Helen Andrade durante ação de Dia da Mulher sobre equidade de gênero (Bússola/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2021 às 10h30.
Última atualização em 17 de maio de 2021 às 10h03.
Há menos de um ano, em agosto de 2020, a Nestlé anunciou Helen Andrade como gerente executiva de Diversidade & Inclusão da companhia no Brasil com a missão de formar equipes diversas, com trajetórias e visões próprias de mundo, além de liderar um centro de competência em gestão de pessoas dedicado exclusivamente a alavancar a diversidade de pensamento e impulsionar a criatividade e a inovação.
Nos últimos meses, houve novidades como a consolidação de grupos de afinidades com a participação de diversos colaboradores, estimulando o engajamento, e a definição de estratégias e programas para diferentes públicos. Ela concedeu uma entrevista à Bússola em que fala de seu trabalho e dos desafios de assumir um novo cargo em plena pandemia.
Bússola: Como foi assumir um cargo no meio da pandemia? Que desafios tem enfrentado nesse trajeto?
Helen Andrade: Vivemos um momento muito difícil no mundo. Não é simples assumir uma posição como essa com uma enorme responsabilidade em um cenário mundial tão desafiador, mas é um desafio que vale a pena.
Esse passo da Nestlé, que já atua na frente há bastante tempo, mostra o quanto a empresa está comprometida com os pilares da Diversidade e Inclusão. Apesar de todos os desafios, é muito importante ver o caminho que estamos trilhando, com um centro de competência em gestão de pessoas dedicado à D&I.
Nosso objetivo é fazer com que as ações reverberem também para fora da companhia. É importante destacar que, para tudo isso acontecer, contamos com todo o suporte do Marcelo Melchior, CEO da companhia e apoiador da nossa caminhada. Quando um presidente acredita e defende a importância de times diversos e que uma cultura inclusiva é essencial, tudo fica muito mais fluido, apesar dos desafios.
Bússola: O que você considera diversidade dentro do mundo corporativo e qual a importância dela no ambiente?
HA: O conceito de diversidade é amplo, mas buscamos sempre por histórias de vida diferentes, em todas as esferas. Buscamos por relações que tenham acima de tudo respeito, esse é o princípio básico.
Dentro da Nestlé, temos algumas frentes que são fundamentais e para as quais inclusive já temos programas e projetos dedicados, como a questão racial, geracional, de equidade de gênero, pessoas com deficiência e LGBTQIA+.
Sabemos o quão importante é trabalhar a conscientização, mas acredito que a transformação só chega por meio de ações.
Bússola: Que tipos de programas você destacaria?
HA: Temos programas para todas as frentes. Falando em questões raciais, recentemente fizemos um programa de mentoria para os profissionais negros, que representam 43% dos nossos colaboradores. Durante seis meses, eles são acompanhados por outros executivos da companhia.
Quando pensamos em equidade de gênero, temos uma iniciativa que surgiu em 2015, com a primeira fábrica gender balance do Brasil, em Montes Claros (MG). Com o objetivo de ser uma fábrica com equidade de gênero, hoje temos 44% de mulheres no quadro de colaboradores naquela unidade.
Além disso, temos programas de mentoria para contratação de mulheres e contratação de mulheres em posições de liderança. Nos preocupamos também com a questão geracional, oferecendo programas para inclusão de jovens e pessoas acima dos 50 anos.
Ao longo desses primeiros meses aqui na Nestlé, reformulamos os critérios de recrutamento e seleção. Como um dos primeiros resultados, podemos ver a turma de trainee de 2021, por exemplo, que conta com 75% de negros e mais de 60% de mulheres. Nós queremos a diversidade não pela diversidade em si, mas por tudo o que as diferentes visões e vivências de mundo podem contribuir para a organização e para a sociedade. Ter times diversos significa ter times mais fortes e com um alcance muito maior.
Bússola: Mas diversidade não está só em contratar. Como você trata com os colaboradores?
HA: O reflexo da sociedade está dentro da companhia. As mesmas pessoas que estão fora, também estão dentro. Por isso, temos esforços de conscientização para toda a equipe, ações de conscientização com colaboradores e especialistas, treinamentos, programa de desenvolvimento, posicionamento através de nossas marcas e outras iniciativas que contribuem para uma cultura inclusiva.
Em 2020, organizamos uma série chamada “live de respeito” para debater assuntos ligados a Diversidade e Inclusão, com especialistas do mercado e nossos colaboradores.
E, acredito, que quanto mais elevamos o nível de consciência sobre o tema, mais as pessoas mudam o comportamento e a forma de se expressar. Há duas semanas, inclusive, distribuímos um Guia de D&I, com explicações e linguagens para ajudar nessa caminhada. Vejo as empresas com um papel fundamental na sociedade, que é o de ajudar a ampliar a consciência.
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