O empresário Pierre Schurmann, no centro, acompanhado de time da nuvini (nuvini/Divulgação)
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Publicado em 22 de novembro de 2023 às 08h00.
Por Luis Claudio Allan*
Se poucos brasileiros tiveram o privilégio de tocar o famoso sino da Nasdaq, não surpreende que o empresário e investidor Pierre Schurmann seja um deles. O fundador e CEO da nuvini, holding que foi parar no pregão de Nova York por meio da fusão com uma SPAC, é uma daquelas raras pessoas que possuem muitas boas histórias atreladas ao seu nome e abrir o IPO da empresa que criou há apenas quatro anos na bolsa de valores mais famosa do mundo é só a mais recente.
O primogênito da família Schurmann, famosa por suas aventuras em alto mar, decidiu já nos últimos anos de sua adolescência que queria traçar o próprio destino em terra firme. Hoje, aos 55 anos, Pierre é um dos empreendedores mais criativos e bem sucedidos do país.
Em entrevista ao programa Behind The Bell, da própria Nasdaq, ele disse que a missão da nuvini é capacitar empreendedores, seus times e empresas para que promovam a transformação digital dos pequenos e médios negócios na América Latina.
O foco de atuação da holding, criada em 2019, é adquirir empresas de software nos mercados de SaaS (software as a service) e desenvolvê-las, além de operá-las. Atualmente, o grupo nuvini já inclui um portfólio de sete empresas: Leadlovers, Ipê Digital, Effecti, Datahub, Onclick, Mercos e SmartNX. Operar na bolsa norte-americana e não na brasileira, por exemplo, foi uma escolha estratégica; afinal, o objetivo é olhar para o mercado de todo o continente.
Essa é a sétima empreitada de um empreendedor serial que foi um dos responsáveis pelo desbravamento da internet no Brasil no final da década de 1990. Se você acompanhou essa fase, certamente se lembra do Zeek!, um dos maiores sites de buscas do país, negócio que Pierre acabou vendendo para a StarMedia em uma época que o Google como conhecemos hoje nem pensava em existir. Foi nesta ocasião que o conheci, quando tocava a comunicação da StarMedia e divulgamos a aquisição na mídia.
Um nerd que conhecia programação e foi parar no mercado financeiro? Bem, muito mais do que isso. Nascido em uma família pouco convencional, passou dos 15 aos 19 anos embarcado e velejando ao redor do mundo. Autodidata, concluiu o Ensino Médio por correspondência e aprendeu a falar francês fluentemente através das viagens.
Em alto mar e em uma embarcação com todos os membros da família, Pierre precisou desenvolver desde cedo uma disciplina pouco habitual para os adolescentes de sua idade. Foi nos pequenos espaços dos veleiros e na arte de navegar que realmente aprendeu a se adaptar às mudanças constantes e a ter a paciência de um monge Zen; não dava para sair dar uma volta se, assim como acontece com todo jovem, estivesse de “saco cheio” da convivência familiar.
Ao crescer em uma época sem internet, tornou-se exímio escritor de cartas. Durante a universidade, na Flórida, chegava a levar quatro meses para receber uma resposta dos pais, que poderiam estar na Polinésia Francesa enquanto ele trabalhava presencialmente pelo próprio diploma na área de Negócios e Finanças.
Essa formação contínua e pouco usual, repleta de culturas, religiões, línguas e pessoas distintas, é algo que define até hoje sua atuação como CEO. Muitos anos antes da palavra Diversidade virar jargão do mundo corporativo, Pierre já carregava uma formação única: inclusiva e receptiva diante de opiniões divergentes.
Quando ele está em uma mesa de negociação, todo esse background vem à tona, pois ao interagir com pessoas é fundamental entender de onde elas vêm e identificar seus interesses e paixões. Com um currículo desses, o empresário até poderia decidir ser arrogante se assim quisesse, mas é justamente através da humildade que Pierre Schurmann se destaca.
Quem o vê andando pacato pela cidade de Lauro de Freitas, na Bahia, onde vive há quase vinte anos, talvez não o enquadre no estereótipo de alguém que discute operações milionárias em seu dia a dia. Pierre é investidor de faro apurado: a fama da própria família, que estampava capas de revista e programas de televisão, teve dedo seu.
Após desbravar o mercado da internet, passou sete anos empreendendo no mercado de marketing de experiências. Em 2011, se tornou investidor-anjo e criou a renomada Bossa Nova Investimentos, que liderou até 2019, quando decidiu criar a nuvini.
O futuro? Para Pierre, tem o tamanho do mundo que ele conhece tão bem. Com os valores que capta junto à nuvini, seguirá comprando e desenvolvendo empreendimentos de tecnologia pela América Latina. E depois disso? A depender de seus sucessos, ainda há muito oceano azul para ser percorrido.
*Luis Claudio Allan é CEO da FirstCom Comunicação e da People2Biz
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