assim como há mais gente afirmando ter deixado de comprar produtos de marcas que não seguem regras de respeito ao meio ambiente nos perfis com maior renda e entre os moradores das capitais.
Há duas explicações para isso. A primeira é uma questão geracional. A geração Z é mais preocupada e mais atenta com questões ambientais do que os baby boomers e a geração X. Os mais jovens já foram socializados em um mundo em que as questões ambientais são mais salientes e discutidas desde os primeiros anos de escola.
Uma segunda explicação é o fator renda. Produtos ambientalmente sustentáveis, via de regra, costumam ser mais caros do que produtos convencionais. Em um contexto onde o desemprego e inflação corroem o poder de compra dos brasileiros, deixar de consumir produtos que não sejam sustentáveis muitas vezes é um luxo.
*André Jácomo é diretor do Instituto FSB Pesquisa
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube