Na quarta-feira, dia 6 de dezembro, o IBP marcou presença no evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). (AaronAmat/Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 7 de dezembro de 2023 às 12h09.
Por Clarissa Lins e Roberto Ardenghy*
A COP28 segue com discussões intensas sobre as medidas necessárias para combater as mudanças climáticas e seus impactos. Na terça-feira, dia 5 de dezembro, o foco dos debates foi a descarbonização da indústria, com destaque para as chamadas indústrias hard-to-abate (aço, cimento, entre outras), que sabem que têm de investir em tecnologias de baixo carbono, embora ainda não sejam escaláveis nem facilmente financiáveis.
Mais uma vez a tônica das conversas girou em torno de novos mecanismos financeiros e arranjos de negócios necessários, com atenção para cadeias de suprimento, investimento em P&D e capacitação. Sem esquecer, é claro, de que há um papel a ser desempenhado pelos governos, seja em estabelecer padrões e regulação clara, seja em conceder incentivos ou sinalizar compras públicas.
Em um painel com várias agências da ONU (UNEP, GEF, UNICEF, FAP) ficou claro, por exemplo, que o Global Stocktake tem que incorporar todas as dimensões da Mudança do Clima - ambientais, na cadeia agrícola alimentar, nos aspectos de direitos humanos, nos direitos dos mais impactados pelos eventos climáticos, incluindo crianças. Ou seja: cada vez mais a questão do clima é tratada como um tema transversal e com ramificações em todos os processos decisórios.
Ainda no terceiro dia, um evento do Departamento de Energia dos EUA deixou claro o papel da inovação para testar e escalar novas tecnologias para transição energética. As ferramentas vão de incentivos tributários a empréstimos e doações por parte do setor público. Cabe ressaltar, também, o papel do setor privado em fomentar coalizões que tenham como objetivo criar um pool de demanda por novas tecnologias, ajudando a dar escala.
Na quarta-feira, dia 6 de dezembro, durante a COP28, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás marcou presença no evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Diálogo Empresarial para uma Economia de Baixo Carbono, que tratou dos caminhos tecnológicos, econômicos e financeiros para se atingir esse objetivo.
O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, participou de um debate sobre transporte sustentável e os desafios de descarbonização no setor de aviação, onde foi abordada a importância e potencial que o Brasil tem no desenvolvimento de combustíveis de baixo carbono, como o SAF, destinado para a aviação, e o HVO, conhecido como Diesel Verde. A relevância de uma nova regulamentação como forma de alavancar o desenvolvimento deste mercado foi uma das mensagens debatidas no painel. O Brasil tem condições de oferecer soluções de baixo carbono para que possamos realizar uma transição justa e segura.
O país tem, de saída, um diferencial e um grande potencial para se destacar nesses produtos, desenvolvidos com a mais alta tecnologia. Mas ressaltamos que falta uma atualização regulatória do setor para permitir o desenvolvimento do mercado do HVO. O diesel verde é produzido em refinarias do setor de petróleo a partir de um processo que usa, em conjunto, de óleos vegetais ou resíduos agroindústrias para a produção de diesel, chegando a um produto com maior teor de matéria prima renovável e mais descarbonizado. É importante abrir caminho na regulamentação para essas novas tecnologias e permitir a inclusão, por exemplo, do HVO no programa Renovabio. Esse combustível avançado é indispensável na substituição do diesel fóssil e, por consequência, no processo de uma transição energética segura e justa, sustentada em razões de mercado.
*Clarissa Lins é sócia fundadora da Catavento Consultoria e chair do Comitê de Transição Energética do IBP.
*Roberto Ardenghy é presidente do IBP.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube
Veja também
Intensa, agenda ESG da Oi foi homenageada pelo Instituto Ethos
Diretor da KPMG diz que financiamentos devem ser mais confiáveis para avançar preservação ambiental