Setor de franquias faturou R$ 211 bilhões em 2022 (Nadezhda Buravleva/Getty Images)
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Publicado em 31 de agosto de 2023 às 15h30.
Última atualização em 31 de agosto de 2023 às 15h47.
Por Danilo Santana*
No cenário empresarial de 2022, o setor de franquias no Brasil brilhou com um crescimento de 14,3%, alcançando um faturamento excedente de R$ 211 bilhões. Os resultados divulgados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), marcam o ápice de desempenho em quatro trimestres consecutivos. Nesse contexto de expansão, empreendedores se veem diante de uma escolha crucial: expandir através de filiais ou adotar o modelo de franquias? Com o mercado em efervescência, as dúvidas pairam sobre qual abordagem é mais adequada para a ampliação de seus negócios.
A complexidade da expansão empresarial muitas vezes é acompanhada de uma série de questionamentos. Manter a qualidade, padronizar processos e gerenciar equipes são apenas algumas das questões que permeiam a mente dos empreendedores. Contudo, é importante reconhecer essas inquietações como naturais em um novo desafio. O receio frente ao desconhecido é uma resposta biológica compreensível, uma vez que a tomada de decisão consome energia considerável.
A motivação para expandir uma empresa surge frequentemente após o alcance de resultados positivos que a tornam conhecida e reconhecida no mercado. O desejo de crescimento é inevitável, mas como alcançá-lo? Vamos explorar duas vias: a expansão via filiais, que exige um investimento substancial, e o modelo de franquias, que demanda uma abordagem mais voltada para a inteligência mercadológica.
Expandir por meio de filiais envolve um investimento significativo. Abilio Diniz, Luciano Hang, Luiza Trajano e outros empresários brasileiros construíram impérios com esse formato. É vital reconhecer que, para colher lucros, é preciso assumir riscos consideráveis. Esses riscos incluem aspectos como riscos trabalhistas, obtenção de mão de obra qualificada e gerenciamento de desempenho financeiro. Entretanto, ao expandir por filiais, o empreendedor mantém o controle e a autonomia sobre todas as operações.
Para cada setor, existe uma taxa de lucro recorrente. Geralmente, ela se situa entre 15% e 20% no comércio e entre 20% e 30% em serviços. Esse intervalo é considerado como a margem de lucro ideal, conforme especialistas. No entanto, é crucial considerar o investimento necessário para atingir essa margem, pois, ao final das contas, o que importa de verdade é o payback, ou seja, o retorno sobre o investimento (ROI).
Nesse contexto, compreendemos que um investimento de R$200.000,00 renderia um retorno mensal de R$6.000,00, equivalente a 3%. No entanto, podemos adotar uma abordagem mais otimista. Suponhamos um cenário ideal, similar ao descrito acima, porém com uma margem líquida de 15% (R$9.000,00) mensais. Usando esse exemplo como referência, se optássemos por expandir por meio de filiais e implantássemos 10 unidades (lojas, escritórios, etc.), seria necessário um investimento de 2 milhões de reais, resultando em uma receita líquida mensal de R$90.000,00. Nesse modelo, o empreendedor detém a propriedade de todas as operações.
Comparativamente, o modelo de franquias demanda inteligência mercadológica. Empreendedores de sucesso no franchising, como Miguel Krigsner e Flávio Augusto, construíram marcas de renome nacional e internacional. Nesse formato, o risco da operação é transferido do idealizador do negócio para o investidor da franquia. Para ingressar nesse mercado, é crucial registrar a marca no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e formatar o negócio de acordo com a Lei de Franquias (Lei nº 13.966/2019).
O investimento para entrar no mercado de franquias varia, mas se situa entre R$ 40.000 e R$ 120.000. Nesse modelo, o empresário monetiza por meio da taxa de franquia, royalties e empresas homologadas. Ao expandir por franquias, o crescimento é impulsionado pelo capital de terceiros, e o empreendedor mantém sua autonomia enquanto a rede cresce.
Em relação aos aspectos financeiros, ao considerar entrar nesse mercado, o investimento necessário varia entre R$40.000,00 e R$120.000,00, desde que o modelo-piloto seja aprovado. A flutuação no valor do investimento se dá pela ausência de uma tabela de preços sugeridos para empresas especializadas na formatação. Cada empresa define sua própria estrutura de preços.
Na condição de franqueador, o empreendedor consegue monetizar de múltiplas maneiras. No entanto, vamos explorar apenas três:
Visualizemos juntos: suponhamos que a taxa de franquia estipulada seja de R$35.000,00 e os royalties sejam fixados em 10%. Se o seu modelo de negócio gerar um faturamento de R$60.000,00, como no primeiro exemplo, uma operação de um franqueado lhe proporcionaria 5% de royalties, equivalente a R$3.000,00, além da taxa de franquia de R$35.000,00. Caso você possua 10 franquias, sua rentabilidade mensal seria de R$30.000,00, acrescida dos R$350.000,00 provenientes das taxas. Nesse cenário, não estamos contabilizando as empresas homologadas.
Em uma estrutura como essa, você teria um quadro de funcionários enxuto, considerando a média de 2 funcionários para cada 10 franquias. Além disso, a proteção jurídica é um fator, já que a lei te resguarda contra eventuais danos causados pela responsabilidade do franqueado. Vale ressaltar que o capital para a abertura das unidades é provido pelos franqueados, não pelo proprietário da marca. Em resumo, o crescimento é impulsionado por recursos externos e o detentor da marca, ou seja, você, mantém sua autonomia intacta.
O dilema de expandir por filiais ou franquias é um desafio que requer análise profunda e decisões ponderadas. Cada abordagem tem suas vantagens e riscos. Enquanto o primeiro exige um investimento substancial e maior controle, o segundo se baseia em uma estratégia mais mercadológica, permitindo um crescimento impulsionado pelo investimento de terceiros. A resposta para a pergunta crucial – qual caminho escolher – reside nas metas e valores do empreendedor. A expansão é sempre uma jornada emocionante, mas a escolha do caminho certo é fundamental para um sucesso sustentável.
*Danilo Santana é Diretor de Negócios da Enigma Franquias
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