Bússola

Um conteúdo Bússola

É hora de desplastificar o mar

Leis que restringem o uso do plástico, alternativas tecnológicas e manejo correto dos resíduos sólidos são peças-chave para a proteção do oceanos

A proibição dos plásticos, quando se disseminar, decretará o fim de uma indústria (Priscila Zambotto/Getty Images)

A proibição dos plásticos, quando se disseminar, decretará o fim de uma indústria (Priscila Zambotto/Getty Images)

AM

André Martins

Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 14h38.

Última atualização em 15 de abril de 2021 às 13h54.

Há 28 dias, bares, restaurantes, hotéis, clubes e bufês infantis da cidade de São Paulo estão proibidos por lei de fornecer a seus clientes produtos descartáveis de plástico, como copos, pratos e talheres. Nem as varetinhas usadas para segurar bexigas escaparam do veto.

A lei foi sancionada pelo prefeito Bruno Covas em janeiro de 2020 e dava um ano de prazo para os estabelecimentos se adaptarem. Entrou em vigor no último dia 1º, mas não foi regulamentada.

Diante dos pedidos de diversas associações, a prefeitura decidiu adiar este procedimento. Ou seja, a lei está valendo, e muitas empresas já se adaptaram ou estão buscando se ajustar, mas ainda não há punição para quem descumpri-la.

O argumento usado pelos querelantes é bastante razoável: por causa da pandemia, esses objetos de uso único se tornaram imprescindíveis para manter o atendimento não presencial. Afinal, o volume de entregas explodiu.

A proibição dos plásticos, quando se disseminar, decretará o fim de uma indústria. Mas outras surgem no lugar. Polpa de mandioca, algas e bagaço de cana já são utilizados para produzir copos, pratos e embalagens. Uma gigante do setor, a Braskem, produz há mais de dez anos um plástico verde feito a partir do etanol.

A despeito da maneira arcaica com que são destinados os resíduos sólidos em muitos centros urbanos, leis restritivas como essa vêm bem a calhar e provam que as práticas de ESG também têm tudo a ver com a administração pública.

A China que o diga. Uma semana após a lei paulistana, o país aprovou um plano com o objetivo de reduzir em 30% o uso de plástico descartável em todo o seu território até 2025. Vale para as sacolinhas, para tudo.

A medida poderá mudar uma triste realidade mundial. Dos dez rios que transportam 90% dos plásticos que vão parar nos oceanos, seis passam pela China.

Anualmente, são 8 milhões de toneladas de plástico que desaguam no mar, como apontou o mais recente relatório divulgado pela Oceana, a maior organização internacional dedicada à preservação dos oceanos.

O Brasil contribui com 325 mil toneladas desse total. Precisamos reduzir esse número. Para isso, a conscientização é primordial. Assim como o investimento em inovação capaz de criar alternativas sustentáveis.

E, claro, a força da lei também deve ser usada, mas com cautela diante de momentos sensíveis como o que estamos passando. Por fim, é crucial aprimorar a destinação de resíduos sólidos e a reciclagem em todo o país.

*Sócio-diretor da Loures Comunicação

Assine os Boletins da Bússola

Siga Bússola nas redes:  InstagramLinkedin  | Twitter  |   Facebook   |  Youtube 

Mais da Bússola:

Acompanhe tudo sobre:Bússola ESGMeio ambienteOceanosPlásticosPoluição

Mais de Bússola

Entidades alertam STF para risco jurídico em caso sobre Lei das S.A

Regina Monge: o que é a Economia da Atenção?

Brasil fica na 57ª posição entre 67 países analisados no Ranking Mundial de Competitividade Digital 

Gilson Faust: governança corporativa evolui no Brasil, mas precisa de mais