Com audiência baixa nos noticiários, CPI pode enveredar por caminhos que chamem a atenção. (Marcos Oliveira/Agência Senado)
Bússola
Publicado em 21 de junho de 2021 às 21h04.
Por Márcio de Freitas*
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia continua ouvindo pessoas esta semana para tentar comprovar a existência de um gabinete paralelo. O assessor do Palácio do Planalto Filipe Martins e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) serão os alvos dos senadores nessa tentativa de reforçar a presença de um aconselhamento alternativo junto ao presidente Jair Bolsonaro.
Vídeos, depoimentos anteriores e documentos colhidos reforçam essa tese. A suposição pode contribuir para indicar erros eventuais de grupos que não tinham conhecimento técnico ou científico para orientarem o governo, nem o presidente. A questão é se há algum tipo de crime nisso, o que é uma polêmica de razoável tamanho. Mas isso é diferente de atos ou omissões de governo diante de catástrofes ou calamidades públicas. Provar a intencionalidade diante desse tipo de aconselhamento é um trabalho que tem que eliminar qualquer elemento de subjetividade para ficar de pé.
Outra linha, e traçada com maior cautela porque necessita cruzar dados, é levantar sigilos e comprovar algum tipo de vantagem obtida de forma indevida por alguém na relação com o governo. É por isso que foi convocado o empresário Francisco Emerson Maximiano, da Precisa Medicamentos. Os senadores querem mostrar que a relação entre Maximiano e Bolsonaro pode não estar dentro da ordem legal. É operação complexa e delicada.
Com audiência em baixa no noticiário, a CPI pode enveredar por caminhos novos e acabar trabalhando, de fato, temas que chamem a atenção da mídia e do público. Nesse momento, ou ela vai em frente… ou estaciona na pizzaria.
*Márcio de Freitas é analista político da FSB Comunicação
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